Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Primeira ação do programa Caminhos é inaugurada

Escultura homenageia o ambientalista Hugo Werneck


- Atualizado em Número de Visualizações:
Escultura de rosto de ambientalista tendo ao fundo a Serra do Curral
Obra de Gu Ferreira foi realizada com peças de metal reutilizadas (Foto: Mirna de Moura/TJMG)

Foi inaugurada oficialmente, nesta segunda-feira (13/12), no Parque Serra do Curral, na capital mineira, a escultura O Espalhador de Passarinhos, de Gu Ferreira, em homenagem ao ambientalista e ex-presidente da Fundação Zoobotânica Hugo Eiras Furquim Werneck. O evento marca a entrega do primeiro resultado do programa Caminhos, uma parceria que envolve o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a Prefeitura de Belo Horizonte, o Ministério Público Estadual (MPMG) e do Trabalho (MPT) e é voltada para a reinserção social de egressos do sistema prisional e de pessoas com trajetória de rua.

A iniciativa foi patrocinada por diversas empresas e conta ainda com o apoio da Associação do Ministério Público de Minas Gerais, da Associação dos Magistrados Mineiros e de escritórios de advocacia.

Detalhe de escultura mostra material de sucata
Quatro operários em situação de vulnerabilidade social ajudaram a construir a peça (Foto: Mirna de Moura/TJMG)

A obra foi executada com sucata de metal pelo artista, com o auxílio de quatro pessoas em situação de vulnerabilidade social: Aleci Barbosa, Daniel Rocha, Ercílio Desidério da Silva e Elbert de Moura. Os trabalhadores prestigiaram o evento, durante o qual foi plantada uma muda de ipê junto à escultura, e agradeceram pela oportunidade.

O evento contou com a participação de familiares e amigos do homenageado, de ambientalistas e da coordenadora do Núcleo de Voluntariado do TJMG, desembargadora Maria Luíza de Marilac, representando o presidente, desembargador Gilson Soares Lemes; do procurador-geral de justiça, Jarbas Soares Júnior; do procurador-chefe e da vice-procuradora do MPT, respectivamente, Arlélio de Carvalho Lage e Márcia Campos Duarte; do procurador-geral do município de Belo Horizonte, Castellar Modesto Guimarães Filho, representando o prefeito Alexandre Kalil; dos juízes Sérgio Henrique Fernandes e Cláudia Helena Batista, membros do NV, e dos promotores de Justiça Paulo César Vicente de Lima e Tatiana Pereira; do presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Sérgio Augusto Domingues; da secretária municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte, Maíra Colares; da presidente do Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais, Marcela Giovanna Nascimento de Souza; do gerente do Parque da Serra do Curral, Ivan Loyola; da advogada Cristiana Nepomuceno, representando a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais; do jornalista Hiram Firmino, entre outras personalidades.

Justa homenagem

Homem discursa em solenidade na entrada do Parque da Serra do Curral
Rodrigo, filho de Hugo, falou em nome da família do ambientalista (Foto: Mirna de Moura/TJMG)

Um dos filhos de Hugo Werneck, Rodrigo, falou da paixão do pai, formado em Odontologia, pela natureza, em especial pelas aves do cerrado. Esse encantamento datava de sua infância, e associava-se a seu espírito de compaixão e interesse pelo próximo. “Ele viajava pelo Estado, lutava para denunciar a destruição do habitat de inúmeras espécies e foi pioneiro na defesa da conservação. Escolheu para morar um terreno que dava vista justamente para a Serra do Curral”, afirmou. Emocionado, Rodrigo afirmou que não poderia haver homenagem mais adequada, já que agora a imagem do pai, que morreu em 2008, aos 89 anos, está eternizada num local que ele amou e defendeu, por meio de um projeto que promove a inclusão social, outra de suas bandeiras.

A desembargadora Maria Luíza de Marilac leu mensagem do presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Gilson Soares Lemes, que enalteceu a iniciativa por recrutar “um artista único, cuja carreira é uma referência no Brasil e no exterior, com produtividade acadêmica”, para liderar e integrar pessoas que estavam à margem, dando-lhes cidadania. “É uma proposta para a promoção de direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, por meio do acesso ao mercado de trabalho e do incentivo à autonomia. O programa Caminhos tem um potencial de alcance imensurável. Vidas estão sendo ressignificadas”, citou.

A magistrada enfatizou a relevância da participação do Poder Judiciário na iniciativa, que busca “incluir pessoas em situação de vulnerabilidade social no município de Belo Horizonte, pelo desenvolvimento de habilidades como a criatividade e a capacidade laborativa, componentes basilares da autoestima”. A desembargadora Maria Luíza de Marilac também salientou que Hugo Werneck, quando nem sequer se falava de preservação, considerava a Serra do Curral como “marco ambiental e paisagístico da capital”.

