O programa Justiça Vai à Escola está de cara nova. Agora não são os magistrados que fazem palestras sobre a Lei Maria da Penha para alunos do ensino médio. Os palestrantes são advogados voluntários. Jovens falando para jovens, essa foi a ideia que norteou a mudança.
O Justiça vai à Escola é uma iniciativa da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv), do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). E a participação dos advogados foi viabilizada pela Comissão Estadual OAB Vai à Escola, da Ordem dos Advogados do Brasil/seção Minas Gerais (OAB/MG).
Outra novidade é a atuação de alunos de psicologia e direito que receberam treinamento de uma psicóloga para conduzir rodas de conversa logo após a palestra e antes da apresentação da trupe A Torto e a Direito, grupo formado no Teatro Universitário (TU) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), dentro das atividades de extensão do Programa Polos de Cidadania.
O novo formato com a peça de teatro A Mala, também inédita, estreou em 20 de junho na Escola Estadual Alberto Delpino, no Barreiro, em Belo Horizonte. O advogado Lucas Andrade falou em linguagem acessível aos adolescentes, que o ouviram atentamente. “A recepção dos estudantes foi muito boa, falamos de direitos e deveres, de liberdade e responsabilidade. Pensar o campo do direito é fundamental para formar cidadãos, é melhor prevenir do que punir. Os jovens precisam ter consciência da sua atuação na sociedade”, avaliou.
Cerca de 240 alunos do ensino médio assistiram à palestra, ouviram alguns depoimentos da roda de conversa e absorveram cada palavra da peça de teatro com olhos atentos, risadas nos momentos de descontração e expressões de indignação com as informações sobre a violência de gênero.
“Foi maravilhoso, superou nossa expectativa. Esse programa do Tribunal inspira o protagonismo contra toda forma de violência, seja física ou psicológica. Algumas alunas se identificaram e choraram”, enfatizou a diretora da escola, Sônia de Jesus Pereira dos Santos.
Gabriela, Amanda, Stanley, Melissa e Dhiovana gostaram muito da programação – palestra, roda de conversa e teatro –, porque puderam, a partir de linguagens diversas, conhecer melhor a Lei Maria da Penha, os direitos das mulheres e entender que o feminismo não busca colocar a mulher em um patamar superior ao dos homens, mas sim a igualdade dos gêneros. “O teatro ajudou a mudar nossa opinião sobre machismo e feminismo”, afirmou Stanley, 15 anos.
Alguns alunos relataram que têm conhecimento de casos de violência contra a mulher nas famílias de amigos e colegas de escola, porém as vítimas não denunciam seus agressores por medo de represálias. Eles não têm dúvida de que o machismo, seja ele manifestado pela agressão física ou por atitudes que parecem espontâneas e socialmente aceitas, deve ser posto em xeque para que as mulheres tenham mais respeito. “Para os homens é simples mexer com as mulheres na rua, mas pra gente não é tão simples”, lembrou Gabriela, 16 anos.
Teatro
O TU da UFMG atua com teatro de mobilização social, abordando, entre outros temas, a violência contra a mulher. A Comsiv propôs uma parceria para que este trabalho fosse levado a escolas, possibilitando a conscientização da população jovem para a causa. A cada ano a trupe a Torto e a Direito monta uma nova peça: Não Sou Boneca, A Queixa, Cala a Boca Rodiney. Neste ano o nome da peça é A Mala. A protagonista é uma senhora idosa que funda uma associação com as mulheres mais jovens para combater a violência doméstica.
O diretor e dramaturgo Fernando Limoeiro explica que a trupe une as linguagens do mamulengo (teatro de bonecos típico do Nordeste) e do cordel e a representação com atores e atrizes. O texto, o figurino e o cenário são desenvolvidos pelos 12 componentes do grupo a partir de pesquisas sobre teatro popular.
“Nossa proposta é conscientizar os adolescentes sobre questões como o machismo e o empoderamento da mulher. Quando o público não tira o olho, é porque está observando e absorvendo o conteúdo da peça. O teatro contribui para o público raciocinar”, comentou Fernando Limoeiro.
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