O Núcleo de Robótica e Automação de Soluções de TIC (Nubot), vinculado à Diretoria Executiva de Informática (Dirfor) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desenvolveu um sistema para recuperação do conteúdo de sessões de julgamento, audiências e reuniões baseado em Inteligência Artificial (IA) generativa. Denominada Degravação Automatizada de Reuniões e Audiências (Dora), a ferramenta vai agilizar a análise e a consulta ao material, permitindo sua transcrição para texto. A previsão é que seja disponibilizada no dia 26/6 para a 1ª e a 2ª Instâncias.
A iniciativa está concorrendo ao Prêmio Innovare do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), assim como o projeto Centro de Ensino em Automação de Processo e Criação Inteligente de Autônomos (Cecilia), também liderado pela equipe da Dirfor. A visita do consultor do prêmio do CNJ, Matheus Tavares Perdigão Mendes, ocorreu nesta terça-feira (18/6).
O presidente do TJMG, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho, afirmou que a Dora representa uma inovação significativa no Poder Judiciário mineiro, trazendo ganho de tempo às rotinas e evitando retrabalho. "Esse recurso informatizado, mais um dentre os vários que a Justiça estadual mineira vem desenvolvendo, com seus próprios quadros e expertise, leva em conta a realidade de nossas unidades judiciárias, e vai auxiliar enormemente magistradas, magistrados, servidoras e servidores em seu trabalho”, disse.
O sistema decodifica o áudio e o transforma em palavras escritas, permitindo a geração de documentos em formatos compatíveis com o sistema de processo eletrônico PJe, corrigindo eventuais erros ortográficos e identificando o falante conforme o timbre da voz. A ferramenta conta, ainda, com um assistente virtual para interação com o texto, na forma de resumos do conteúdo da sessão e da busca por palavras-chaves. “O benefício não se limita aos processos judiciais. A confecção de atas, tão habituais no nosso cotidiano, se torna ainda mais eficiente”, disse o presidente José Arthur Filho.
De acordo com o superintendente de Tecnologia e Informação do TJMG, desembargador André Leite Praça, Dora foi uma solicitação do próprio presidente José Arthur Filho, que se tornou um grande apoiador do projeto. "Essa tecnologia nos ajuda nas demandas criminais, que têm como importante fundamento as provas orais, ou seja, depoimentos de testemunhas, peritos, informantes e réus. Além disso, o resgate de informações fica muito facilitado, seja durante as atividades, seja em momentos posteriores”, afirmou.
Para o juiz auxiliar da Presidência do TJMG e coordenador da Dirfor, Rodrigo Martins Faria, o desenvolvimento da ferramenta é um diferencial, pois a tecnologia da Dora supera instrumentos similares disponíveis na adequação às necessidades do Tribunal, na qualidade da resposta e na especificidade de seu funcionamento. "A ferramenta utiliza recursos de ponta como processadores de alta performance (GPU) do Microsoft Azure (computação na nuvem). A expectativa é que a solução, inédita e de alta acurácia, possa ser compartilhada com outros tribunais do Brasil”, disse.
Segundo o magistrado, os produtos oferecidos no mercado não atendiam às necessidades dos usuários do TJMG devido às funcionalidades e à necessidade de melhorias no sistema, além das integrações com outras ferramentas. “Nossos técnicos estudaram em detalhe soluções nacionais e internacionais fornecidas por várias empresas e adotadas por outras cortes de Justiça. Concluímos que seria mais viável construir a Dora internamente. Ao fazer isso, nos tornamos mais uma vez pioneiros no País e produzimos uma ferramenta intuitiva e econômica”, afirmou o juiz Rodrigo Martins Faria.
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