Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Projeto Cidadania, Democracia e Justiça aos Povos Originários realiza ação em aldeia Maxakali

Iniciativa visa informar e capacitar indígenas quanto ao manejo de energia elétrica


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Alunos da aldeia Margarida Maxakali aprendem o manejo de energia elétrica (Crédito: Agin / TJMG)

A aldeia comandada pela liderança Margarida Maxakali, em Santa Helena de Minas, no Vale do Mucuri, foi o segundo local a receber a ação denominada “Segurança no manejo da energia elétrica ao povo Maxakali”, com o objetivo de informar e promover a capacitação de indígenas quanto ao manejo correto de energia elétrica.

O curso de segurança, que começou na segunda-feira (11/8), tem previsão de abranger todas as casas da comunidade até o fim do mês.

A iniciativa surgiu como resposta a uma demanda apresentada pelos povos indígenas e reflete um trabalho coletivo articulado a partir das escutas ativas realizadas durante as itinerâncias do Projeto Cidadania, Democracia e Justiça aos Povos Originários em Minas Gerais.

Esse projeto é coordenado pela 3ª Vice-Presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e tem como ponto principal a promoção de direitos e o fortalecimento do diálogo entre o sistema de justiça e as comunidades indígenas.

A atividade específica tem o objetivo de promover melhorias na estrutura da rede elétrica e orientar a comunidade quanto às diretrizes de segurança relacionadas aos circuitos de energia, minimizando riscos de acidentes.

A ação conta com o envolvimento de diversas instituições que atuam de forma integrada.

Entre os parceiros estão o próprio TJMG, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais (DPMG), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU).

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Representantes do Poder Judiciário mineiro promovem escuta ativa durante ação institucional (Crédito: Agin / TJMG)

Cada um desses órgãos contribui com sua expertise e recursos, fortalecendo a rede de apoio e garantindo que as vozes dos povos originários sejam ouvidas e consideradas na construção de políticas públicas e ações concretas.

A atividade tem o objetivo de promover melhorias na estrutura da rede elétrica e orientar quanto às diretrizes de segurança relacionadas às instalações elétricas, minimizando riscos de acidentes.

Equipes do Senai, da Cemig, da Funai e do MPF visitaram as casas da aldeia Maxakali, verificaram a situação das instalações elétricas e estão orientando as famílias sobre os cuidados e as ações preventivas para evitar acidentes com a rede elétrica.

No trabalho de articulação da rede colaborativa de parceiros, houve a participação do coordenador adjunto do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) Povos e Comunidades Tradicionais do TJMG, desembargador Enéias Xavier Gomes; do coordenador adjunto do Cejusc Saúde do TJMG, desembargador Alexandre Quintino Santiago; e do juiz Matheus Moura Matias Miranda.

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Representantes de diversos segmentos do Poder Público se uniram para dar mais estrutura à aldeia Maxakali (Crédito: Agin / TJMG)

As articulações, tratadas no âmbito da 3ª Vice-Presidência do TJMG, foram conduzida pelo 3º vice presidente do TJMG, desembargador Rogério Medeiros.

Curso

Durante o curso, os alunos receberam um kit contendo equipamentos de proteção individual (EPIs), essenciais para garantir a segurança durante as atividades práticas.

Os itens distribuídos incluem materiais adequados ao manuseio de instalações elétricas, permitindo que os participantes realizem os procedimentos com mais confiança e dentro das normas de segurança exigidas. Essa entrega reforça o compromisso do projeto com a formação técnica responsável e com a preservação da integridade física dos alunos durante o aprendizado.

A atividade é desenvolvida em três etapas: acolhimento, letramento elétrico e prática no manejo.

Tudo acompanhado por lideranças indígenas que realizam a tradução para a língua Maxakali.

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Quadro elétrico desenvolvido especificamente para o povo Maxakali (Crédito: Agin / TJMG)

Ao todo, 28 alunos indígenas da etnia Maxakali estão sendo capacitados por professores do Senai para aprenderem a manusear a energia elétrica de forma segura dentro de sua própria comunidade.

Como parte prática do projeto, 11 casas da aldeia e a Escola Indígena serão beneficiadas com a instalação de quadros elétricos portáteis, promovendo melhorias significativas na infraestrutura elétrica da comunidade Maxakali.

Os colaboradores da Assessoria de Gestão da Inovação (Agin/TJMG), José Augusto e Murilo Silvestre, participaram das ações realizadas nas aldeias nos dias 11 e 12 de agosto.

Durante esse período, eles promoveram a escuta ativa da população indígena, ouvindo suas demandas, sugestões e necessidades, além de apoiarem os demais parceiros nas atividades em campo.

