A IV edição da Caminhada Negra foi realizada no sábado (30/11) em onze capitais brasileiras, entre elas Belo Horizonte, para marcar o Dia da Consciência Negra e o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares, celebrando o valor histórico da cultura e do legado do povo negro, além de reconhecer as contribuições para a formação da sociedade brasileira.
O evento foi promovido pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e, em Belo Horizonte, contou com a presença da superintendente do Núcleo de Voluntariado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargadora Maria Luíza de Marilac; da ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edilene Lobo, primeira magistrada negra da história da Corte Superior Eleitoral; da coordenadora dos Magistrados Negros da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), desembargadora Sandra Fonseca; além de magistradas e magistrados federais e do TJMG, servidores e servidoras, colaboradores e colaboradoras do Judiciário.
Em cada capital foi elaborado um roteiro turístico, histórico e cultural que permitiu conhecer narrativas de grandes protagonistas negros, nas diversas regiões do Brasil, destacando as suas contribuições culturais, sociais e políticas. A iniciativa proporcionou uma imersão na realidade racial e histórico-social brasileira, alinhando-se à política institucional antidiscriminatória do Poder Judiciário.
Praça da Liberdade
Em Belo Horizonte, a caminhada foi realizada, pela manhã, partindo do Coreto da Praça da Liberdade até o Mercado Novo, no centro da capital, onde os participantes fizeram uma confraternização, experimentando um pouco da culinária mineira. No trajeto, o grupo passou pela rua da Bahia, pela Basílica de Lourdes e pela Academia Mineira de Letras, onde ocorreu uma reverência à escritora negra, Conceição Evaristo, integrante da Academia.
Outra parada, na Praça Afonso Arinos, lembrou a primeira Lei Antirracista do Brasil, publicada em 1951, de autoria do deputado federal mineiro que empresta o nome ao local. Da Praça, o grupo seguiu até o Parque Municipal e, em seguida, rumou para o Mercado Novo.
Desconstrução do racismo
A superintendente do Núcleo de Voluntariado do TJMG, desembargadora Maria Luíza de Marilac, ressaltou a importância não apenas de mais uma edição da Caminhada Negra, mas da consciência que a população deve ter em relação ao racismo no país. “Temos que caminhar para desconstruir essa cultura racista que faz parte no nosso dia a dia. Preconceito herdado de nossos antepassados. Temos que celebrar muito a importância da cultura afro-brasileira”, afirmou.
Mineira de Taiobeiras, a ministra Edilene Lobo também destacou a importância da consciência negra no Brasil como forma de luta contra o racismo estrutural, impregnado na sociedade.
“A caminhada foi uma forma de mostrar como as pessoas negras ajudam na construção da nossa cidade, do nosso estado. Queremos dar visibilidade a elas porque, além de invisível, grande parte dos negros deve ter possibilidades de usufruir de coisas boas”, afirmou.
A desembargadora Sandra Fonseca falou sobre como surgiu o movimento em favor da consciência negra. “A iniciativa começou em Brasília e, no Poder Judiciário, já atingiu as esferas estadual, federal, trabalhista e todas as outras”, salientou.
A juíza auxiliar da Presidência do TJMG, Mariana Andrade, ressaltou que, para ela, a caminhada representou uma grande aula de história que não teve enquanto estudante. “Estou muito arrependida por não ter trazido as minhas filhas, porque estamos tomando um banho de cultura. Às vezes a gente se vangloria até por sermos privilegiados, com acesso à cultura, acesso a livros, acesso a uma suposta educação mais crítica. Mas quando participamos de um evento como este, percebemos que ainda temos muito a aprender”, frisou.
Dia Mundial dos Pobres
Em celebração ao Dia Mundial dos Pobres, comemorado oficialmente em 17 de novembro por iniciativa da Igreja Católica, foi promovida, também no sábado (30/11), uma ação coordenada pela Paróquia Nossa Senhora da Consolação e Correia, em parceria com o Colégio Santo Agostinho, que sediou o evento, e outras instituições, como o TJMG.
Durante mais de cinco horas, foram reunidas pessoas em situação de vulnerabilidade social, que receberam café da manhã e almoço, além de roupas doadas por voluntários. Elas tiveram acesso a serviços gratuitos como corte de cabelos, banho e atendimento judicial por parte do Tribunal de Justiça e da Defensoria Pública de Minas Gerais.
As pessoas consultaram processos, tirararam dúvidas jurídicas com representantes do Núcleo de Voluntariado, Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) e Comitê Pop Rua/Jus do TJMG.
Data
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em 2016, ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, e ocorre anualmente no 33º Domingo do Tempo Comum. No Brasil, a Igreja adotou ainda a Jornada Mundial dos Pobres, que se estende por uma semana e permite que as comunidades e paróquias se envolvam em atividades com as pessoas em situação de pobreza.
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