Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Servidores encontram no trabalho um espaço de autorrealização

Desembargadores que foram servidores, como o presidente Herbert Carneiro, e servidores da Casa destacam o sentido de servir ao cidadão


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O menino tinha apenas sete anos e já estava na labuta. Trabalhava lavando garrafas para encher de cachaça, a fim de ajudar a família e driblar a pobreza. Era década de 1960, e a cidade era Salinas, no norte de Minas. O primeiro emprego “de verdade” foi como office boy, até que surgiu a oportunidade de trabalhar como auxiliar de escritório em um cartório, em 1973. O mundo da Justiça se descortinava para ele, e se revelou pleno de oportunidades: lá se vão 43 anos como servidor do Judiciário mineiro. Eutides Márcio Sarmento, conhecido como Tidinho, está hoje com 62 anos de idade e é escrivão na 7ª Vara de Família da Comarca de Belo Horizonte.

 

“O Judiciário mineiro me abriu muitas chances na vida. Fiz concurso interno para me tornar escrevente juramentado. Decidi depois fazer o curso de direito e, em 1992, fiz um concurso público externo e me tornei escrivão. Têm sido muitas conquistas e aprendizagens diárias e afirmo, com total convicção, que realmente amo o meu trabalho. Durante muito tempo, vinha ao Fórum de domingo a domingo”, conta. Hoje, com o Processo Judicial eletrônico (PJe), muitas vezes ele trabalha de casa, nos finais de semana, por vontade própria.

 

Tidinho poderia ter se aposentado há cerca de sete anos. Mas não está disposto a parar. “Eu vejo muito sentido no que faço, encaro tudo com muita responsabilidade, pois sei que estou ajudando ao cidadão. Eu sinto que, com o meu trabalho, contribuo para resolver o problema das pessoas, e isso me dá muita satisfação. Quero me dedicar ao extremo, porque gosto de servir. Chego cedo ao Fórum Lafayette, e saio tarde”, conta.

 

Tanta paixão e compromisso com o trabalho não são prerrogativas de Tidinho. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) tem em seus quadros inúmeros servidores que encontraram, no trabalho, um espaço de autorrealização. São pessoas que dedicam uma parte importante de suas vidas em prol da Justiça, a despeito das “pedras” que surgem em qualquer caminho. Trabalham, sobretudo, imbuídos do sentimento de que ser servidor do Judiciário traz a possibilidade concreta de contribuir para a paz social.

 

Idalmo Constantino da Silva trabalha para o Judiciário mineiro desde 1974 – a partir de 1988, no setor de Recursos Humanos. “Minha trajetória na Casa tem sido muito gratificante. Tive várias oportunidades, sou muito feliz no trabalho e, nesse tempo todo, nunca fiz uma inimizade, só amigos. Quando estou na portaria do prédio, pareço político: todos vêm me cumprimentar; conheço todo mundo. Eu me sinto realmente em casa!”, revela.

 

Tendo em vista suas atividades no TJMG, Idalmo já deu posse a vários novos servidores, levando a eles, sempre, uma palavra de incentivo. “Eu lhes digo que vale a pena trabalhar no Judiciário mineiro e que aqui há muitas oportunidades de crescimento. Vi muitos servidores se tornarem juízes”, conta. Ele se recorda, especialmente, de quando o hoje juiz Elexander Camargos Diniz, do Tribunal do Júri de Contagem, o procurou, antes de tomar posse como servidor, pedindo um conselho.

 

“O Elexander Diniz tinha passado no concurso para oficial judiciário, mas trabalhava na época no Bemge e lá estava com a chance de substituir um gerente. Por isso, estava muito em dúvida, sem saber se tomava ou não posse como oficial”, conta. Na época, Idalmo não teve dúvida. “Ele já estava cursando Direito, então eu disse que ele teria muitas oportunidades aqui e o incentivei a vir. Ele acabou tomando a decisão: deixou o Bemge e tomou posse como oficial judiciário. Depois, tornou-se assessor e, em seguida, entrou para a magistratura, após aprovação em concurso. Tempos depois, ele veio me agradecer”.