Também aproveitaram a oportunidade para estabelecer novas articulações e fortalecer parcerias com vistas à ampliação e melhoria contínua do projeto, sempre respeitando os saberes e a cultura da comunidade Maxakali.

Materiais

Para a execução das atividades, foram montados kits (quadro elétrico “poste”, kit elétrico fixo, kit de instalação indígena e de manutenção e movimentação, incluindo materiais de EPI), doados pela Cemig para a aldeia da liderança, Margarida.

A meta da iniciativa é que a experiência seja estendida a todas as aldeias das cidades de Santa Helena de Minas e Bertópolis.

Os kits (poste e kit elétrico fixo) são entregues pré-montados e instalados pelos próprios alunos, acompanhados por instrutores.

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Distribuição de equipamentos de proteção individual (ETP) para alunos indígenas (Crédito: Agin / TJMG)

A iniciativa leva principalmente segurança no manejo da rede de energia como forma de se evitar mortes por descarga elétrica, como as que ocorreram em 2023 na comunidade.

Para a ação, o Senai desenvolveu um quadro elétrico portátil específico para a aldeia Maxakali, facilitando o manuseio na sua instalação e desinstalação, considerando a natureza seminômade do povo indígena.

Depoimentos

Durante o início de mais uma etapa do Projeto Cidadania, Democracia e Justiça, o juiz idealizador da iniciativa, Mateus Miranda, expressou sua satisfação com os avanços alcançados:

“É com muita felicidade que iniciamos mais uma etapa dentro do Projeto, com os parceiros do Judiciário e com as equipes da Cemig e do Senai. Fico feliz por estar vendo as soluções das demandas apresentadas em reuniões de escuta ativa realizadas”.

O representante da Funai, Ruberval Matos, também destacou a relevância da ação, afirmando que se trata de uma iniciativa pioneira:

“É a primeira vez que o povo Maxakali recebe essa atenção em relação às instalações de energia”.

Já o representante da Cemig, Matheus Herzog,  ressaltou o valor da união entre as instituições envolvidas:

“O projeto mostra a importância de unirmos os órgãos e instituições parceiras em benefício da garantia dos direitos dos povos indígenas. Que essa ação contribua, de maneira genuína, para a segurança e bem-estar de todos”.

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Apresentação dos professores do Senai para os alunos/indígenas (Crédito: Agin / TJMG)

Representando a comunidade, a liderança indígena Margarida afirmou ter achado muito importante a presença da Justiça, da Cemig e do Senai na aldeia, agradecendo a todos os envolvidos pelo trabalho realizado.

O procurador de justiça Edmundo Antônio Dias Netto Júnior, também presente nesta ação, assim destacou:

“O Ministério Público Federal acompanha, desde 2020, a situação precária e perigosa das instalações elétricas improvisadas nas aldeias Maxakali, que já resultaram em mortes por choque elétrico. Em resposta, foi iniciada uma ação conjunta com órgãos como a Defesa Civil, Cemig, Senai, Funai e TJMG para conhecer a realidade local e promover soluções. Como desdobramento, foram realizadas reuniões interinstitucionais e iniciadas ações de capacitação nas aldeias, com foco no letramento elétrico dos próprios indígenas. O MPF integra o projeto Segurança no Manejo e Fornecimento de Energia Elétrica à Comunidade Maxakali, iniciado em agosto de 2025, na Aldeia Margarida, com o objetivo de melhorar a segurança nas instalações elétricas.”

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Aluno/morador da aldeia Margarida Maxakali fazendo anotações durante o curso ( Crédito: Agin / TJMG )

Os Maxakalis e as itinerâncias

O povo indígena Maxakali habita o território de Minas Gerais há séculos.

No Vale do Mucuri, por exemplo, estão as aldeias de Água Boa e Pradinho, localizadas nos municípios de Santa Helena de Minas e Bertópolis, respectivamente, que pertencem à Comarca de Águas Formosas.

As itinerâncias em terras indígenas são realizadas em cumprimento à Resolução 460, de 6 de maio de 2022, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), favorecendo um maior acesso ao Sistema de Justiça e aos serviços que lhe são próprios.

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Equipe da Agin/TJMG representando o Tribunal de Justiça de Minas Gerais no Projeto Cidadania, Democracia e Justiça aos Povos Originários em Minas Gerais (Crédito: Agin / TJMG)  

Relembre detalhes da primeira ação “Segurança no manejo da energia elétrica ao povo Maxakali” na aldeia comandada pelo pajé Manoel Damásio, em Pradinho, na cidade de Bertópolis.

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