Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

TJMG e Assprom oferecem oportunidades a jovens trabalhadores

Programa capacita profissionalmente, emprega e movimenta a economia estadual


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A Associação Profissionalizante do Menor de Belo Horizonte (Assprom) é responsável por promover a inclusão social e possibilitar o primeiro emprego a cerca de 3 mil adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, em Minas Gerais. A instituição, criada há 42 anos, conta com parcerias de entidades públicas e privadas, entre elas, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

 

A finalidade da instituição é orientar e capacitar jovens para o mercado de trabalho. Por isso, eles participam de treinamentos e cursos e depois são indicados para uma vaga nas empresas parceiras, espalhadas em mais de cem comarcas mineiras. “As diversas atividades desenvolvidas na instituição valorizam a pluralidade e a singularidade do assistido, criando oportunidades de acesso aos seus direitos”, afirma Rosânia Teles, superintendente de educação para o trabalho da Assprom.

 

De volta para casa

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O bom filho a casa torna. Talvez seja essa a expressão que melhor defina a relação de José Eustáquio de Brito com a Assprom. Em 1978, ele era um trabalhador mirim., Hoje, é o vice-presidente da instituição. O termo “trabalhador mirim” é um tanto curioso, pois remete à história da Assprom, que substituiu a extinta “guarda mirim”.

 

Aos 15 anos, José Eustáquio, hoje também vice-reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), começou a trabalhar na Secretaria de Estado da Educação. Lá, atuou na antiga Diretoria de Assistência ao Educando, bem como nas diretorias de Educação Especial e de Ensino de 2º grau.

 

Pinçando sua trajetória profissional na memória, ele constata que o desejo de ser professor foi concebido ali, no seu primeiro emprego, no setor de educação. “Recordo, por exemplo, dos intervalos de almoço em que percorria estantes da biblioteca pública, na Praça da Liberdade, em busca de referências que me eram sugeridas pelos professores com os quais trabalhei na secretaria”. Junto à lembrança, o sentimento de gratidão à Assprom e a todas as pessoas com as quais trabalhou.

 

Cabe citar, diante da extensa lista de cursos, a graduação em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a especialização em Administração, também pela UFMG, além de mestrado e doutorado em Educação pela UFMG, com direito a estágio no Institut d'Ergologie da Universidade de Provence, na cidade de Aix-en-Provence, França.

 

Na ponta do pé

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Assistente administrativa do Setor de Apoio Administrativo (Serad), Ana Flávia da Silva já dedicou cerca de um terço da sua vida ao Tribunal. Ela começou como Jovem Assprom, em 2010, nos setores de Assessoria de Imprensa e Equipe de TV que, então na unidade Raja Gabaglia, dividiam a mesma sala. “Aprendi muito, mas principalmente sobre responsabilidade, confiança e dedicação”, afirma a primogênita de sete filhos.

 

Ela nasceu em Maravilhas, a aproximadamente 140 km da capital, e por lá ficou até seus oito anos, quando foi morar, com sua madrinha, num convento em Serra Grande, na Bahia. “As irmãs me ensinaram canto, bordados, informática básica, música com ênfase no teclado e dança”, relembra. Aos 14 anos, Ana Flávia voltou para casa.

 

Um passeio em Belo Horizonte resultou na inscrição para participar da Assprom, iniciativa de uma tia. “Na época, não pensei que fosse surgir a oportunidade de morar, estudar e trabalhar em BH. Alguns meses depois da inscrição, tudo aconteceu muito rápido, foi a Assprom, o Tribunal, os cursos, a escola... foi tudo muito novo. Tive medo, pois cidade grande assusta, estava recebendo muita informação e aprendendo muito, então corri atrás e consegui me adaptar”, conta.

 

A rotina era pesada. Ana Flávia tinha carga horária de 8h no trabalho, frequentava as aulas de balé e, depois de tudo, tinha de ir à escola. “Não podia deixar nenhuma tarefa a desejar, então dei o meu melhor. Depois que aprendi a conciliar, fui colhendo os frutos do trabalho e da dança”. Realmente: no próximo semestre, ela começará o curso de dança pela UFMG.

 

A energia dedicada à prestação jurisdicional teve retorno. “Adquiri confiança em mim mesma e no que sou capaz e tive oportunidades de crescimento dentro da instituição. Hoje posso dizer que consigo me relacionar de forma profissional com qualquer área. Estou apta por causa dos cursos que a Assprom disponibilizou, fiz todos. Isso contribuiu demais”, afirma.

