Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Magistradas do TJMG participam do "Mulheres que Inspiram"

Evento valoriza trajetórias femininas comprometidas com a evolução do Socioeducativo


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O evento está sendo realizado no auditório do Fórum Cível e Fazendário Raja Gabaglia, em Belo Horizonte (Crédito: Amagis)

Valorizar trajetórias femininas marcadas por liderança e comprometimento com a transformação social, especialmente no que se refere ao Sistema Socioeducativo. Com esse objetivo, está sendo realizado nesta quinta-feira (10/4), no auditório do Fórum Cível e Fazendário Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, o "Mulheres que Inspiram 2025 – Esperançar para que possa existir vida".

Realizado com o apoio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o evento é uma iniciativa conjunta da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e do Polo de Evolução de Medidas Socioeducativas (Pemse). Ele reúne profissionais do Socioeducativo em um momento de troca de experiências e reflexões sobre os desafios da atuação no campo da infância e da juventude.

Entre as participantes, figuram duas integrantes do Judiciário mineiro: a desembargadora Valéria Rodrigues e a juíza Andréa Mol Bessa, da Vara da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, representando a titular da unidade jurisdicional, juíza Riza Aparecida Nery.

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Em uma das mesas, a desembargadora Valéria Rodrigues contou sobre sua trajetória profissional (Crédito: Amagis)

Lutas e conquistas

A desembargadora Valéria Rodrigues, na programação da manhã, participou da mesa "Fragmentos delas; esperançar, para que possa existir vida". A magistrada apresentou sua trajetória profissional, a partir do momento em chegou em Minas Gerais, aos 27 anos, vinda do Rio de Janeiro, após aprovação em concurso para a magistratura mineira. Levou então aos presentes sua experiência no Sistema Socioeducativo, universo no qual atuou ao longo de 18 anos, tendo sido a idealizadora e a articuladora do Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA-BH).

"Como mulheres, enfrentamos muitos desafios. Além do aspecto profissional, nós temos que administrar a casa, o parceiro e os filhos. A luta pelo reconhecimento da mulher, dentro da profissão, é mais difícil, porque nossa cultura é muito machista e conservadora. Precisamos lutar, nos impor e conquistar espaços, mas precisamos também cuidar da nossa saúde mental, porque algumas experiências nos deixam marcas", afirmou.

A desembargadora  relatou dificuldades que tiveram de ser superadas para a criação do CIA-BH, destacando que o espaço buscou consolidar um modelo de atendimento integral a crianças e adolescentes, distinto do tratamento dado adulto que cometeu algum crime. "Hoje, o Centro é referência não apenas no Brasil, mas em toda a América do Sul. Com nossa luta, conseguimos fazer com que as questões da infância e da juventude ganhassem uma importância muito grande", acrescentou.

Entre outros pontos, a desembargadora Valéria Rodrigues destacou que o olhar da mulher, no Socioeducativo, é diferenciado. "Temos uma visão mais macro da situação. Aprendi a ser juíza quando fui para a Vara da Infância e Juventude, porque ali nós nos humanizamos; ali, precisamos lidar não só com o adolescente, mas também com a família dele. Procuramos soluções para que esse adolescente não volte mais a se tornar infrator. E buscamos melhorar a qualidade de vida dessa família, que muitas vezes é desestruturada", observou.

A mesa contou ainda com a participação da defensora pública Ana Paula Canela. A mediação ficou a cargo da superintendente de Atendimento ao Adolescente da Sejusp, Alice Emmanuele Teixeira Peixoto.

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A juíza Andréa Mol Bessa, da Vara da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, na abertura do evento (Crédito: Amagis)

"Esperançar" para existir

Na abertura do evento, o presidente do Pemse, Fernando Rinco, destacou o tema do evento, fazendo uma distinção entre dois conceitos de esperança. "Ter esperança e apenas esperar é aguardar, estar estático, permanecer inerte, almejando alcançar alguma coisa, mas sem se dedicar para que aquilo aconteça. Esperançar tem outro sentido: é mover, agir, planejar, buscar alternativas para alcançar algo; é construir o amanhã, com mãos firmes no agora", disse.