 

De servidor a desembargador

 

A exemplo de Elexander, muitos magistrados iniciaram carreira no Judiciário mineiro como servidores – tempo do qual guardam ricas lembranças e aprendizagens que levaram para o exercício da magistratura. Entre eles, está o presidente do TJMG, desembargador Herbert Carneiro que, dos mais de 35 anos de dedicação à Justiça mineira, quase uma década foi atuando como servidor. O presidente iniciou suas atividades no TJMG em 1980, tendo sido nomeado assessor judiciário da Presidência da Casa em 1989, onde atuou até 1992, quando abraçou a magistratura. 

 

“Quando iniciei minha atuação no Judiciário mineiro, como servidor, na década de 1980, já tinha esse sentimento da importância do servidor para a efetivação da Justiça. Guardo daquele tempo orgulho de ter sido servidor da Justiça, uma vivência que enriqueceu minha formação. Como magistrado, atuo hoje em dimensão mais ampla; o papel que exerço, embora mais complexo, e amplificado, ainda é, contudo, o de servir, de atender aos anseios do cidadão. Essa é uma perspectiva que não podemos jamais perder”, declara o presidente.

 

Serventuária do TJMG por 14 anos, entre os anos de 1978 e 1993, a desembargadora Maria Luíza de Marilac Alvarenga Araújo também avalia que a experiência dela como servidora foi fundamental para sua carreira como magistrada. Quando prestou concurso público para atuar na Justiça mineira, era permitido que se concorresse, ao mesmo tempo, para mais de um cargo, sendo aprovada para os cargos de datilógrafa, oficial judiciário e escrevente, fazendo escolha pelo último.

 

“Eram tempos difíceis; poucos servidores, alguns anos trabalhamos com máquina de escrever ‘Remington’ – apenas anos depois surgiram as máquinas elétricas da IBM. Os processos eram costurados manualmente com barbante. A despeito das dificuldades, gostava muito do que fazia”, declara, acrescentando que teve grandes incentivadores dentro da Casa para ingressar na Faculdade de Direito. “Após a conclusão do curso, muitos deles, podendo citar os desembargadores Marcos Elias de Freitas Barbosa, Sebastião Rosenburg e José Arthur de Carvalho Pereira, me apoiaram muito, dizendo que eu deveria seguir a carreira da magistratura”, recorda-se.

 

Dos tempos de servidora, a desembargadora guarda boas lembranças e diversas amizades. “Éramos uma família; fiz muitos amigos. Além disso, posso afirmar que a vivência das rotinas de uma secretaria me ajudou demais no exercício da magistratura, bem como na proximidade com os servidores, pois eles são fundamentais para o trabalho do juiz. É preciso trabalhar em sintonia, em parceria. Bons servidores fazem toda a diferença; são imprescindíveis para o nosso trabalho e devem ser valorizados”, avalia.

 

Paz universal

 

Durante muitos anos, “em um período rico de aprendizados”, como afirma o desembargador Roberto Soares de Vasconcellos Paes, ele exerceu o cargo de assessor judiciário do TJMG da 2ª Instância, prática que, declara, “confere peculiares conhecimentos e habilidades que contribuem consideravelmente para a distribuição da Justiça, primeiro requisito que se deve exigir daquele que, como juiz, é chamado a participar da construção da nossa justiça social”. 

 

Na avaliação do magistrado, “não somente enquanto desembargador, mas todos nós, profissionais que assistem aos cidadãos e ao Direito, devemos sempre atuar como gestores e operadores unidos pelo mesmo objetivo ideal, que é a construção de uma cidadania digna”. Por isso, ele acredita que a celebração do Dia do Servidor Público deve ser especialmente direcionada para a confraternização e o maior convívio com a sociedade jurisdicionada, “para que as nossas experiências e vivências sejam também fatores relevantes na elaboração das nossas obrigações e tarefas, ainda mais levando-se em consideração as altíssimas qualificações e excelências de todos os servidores do TJMG, um conjunto harmônico em permanente busca de aprimoramento dos mecanismos que nos levarão a alcançar o que temos desejado desde os primórdios, que é viver em paz universal”. 

 

Na semana em que se celebra o Dia do Servidor, uma programação diversa marca a data, em torno do tema “Corrente do Bem – Faz bem fazer o bem!”. Confira.

 

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