
Quando se fala em trabalho voluntário, pode-se ser levado a pensar em manifestações espontâneas de solidariedade e altruísmo. Essa noção, porém, não é a verdadeira dimensão do voluntariado, que, mais que o assistencialismo, busca despertar as consciências para a necessidade de sair da zona de conforto, de se sentir corresponsáveis pelos outros e de ofertar a quem precisa alternativas que o valorizem em sua dignidade e promovam seu reerguimento com autonomia e dentro de suas condições particulares de vida e existência.
Esta é a avaliação da desembargadora Maria Luíza de Marilac Alvarenga Araújo, à frente do Núcleo de Voluntariado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (NV-TJMG) desde dezembro de 2016. Às vésperas do Dia Nacional do Voluntariado (28/8), proposto a todos os brasileiros como um convite a entrar nesse movimento, a superintendente do NV-TJMG faz um balanço das motivações do grupo, dos aprendizados, dos resultados alcançados e das dificuldades a serem superadas.
A magistrada avalia que celebrar o voluntariado permite incentivar práticas de solidariedade e dar reconhecimento a uma atividade, que, sendo tão nobre, tem o poder de transformar vidas. “Nessa data enaltecemos ações que envolvem união, cuidado e respeito, sentimentos que são despertados através do trabalho voluntário. Ela também evidencia o poder que o voluntariado tem de multiplicar o bem, o amor ao próximo e a empatia”, argumenta.
A superintendente do NV-TJMG afirma que o voluntariado pretende ajudar a “transformar intenções em gestos concretos que podem gerar impacto positivo para a comunidade”. Segundo a desembargadora, ao fazer isso, o voluntário olha para a pessoa de forma a retirá-la da invisibilidade e resgatar sua cidadania. “Eles sentem-se vistos, reconhecidos e, por que não dizer, amados. Porém a generosidade não é dom inato, é algo aprendido e exercitado constantemente. Tampouco se deve pensar apenas na dimensão individual, esse movimento deve contagiar a cada um”, ressalta.
Sensibilidade para o outro
Segundo a superintendente do NV-TJMG, em uma sociedade democrática existem organismos e entidades com funções diversas, mas as necessidades e carências por vezes são muito urgentes e as soluções institucionais podem esbarrar em aspectos burocráticos se não houver um esforço ativo para vencer as barreiras que ampliam a exclusão. Se saímos da indiferença, nos tornamos mais capazes de agir.
“Todos nós podemos precisar de ajuda em algum momento de nossas vidas. Cada um tem suas necessidades, que podem ser se alimentar, abrigar-se, aquecer-se, receber um tratamento médico, uma orientação, um olhar ou uma palavra de compreensão. Precisamos uns dos outros para viver e, por isso, o voluntariado pode ser considerado uma causa comum da humanidade, pois serve como uma grande demonstração de como é fundamental a união para que a vida seja mais leve”, diz.

Para a desembargadora Maria Luíza de Marilac, o ponto mais importante para se engajar no trabalho voluntário é entender que cada um faz o que pode, dentro de suas possibilidades, e ninguém deve ter medo de estar aquém da tarefa. “Às vezes, é suficiente ouvir, dar ou arrancar um sorriso, oferecer um abraço. Para ser voluntário, basta querer doar um pouco do próprio tempo. As outras qualidades são adquiridas no caminho”, propõe.
Considerando o contexto do TJMG, a magistrada se declara reconhecida pelo crescimento expressivo do Núcleo de Voluntariado. Ela sustenta que incorporar a cultura do voluntariado beneficia a toda a sociedade e aumenta a confiança, a fraternidade, o sentimento de pertencimento e reciprocidade entre magistrados, servidores e jurisdicionados. Além disso, cada esforço nesse sentido humaniza e aprimora os serviços do Judiciário, alcançando um impacto pessoal e coletivo.
Metas
A desembargadora Maria Luíza de Marilac não esconde o desejo, para esse novo biênio, de que o NV-TJMG alcance cada vez mais gente. “Nossa meta maior é disseminar a cultura do voluntariado no âmbito do TJMG, inclusive nas comarcas do interior. Não podemos naturalizar a desigualdade social nem nos acostumar com situações de injustiça diante do cenário de extrema miserabilidade de parcela do nosso povo, de políticas públicas insuficientes e de grave sofrimento ao nosso redor. Queremos plantar e incentivar atitudes de solidariedade, de modo que o público interno da instituição possa efetivamente contribuir com a população vulnerável”, afirma.

Uma proposta para o período é ampliar os programas “Caminhos” e “Cidadania em Rede”. “O primeiro visa a promover o acesso ao trabalho, à cultura e à arte, principalmente para egressos do sistema prisional, pessoas em conflito com lei e submetidas à audiência de custódia e pessoas em situação de rua. O segundo foca a segurança alimentar, e tem tido grande êxito em seu primeiro projeto, de cultivar hortas comunitárias na comunidade Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte”.
Outro projeto relevante e que reúne diversos órgãos parceiros é o do Centro de Atendimento e Facilitação Documental, destinado à população em situação de rua. “Essa proposta foi pensada em atenção à Resolução 425/2021 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que institui a Política Nacional Judicial de Atenção as Pessoas em Situação de Rua e suas Interseccionalidades. Essa norma, aliás, oferece um amplo leque de possibilidades para as cortes de justiça se engajarem na causa”, afirma.
Resultados
A arrecadação, a distribuição e a destinação de cestas básicas, livros, itens de higiene pessoal, kits de beleza feminina, roupas e cobertores, máscaras faciais e até presentes natalinos para dar esperança e devolver a autoestima a homens, mulheres, crianças e adolescentes que não têm casa ou a famílias que vivem em condições precárias são resultados positivos, que a superintendente do Núcleo atribui ao trabalho em equipe e à cooperação de organizações, importantes pilares para a continuidade do trabalho voluntário.

Mas a desembargadora Maria Luíza de Marilac ressalta outros aspectos. “A importância do trabalho voluntário não se limita a impactos gerados com projetos e causas sociais, ela abrange mudanças na própria pessoa que o pratica. O gesto generoso se volta para nós mesmos, deixando-nos mais contentes e satisfeitos com nossa vida, modificando nosso ser a partir do interior. Com isso, saímos do simples sentimento de compaixão e passamos a atitudes e atos concretos”, diz.
Fazendo uma retrospectiva, a superintendente considera especiais todas as ações de que participou representando o Núcleo de Voluntariado, mas diz que ficou na memória, de modo marcante, a visita a três casas especializadas da capital: os Lares Recanto Feliz, Frei Zacarias e Recanto da Saudade. Na ocasião, as voluntárias Marly Aparecida Alves de Rezende e Teresinha Gonçalves contaram histórias, e os motoristas do TJMG, Celso Alves e Edinário Silva, tocaram e cantaram para as idosas.
“Foi comovente e estimulante poder levar àquele grupo alegria, afeto e cuidado. Entregamos a eles livros, fraldas geriátricas e produtos de beleza. Também passamos tempo juntos, compartilhando vivências, músicas e risadas. Foi um momento de muita emoção, do qual me recordo com felicidade, e que me impulsiona a continuar e a evoluir no voluntariado. Em nome do Núcleo de Voluntariado do Tribunal de Justiça, agradeço a todos os que já se envolveram em ações voluntárias, e convido os demais a ingressarem nessa experiência transformadora. O voluntariado precisa de todos. Mostrem que a comunidade jurídica também sabe ser solidária. Na proximidade do Dia Nacional do Voluntariado, estendo as minhas homenagens a cada um dos voluntários do nosso Estado, que não medem esforços, individualmente ou através de organizações, ofertando ajuda humanitária, doando seu tempo, compartilhando habilidades e conhecimentos. Muito obrigada!”, conclui.
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