O presidente do Pemse citou então o educador Paulo Freire, que afirmou ser necessário ter esperança, "mas a esperança do verbo esperançar, e não a do verbo esperar. Devemos esperançar, porque acreditamos na potência da vida e sabemos que, em meio aos desafios, seguimos semeando coragem, afeto e transformação".

Na avaliação de Fernando Rinco, "nada representa melhor esse movimento do que as mulheres que inspiram. Aquelas que abrem caminhos, que rompem silêncios e transformam a dor em luta, e a luta, em luz. Esse evento é para reconhecer e valorizar trajetórias femininas que nos tocam e nos movem. É também para nutrir em cada um de nós a esperança de um futuro mais justo, plural, igualitário, inclusivo e, por isso, mais democrático."

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O presidente do Pemse, Fernando Rinco, fez uma distinção entre dois conceitos distintos de esperança (Crédito: Amagis)

Sonhos e projetos

A juíza Andréa Mol Bessa também teve um momento de fala na abertura do evento: "O encontro nos trará novas perspectivas e reflexões para nossa missão como socioeducadoras. Juntas e juntos enfrentaremos desafios, superaremos barreiras e levaremos esperança àqueles que mais necessitam."

A magistrada também destacou o sentido da palavra esperançar. "Esperançar é se levantar, é ir atrás, é reunir força, estreitar laços, não desistir, levar sonhos e projetos; é juntar-se aos outros e fazer o melhor. Que sejamos vocacionados, que estejamos ali para o outro, para a boa escuta, para a compaixão", frisou a juíza, que é idealizadora do Projeto "Corre Legal".

Nuances do feminino

A subsecretária de Atendimento Socioeducativo (Suase) da Sejusp, Giselle da Silva Cyrilo, abordou o tema das nuances do feminino no Sistema Socioeducativo. Antes de sua exposição, ela expressou publicamente sua admiração pela desembargadora Valeria Rodrigues.

"Já que estamos falando de feminilidade, da esperança e de inspiração, reforço minha alegria por estar com cada uma aqui, na pessoa dela, que me ensinou o que de mais importante eu sei. Com sua força feminina, ela faz muita diferença na política de atendimento aos adolescentes do Brasil", disse.

Entre várias ponderações, Giselle Cyrilo observou que a política socioeducativa "nasce no âmbito de um espaço que é essencialmente feminino. E ele se desdobra também no sistema de atenção às medidas, numa perspectiva que é também majoritariamente feminina. E mais: ele recebe adolescentes que também vêm de um contexto que têm uma marca feminina muito grande".

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A subsecretária da Suase, Giselle da Silva Cyrilo, abordou as nuances do feminino no Socioeducativo (Crédito: Amagis)

Programação

A programação continua no turno da tarde. Estão previstas homenagens; a palestra “Praticando o autoconhecimento: empoderando mulheres por meio da escuta interior”, com a jornalista, âncora da CBN São Paulo e autora do livro "Escute seu silêncio", Petria Chaves; e a mesa de debates "Tecendo o bem viver".

A mesa terá a participação da médica e psicanalista Cristiane de Freitas Cunha Grillo, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),  e da psicóloga Martha Florença, diretora das ações de bem viver nas Casas de Semiliberdade Femininas Santa Amélia de Uberlândia. A mediação ficará a cargo da promotora de Justiça Cíntia Lucena. 

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A atividade reúne profissionais do Sistema Socioeducativo para troca de experiências e reflexões (Crédito: Amagis)

Mesa de honra

Compuseram a mesa de honra de abertura do evento a desembargadora Valeria Rodrigues; a juíza Andrea Mol Bessa, representando a juíza titular da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Belo Horizonte, Riza Aparecida Nery; a subsecretária da Suase, Giselle da Silva Cyrilo; o presidente do Pemse, Fernando Rinco; a promotora de Justiça da 23ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Mônica Sofia Pinto Henrique da Silva; a defensora pública Ana Paula Canela, coordenadora da Defensoria Especializada dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Belo Horizonte; e a delegada da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) Renata Ribeiro Fagundes.

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