
Há exatos 300 anos, em 2 de dezembro de 1720, a então Capitania de São Paulo e Minas do Ouro era desmembrada pela Coroa Portuguesa, dando origem à Capitania de Minas Gerais. Aquele longínquo dia marcou, simbolicamente, o nascimento do nosso estado, tornando a data um marco crucial para o povo mineiro.
Celebrar esses três séculos de existência é rememorar a relevância de nosso território e dos extraordinários personagens que construíram nossa história, nos mais diversos campos — nas artes, nas ciências, na literatura, na política. É também enaltecer e reconhecer a contribuição de Minas para o desenvolvimento da nação brasileira.
Nosso estado foi forjado na confluência de uma miríade de referências e heranças — o encontro entre indígenas, bandeirantes, escravos, tropeiros, artistas e tantos mais. Trilhou, a partir daí, percursos que foram feitos de muita história e tradição, e que dotaram Minas Gerais de uma grandeza cultural inigualável.
Nessa trajetória, emergiram as várias faces das alterosas — a Minas do Ouro; a Minas colonial; a Minas Imperial; a Minas Republicana — que tiveram sempre, em comum, a vocação libertária e a incontida sede de justiça como marcas de seu povo.
Aqui surgiu uma estirpe destinada a aspirar aos ideais de liberdade. De Minas para o Brasil, se irradiaram movimentos políticos diversos: a Guerra dos Emboabas, a Inconfidência Mineira, a Revolução Liberal de 42, o Manifesto Republicano, a Revolução da Aliança Liberal de 30, o Manifesto dos Mineiros de 43, entre muitos outros!
Berço de tantos e notáveis juristas, múltiplas foram também as contribuições do nosso estado para a formação do Direito Nacional e para a propagação da defesa e das garantias de liberdades individuais. Da primeira constituição brasileira, em 1824, à última, em 1988, sempre lá estiveram – como protagonistas – os mineiros.
Minas hoje são muitas, mas também uma só. Pluralidade e unidade são a síntese do nosso estado. Um paradoxo que se explica em duas palavras: Minas Gerais.
Como bom mineiro, sinto-me profundamente honrado e privilegiado de me encontrar na condição de presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em 2020, quando se comemora o tricentenário de criação da Capitania de Minas.
Há muito a celebrar, nestes 300 anos de história, e todo um sentimento de orgulho me acomete, nesta data emblemática. O orgulho de ser mineiro, e que reside propriamente na sua essência, tão clara quanto indizível.
Parabéns a Minas e a nós mineiros. Ontem, hoje e sempre!
Desembargador Gilson Soares Lemes
Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais