Cem anos depois, como pensar a Semana de Arte Moderna? Esse foi o tema da palestra virtual transmitida pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), nesta terça-feira (22/2). Os expositores do tema foram os professores de literatura José De Nicola e de história Lucas De Nicola, autores do livro Semana de 22: antes do começo, depois do fim.
O desembargador civil do Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais (TJMMG) Fernando José Armando Ribeiro atuou no evento virtual como mediador. A atividade educacional teve como finalidade reafirmar a importância do movimento modernista e evidenciar sua influência nas artes, na poesia e na literatura.
O 2º vice-presidente do TJMG e superintendente da Ejef, desembargador Tiago Pinto, abriu a palestra, ressaltando a importância da Semana de Arte Moderna por romper com padrões tradicionais em diferentes áreas, como poesia, arte e música.
Proposta
A Semana de Arte Moderna foi um evento artístico e cultural realizado no Teatro Municipal de São Paulo, de 13 a 17 de fevereiro de 1922. A proposta era apresentar uma nova estética artística para todos os campos das artes.
O professor José De Nicola lembrou uma entrevista dada pelo poeta Manuel Bandeira, em 1952, sobre a importância da Semana de Arte Moderna de 1922. Na oportunidade, o poeta assim respondeu a uma pergunta sobre a relevância de celebrar os 30 anos do evento: "Acho perfeitamente dispensável. Que esperem o centenário. Se no ano 2022 ainda se lembrarem disso, então, sim".
"Eis que chegamos a 2022 e há muito a celebrar sobre a importância da Semana de Arte Moderna", afirmou o professor José De Nicola. “Foi um movimento que marcou a cultura brasileira. Um marco de inovação e criatividade. Uma das conquistas daquele grupo foi a revolução estética, já que estavam insatisfeitos com os padrões da época e saíram em busca de novas formas de expressão", completou.
O expositor relembrou o contexto histórico e a trajetória do grupo de artistas que se reuniu com o objetivo de despertar uma consciência de modernidade no campo artístico brasileiro, além de gerar um importante debate sobre o que significava ser moderno.
José De Nicola disse que o Brasil, então, possuía uma arte acadêmica. “Nós tínhamos uma arte na qual predominava a chamada natureza-morta. A arte procurava ser uma imitação da realidade. Eis que artistas como Anita Malfatti quebram a tradição e apresentam quadros com figuras humanas em destaque, influenciadas pelo movimento do expressionismo. Isso choca a sociedade da época”, afirmou.
O legado do movimento modernista, segundo o professor José De Nicola, resultou em uma grande revolução na harmonia da arte que passa por três princípios: o direito permanente à pesquisa estética, a atualização da inteligência artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional.
O professor também abordou o legado que o movimento modernista trouxe para a arte. Ele considera que, passados cem anos, o espírito inovador de 22 persiste. “Trata-se de um emblema da ousadia, do futuro, da resistência e do pensamento.”
O segundo expositor do tema destacou ser importante o resgate do pensamento dos artistas que lideraram o movimento modernista. “Devemos entendê-los no tempo em que faziam arte, a proposta de vanguarda apresentada por eles. Os debates posteriores fazem parte da nossa memória, de nosso patrimônio cultural”, afirmou o professor de história Lucas De Nicola.
O desembargador civil Fernando José Armando Ribeiro destacou que o direito também é um produto da arte e da literatura. “Com elas interage da forma mais ampla possível. Não para o juiz decidir com base em textos literários, mas para que os legisladores e os juristas possam ampliar seus horizontes. Trata-se de um caminho para o Judiciário se aproximar da sociedade”, disse.
Entre os que acompanharam a palestra estavam o 1º vice-presidente do TJMG, desembargador José Flávio de Almeida; o presidente da Escola Nacional da Magistratura (ENM), desembargador Caetano Levi Lopes; o ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça Sidnei Beneti; o juiz Thiago Brandão de Almeida, integrante da Academia de Letras da Magistratura Piauiense (Almapi); o presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares; o escritor e tradutor Donaldo Schüler e o artista plástico Heleno Nunes.
Veja a palestra na íntegra.
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