 

Câmera, ação!

 

Eduardo Silva Júnior entrou no Tribunal com a idade de um menino e a determinação de um homem. Ele tinha 15 anos, isso foi em 1996. No setor de reprografia, ele trabalhou como operador de fotocopiadora até os 18 anos. “O trabalho demandava um conhecimento próprio, mesmo assim, me coloquei à disposição para pequenos trabalhos em outros setores”, lembra.

 

Por causa de seu desempenho no “xerox”, ele foi recontratado para o cargo, agora como terceirizado. Permaneceu por lá durante cerca de dois anos, até que foi realocado para a Tesouraria. Considerando o trabalho uma extensão de sua família, o belo-horizontino cativou amigos que mantém até hoje. Assim foi com a equipe da Assessoria de Imprensa, responsável pela aproximação dele com a comunicação.

 

Enquanto estava na Tesouraria, Eduardo passou no vestibular para Comunicação Integrada, em 2003, pela Pontifícia Universidade de Minas Gerais (Puc Minas). No 6º período da graduação, ele se deparou com a necessidade de escolher em qual habilitação queria se formar. “Eu estava indeciso entre publicidade e propaganda ou jornalismo. Foi aí que uma conversa muito acolhedora com a Valéria Queiroga, então coordenadora de imprensa, me mostrou que o jornalismo seria um caminho com o qual eu teria identificação”, explica.

 

No TJMG, Eduardo foi de Jovem Assprom a estagiário. E o futuro, de repente, já não era tão incerto assim. Entre os afazeres, ele aprendeu sobre atendimento à imprensa, assessoria e fotografia, por exemplo. “Aprendi sobre a imagem da instituição e acabei gostando de fazer gravação de alguns boletins de áudio para a Rádio Justiça”, confessa. Ele foi dispensado durante o término do curso, mas voltou quando houve uma seleção de pessoal no Tribunal. Aprovado, Eduardo entrou para a produção do programa Justiça em Questão, veiculado na TV Justiça.

 

Segundo o repórter do Tribunal, a experiência com a Assprom foi indescritível: “Pude me inteirar sobre o que é trabalhar num órgão de grande expressão, o que é o mercado de trabalho, como se relacionar com as pessoas e me colocar no lugar dos outros”, afirma. O último aspecto foi, para ele, o mais importante. “Vários menores que eram meus colegas de trabalho vinham de realidades muito distintas. Era nítido que alguns eram mais agressivos porque só tiveram a agressividade na vida. Foi por causa da Assprom que muitos deles hoje são profissionais éticos e, mais que isso, pessoas com valores morais”.

 

Orgulhoso de si, Eduardo completa: “Graças a oportunidades como essa que meus pais têm orgulho daquele menino que pediu para começar a trabalhar aos 16 anos e hoje tem o curso superior que eles não puderam fazer”.

 

Música como forma de expressão

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“Como animais nos caçam, nos julgam sempre marginais. Nós e nossos ancestrais”, este é um trecho da canção “Luxo Só”, do cantor e compositor autodidata Flávio Renegado. Nascido e criado na comunidade Alto Vera Cruz, ele trabalhou como Jovem Assprom dos 15 aos 19 anos.

 

O cantor trabalhou no Fórum Lafayette, na seção que atende o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). “Lá fiz os meus primeiros cursos de informática. Mas, acima de tudo, entendi o meu papel como cidadão. E a importância de ocupar a minha cidade e não ver os obstáculos como barreiras, mas sim como escada para o meu crescimento pessoal”, fala.

 

Nesse período, entre 1996 e 2001, Flávio Renegado começou a estudar na Escola Estadual Governador Milton Campos, apelidada “Estadual Central”, acumulando com os serviços do primeiro emprego. “Foi quando comecei a me organizar no movimento estudantil. Por causa da Assprom, tive a oportunidade de trazer um pouco mais de estrutura para a minha família e para a minha formação pessoal”, conta. Segundo ele, ser ativista permitiu que ele acessasse bibliotecas e espaços públicos, “verdadeiras fontes de inspirações para as minhas músicas”. Foi de fato o início de tudo, ele pondera.

 

Quanto à importância de empregar jovens, ele responde: “Me considero como exemplo. Ter o acesso e a oportunidade de entrar no mercado de trabalho foi primordial para a minha formação humana. Vivemos em uma sociedade onde somos excluídos por causa da cor da pele e do nosso CEP. Diante disso, trabalhar traz dignidade”.

 

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