Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Projeto Vozes Poéticas de Minas divulga literatura e arte

Em formato acessível e com representatividade feminina, iniciativa da Ejef resgata tesouros esquecidos


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Com interpretações sonoras, projeto traz para perto da audiência poemas de mestres mineiros (Arte: Copub/TJMG)

A proximidade entre Direito e Literatura — pelo uso refinado e preciso da linguagem, essencial a ambos os fazeres — produziu obras marcantes e variadas, como a de Rui Barbosa, no Brasil, e a de Franz Kafka, na atual República Tcheca. Há documentos jurídicos que se converteram em textos literários, como é o caso de alguns livros bíblicos do Antigo Testamento, e escritores cujas criações levaram a mudanças legislativas.

Unindo a sensibilidade contemporânea à arte imortal de poetas mineiros de todos os tempos, o podcast Vozes Poéticas de Minas, lançado em junho de 2021, é uma parceria entre a Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e a Academia Mineira de Letras (AML).

De acordo com o idealizador do projeto e superintendente da Ejef, desembargador Tiago Pinto, ao valorizar-se a produção poética mineira, resgata-se o legado de autores que honraram nossas melhores tradições literárias. “Conhecer e divulgar sua trajetória é gesto de apreço pela História e pela Memória, pela Educação e pela formação das novas gerações”, afirma.

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O 2º vice-presidente enalteceu a parceria da AML com a Ejef e a oportunidade ofertada ao público de conhecer nomes relevantes da nossa arte (Foto: Divulgação/TJMG)

A primeira temporada celebra oito figuras, sendo quatro femininas e quatro masculinas. Cada edição traz uma pequena biografia e a leitura poética de vinte textos selecionados pela AML. Até o momento, foram contemplados o promotor e juiz ouro-pretano Alphonsus de Guimaraens, ilustre figura de nosso simbolismo, e a enigmática e singular Henriqueta Lisboa, poeta, tradutora, professora e ensaísta nascida em Lambari. Acesse a página do Vozes Poéticas de Minas

Repertório

Os próximos programas recordam Lina Tâmega Peixoto, Maria Lúcia Alvim, Laís Correa de Araújo, Abgar Renault, Carlos Drummond de Andrade e Adão Ventura. Com episódios entre vinte e trinta minutos de duração, a proposta foi saudada pela escritora Nélida Piñon, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras.

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Segundo Nélida Piñon, os poetas mineiros extraíram do idioma o que ele tinha de melhor (Foto: Divulgação/TJMG)

“O mineiro é poeta: o mineiro que escreve, o que pensa e o que vive. É preciso destacar, nesse projeto, a reverência que o Estado sempre teve pela língua portuguesa. A Inconfidência Mineira, que era um movimento revolucionário, cobrando a identidade brasileira, se fez através da palavra. Isso consolidou a vocação cultural de Minas para escrever e pensar — atos indissolúveis um do outro”, declarou.

Segundo Piñon, o verbo mineiro é encantatório, e os prosadores e poetas da terra extraíram do idioma o que ele tinha de melhor, para corporificar anseios de grandeza e mesmo de utopia. “Eles tomaram a língua em seus tormentos e mistérios e lhe deram plenitude. Esse projeto tem a dimensão exata da necessidade de redenção de nossa língua, que está sendo tão maltratada. Minas é ponta de lança nessa iniciativa de não deixar o País fenecer, e espero que essa empreitada ambicione ganhar todo o Brasil”, diz.

Tributo afetivo e histórico

Para o 2° vice-presidente do TJMG, o projeto é motivo de orgulho para o povo mineiro, “pela ousadia de realocar, no espaço acadêmico, uma gama de escritores mineiros de que se recupera a memória”, pelo formato moderno e acessível e pela beleza da contribuição dos autores.

“O Vozes Poéticas tem o importante papel de preservação, divulgação e perene tributo à poesia. É um contributo à cultura mineira, à educação universal e plena, para recuperação de valores humanos, repostos em seus devidos lugares”, defende o desembargador Tiago Pinto, que ressaltou, por ocasião do lançamento do projeto, o envolvimento, apoio e aprovação também de academias no interior do Estado, como Visconde do Rio Branco, Ubá, Montes Claros, Conselheiro Lafaiete, Juiz de Fora e Pouso Alegre.

Reconhecido por sua erudição, sua bagagem humanística e sua paixão pela língua portuguesa, pela leitura e pela filosofia, o superintendente da Ejef não esconde a emoção por proporcionar, de forma ampla e gratuita, em meio a uma pandemia, o encontro de um público potencialmente infinito com mundos desconhecidos que merecem ser percorridos e são um passaporte para a interiorização e o autoconhecimento.

“A palavra perdurável convertida em obra de arte é o instrumento pelo qual o poeta revela a verdade. Chesterton menciona o inglês que, navegando para conhecer outras paragens, encontra o destino final da própria terra. Segundo o autor, por mais que busquemos conhecer territórios além, acabamos por voltar a nós mesmos. Por isso, nossa existência se expande e nos tornamos mais humanos e mais compreensivos e sábios”, frisou.

Poesia no cotidiano

O jornalista e presidente da AML, Rogério Faria Tavares, recorda importantes juristas que foram escritores, desde o patrono da entidade, Alphonsus de Guimaraens, cuja obra inaugurou o projeto, a nomes mais recentes, como Godofredo Rangel, Ricardo Arnaldo Malheiros Fiúza, Bonifácio Andrada, Fábio Proença Doyle, entre outros. Ele também frisou a relevância da defesa da imaginação, da criatividade, da reflexão, do conhecimento e do pensamento.

“Com o Vozes Poéticas, o TJMG comprova que é atento às mais sofisticadas expressões do espírito humano, como as que se dão por meio das letras e das artes. É motivo de alegria saber que o nosso Judiciário, um dos melhores do Brasil, e o seu centro de formação, a Ejef, estão absolutamente comprometidos com os valores de educação, cultura, história e memória, desde sempre bens de interesse público. O acesso a isso não é luxo, é direito e obrigação do Estado e da sociedade civil”, afirma.

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Para o presidente da AML, o Judiciário atesta, com o projeto, ter compromisso com educação, cultura, história e memória (Foto: Divulgação/TJMG)

Para Tavares, que também é bacharel em Direito, é preciso reinstalar a poesia no cotidiano. “A poesia salva, instaura novas sensibilidades no nosso ser, nos sintoniza em outras frequências, nos reconecta com a beleza. Ela torna a vida mais alegre, abre um portal para novas dimensões, para uma nova percepção da realidade. É algo que todos nós precisamos muito acessar nos dias de hoje, de dificuldade, isolamento social, reclusão, repletos de tristeza, medo, sofrimento, doença.”

O presidente da Academia argumenta que o podcast é um veículo apropriado e inteligente, por ser prático e libertar o ouvinte saturado de telas. “Pode-se fechar os olhos, propiciando a audição da poesia, saboreando e usufruindo daquele momento de beleza e leveza. Selecionamos oito poetas que devem ser reverenciados, pois produziram uma obra importante e que continua atual.”

Entre os responsáveis pela curadoria dos programas estão os acadêmicos Afonso Henriques Guimarães Neto, Jacyntho Lins Brandão, Maria Esther Maciel e Wander Melo Miranda. Completam o time os professores Ronaldo Tannus, Kelen Benfenatti e Ronaldo Werneck.

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