Magistrada, de máscara, discursa em evento
A desembargadora Maria Luíza de Marilac, coordenadora do Núcleo de Voluntariado, falou da relevância da iniciativa (Foto: Mirna de Moura/TJMG)

Segundo a coordenadora do Núcleo de Voluntariado, a reinserção desse público passa pela confiança que a sociedade precisa demostrar nele e em sua possibilidade de reabilitação. “Isso se concretiza na disposição de oferecer oportunidades de trabalho para quem já cumpriu ou ainda cumpre pena. A marginalização levará apenas à reincidência. Já as pessoas em situação de rua, ao deparar com portas fechadas para o acesso a direitos como moradia e emprego, vivenciam o sofrimento da invisibilidade social e da miséria”, argumentou.

“Essa escultura representa a comunhão entre a inclusão sociocultural e a sustentabilidade ambiental e, ao mesmo tempo, estimula novas atitudes voltadas para a inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade e a conscientização quanto ao meio ambiente. Por essa razão, reitero o convite à população belo-horizontina para que cada um seja um voluntário em seu âmbito de atuação”, concluiu.

Legado ecológico e social

O procurador-geral de justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, elogiou a beleza da criação de Gu Ferreira e rememorou uma história com o professor Hugo Werneck, marcada pela amizade, pelo comprometimento com o meio ambiente e pelas dimensões do sonho, da esperança e da ação concreta. Segundo o chefe do Ministério Público, o ambientalista, juntamente com o arcebispo dom Luciano Mendes de Almeida, teve grande importância em sua indicação para procurador-geral de justiça, em sua primeira gestão.

Autoridades em evento ao ar livre
O procurador-geral de justiça, Jarbas Soares Júnior, expressou sua gratidão ao legado de Hugo (Foto: Mirna de Moura/TJMG)

“Expresso aqui uma dívida pessoal. Contudo, se o MPMG é essencial para o processo democrático, exercendo diversas funções na área penal, de direito do consumidor, na conciliação, nessa atuação ambiental e no resgate de pessoas em situação de rua convergem os valores da instituição e os de Hugo Werneck. Esse monumento é um gesto de reconhecimento por tudo o que ele fez pela humanidade, já que ele costumava dizer que o centro de sua preocupação com a natureza era o bem do homem”, disse.

Segundo o promotor Paulo César de Lima, é uma alegria comemorar junto com a família e os amigos do ambientalista a primeira ação do programa Caminhos. “Esta é uma construção coletiva, não apenas por causa da cooperação de Gu Ferreira e artistas colaboradores, mas por toda a proposta. A arte salva, e essa obra confirma que essas pessoas em situação de rua e de vulnerabilidade podem muito, elas podem o belo! O banco de oportunidades que criamos quer mostrar que eles são capazes de coisas maravilhosas e que a inclusão é possível pela capacitação, pelo trabalho e pela cultura”, disse.

Para o promotor, Hugo Werneck pautou-se pela “pedagogia do amor ao próximo e à natureza”, entendendo a desigualdade como fonte de problemas complexos e múltiplos. “Ele dizia que o meio ambiente era por inteiro, e que a maior poluição era a pobreza.”

O procurador-geral do município de Belo Horizonte, Castellar Modesto Guimarães Filho, recordou que conviveu com a família de Hugo há anos, tendo andado de Kombi, com outras crianças, com a esposa do ambientalista, nas ruas do Bairro São Pedro. O procurador frisou que a atuação do ativista foi pioneira e caracterizou-se pelo solidez e pelo conhecimento. “Tenho enorme admiração por ele, e torcia pelos projetos de Hugo Werneck quando estava no Ministério Público. Era uma figura humana espetacular, protagonista de um trabalho digno de aplauso, e com muita visão de futuro”, defendeu.

Artista posa ao lado de escultura, tendo serra ao fundo
O artista Gu Ferreira foi o responsável pela idealização e realização da obra (Foto: Mirna de Moura/TJMG)

O procurador-chefe do MPT, Arlélio Lage, frisou que se sentia honrado por participar da solenidade. “Para além de seus méritos artísticos, essa obra, O Espalhador de Passarinhos, materializa os sentimentos que Hugo promoveu por toda a vida de solidariedade e união. De forma simbólica ela dá asas e capacita para o voo aqueles que pensavam que nunca mais sairiam do lugar. Ela responde a um clamor social para a união de forças, ideias e competências, e nos deixa orgulhosos porque utiliza a condição dos órgãos públicos de mobilizar as pessoas e executar políticas públicas para transformar a realidade”, pontuou.

Veja mais fotos no Flickr.

Pessoas colocam muda de ipê em buraco no chão
Grupo plantou uma muda de ipê ao fim da solenidade (Foto: Mirna de Moura/TJMG)

Diretoria Executiva de Comunicação – Dircom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG
(31) 3306-3920
imprensa@tjmg.jus.br
instagram.com/TJMGoficial/
facebook.com/TJMGoficial/
twitter.com/tjmgoficial
flickr.com/tjmg_oficial