
Uma mulher é estuprada em um bar e os frequentadores nada fazem ou incentivam os três estupradores. Os promotores propõem um acordo com os agressores. Inconformada, a vítima luta para que eles e as pessoas presentes sejam punidos. Esse é o contexto do filme Acusados, baseado em uma história real e exibido pelo Cineclube TJ no Dia Internacional da Mulher. A sessão foi comentada pela desembargadora Shirley Fenzi Bertão.

“O fato de Sarah ser uma mulher mal vista pela sociedade torna o filme e a discussão ainda mais interessantes. Ela bebe, fuma, usa drogas e roupas provocantes, mas não é porque ela se insinuou que pode ser violentada. A maneira como o filme apresenta a questão é extremamente sensível, desde o primeiro momento – ela correndo pela rua após o estupro. Uma outra cena marcante é quando Sarah é submetida ao exame de corpo de delito”, disse a magistrada.
Na perspectiva do Judiciário, a desembargadora lembrou que a Promotoria de Justiça – o equivalente ao Ministério Público nos Estados Unidos – faz um acordo com os agressores, o que desagrada profundamente Sarah. “A figura da promotora Kathryn Murphy também é extremamente importante. Única promotora mulher do escritório, ela parece estar incrédula e até mesmo contra a jovem. Mas, aos poucos, vai percebendo a gravidade da situação e a tentativa de culpar a vítima pelo ponto de vista masculino. Após refletir sobre o caso, a promotora percebe que cometeu um erro e tenta uma nova forma de obter justiça para a vítima”, analisa a desembargadora.
Shirley Bertão lembra que no Brasil não é diferente. Em casos de estupro há a culpabilização da vítima, e pesquisas mostram que a “cultura do estupro” ainda está enraizada em nossa sociedade. Ela disse que estupro é um dos crimes mais subnofiticados, e a dificuldade em conseguir provas é um agravante, porque a perícia policial costuma ser mais rigorosa nos casos de crime contra o patrimônio do que nos de violência contra a mulher.
“É preciso que as provas sejam colhidas e a investigação seja conduzida de outra forma. Filmes como Acusados contribuem para a reflexão e são também uma forma de denúncia”, conclui a magistrada.

O Cineclube TJ é realizado uma vez por mês, no auditório da Corregedoria do TJMG, com entrada franca. A edição de 8 de março foi uma ação da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) do TJMG. Conheça as ações da Comsiv.
Assessoria de Comunicação Institucional - Ascom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJMG
(31) 3306-3920
imprensa@tjmg.jus.br
facebook.com/TJMGoficial/
twitter.com/tjmgoficial
flickr.com/tjmg_oficial