Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Idealizadora do Mulheres Inspiradoras participa de live da Comsiv

Professora Gina Vieira Ponte irá falar sobre educação e prevenção à violência doméstica, em evento no dia 29/3, às 18h


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A live será transmitida ao vivo pelo canal oficial do TJMG no Youtube

“A escola sempre foi vista por mim como um lugar com potencial para transformar minha história”, declara a professora Gina Vieira Ponte de Albuquerque. Impregnada desse sentimento, a educadora decidiu garantir que o espaço escolar pudesse também impulsionar mudanças positivas em seus alunos e alunas. A oportunidade singular para isso surgiu de uma forma inusitada, quando ela deparou com um vídeo de uma aluna de apenas 13 anos, em uma rede social.

No vídeo, a menina compartilhava um conteúdo com teor erótico, que reproduzia a representação de mulheres objetificadas – algo muito comum entre as adolescentes. A professora decidiu, então, estudar o motivo pelo qual as meninas empreendiam esse tipo de comportamento. “Concluí que desde cedo elas são apresentadas a esse referencial feminino: a mulher sempre medida pelo quanto que é sexualmente desejável, pelo quanto ela corresponde a um determinado padrão de beleza”, lembra. 

Assim, surgiu a ideia da elaboração de um projeto com os estudantes, com o objetivo central de permitir que conhecessem a biografia de grandes mulheres e suas significativas realizações. “A iniciativa pedagógica teve como eixo estruturante de todas as ações a concepção de que, para superarmos a representação da mulher objetificada, que é tão recorrente na mídia, precisamos colocar em evidência outras representações femininas”, explica.

Educação e prevenção 

O projeto – Mulheres Inspiradoras – teve grande repercussão, recebeu muitos prêmios e fez da professora importante voz em defesa da educação para a igualdade étnico-racial e de gênero. Na próxima 2ª feira (29/3), às 18h, ela irá participar, como expositora, de uma live da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em parceria com o governo de Minas, em torno da seguinte pergunta: “Como a educação pode ajudar a prevenir a violência doméstica?” 

“Na live, vamos conversar sobre temas relacionados à violência contra meninas e mulheres. A proposta é refletirmos sobre que aspectos colaboram para que o Brasil continue sendo um país com altos índices de feminicídio, de estupro e de abuso. E como a educação pode dar sua colaboração nessa agenda urgente, necessária e importante para todos nós, que é a promoção de uma cultura de combate a todas as formas de violência contra meninas e mulheres”, declara a professora. 

Natural de Brasília, Gina Viera Ponte é graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e pós-graduada pela Universidade de Brasília (UnB) em Educação a Distância, Desenvolvimento Humano e Inclusão Escolar, Letramentos e Práticas Interdisciplinares nos Anos Finais. Atua como professora de educação básica desde 1991.

O debate com a professora será transmitido pelo canal do TJMG no Youtube. Confira aqui. O juiz Gustavo Corte Real, da comarca de Vespasiano, será o mediador da atividade. A diretora de ensino médio da Secretaria de Estado de Educação, Letícia Silva Palma, irá atuar como debatedora.

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Gina Vieira Ponte é importante voz em defesa da educação para a igualdade étnico-racial e de gênero (foto: reprodução/internet )

O projeto 

O projeto Mulheres Inspiradoras foi desenvolvido com estudantes do 9º ano de uma escola pública, em Ceilândia (Distrito Federal), nos anos de 2014 e 2015. Primeiramente, os alunos e as alunas leram seis livros escritos por mulheres – duas delas, com idades próximas às deles: Anne Frank e Malala Yousafzai. Em um segundo momento, eles estudaram a biografia de 10 mulheres que escreveram seus nomes na história da humanidade e no Brasil, e que tinham perfis bastante distintos. 

As escolhidas foram Anne Frank, Carolina Maria de Jesus, Cora Coralina, Irena Sendler, Lygia Fagundes Telles, Malala Yousafzai, Maria da Penha, Nise da Silveira, Rosa Parks e Zilda Arns. O objetivo era mostrar que, independentemente de onde a mulher esteja, ela pode exercer impactos positivos em seu entorno. O passo seguinte foi incentivar os alunos a buscarem mulheres inspiradoras na comunidade onde viviam e, por fim, a mulher inspiradora de suas vidas, em um esforço de resgate e ressignificação da própria história. 

Diante da riqueza do material que possuía em mãos, a professora entendeu que era preciso registrá-lo. Assim surgiu o livro “Mulheres Inspiradoras”, lançado e 2016, com o objetivo de contribuir para o debate sobre a necessidade de desconstrução do machismo, proporcionar mais visibilidade às mulheres biografadas e valorizar o trabalho dos alunos, que, nesse processo, destaca a professora Gina Vieira, acabaram se tornando escritores. 

Prêmios e impactos

Além de ampliar o repertório de leitura dos estudantes, o projeto promoveu importante reflexão sobre o papel das mulheres na sociedade e sobre a forma como usualmente elas são vistas e representadas. Em 2014, a iniciativa ganhou o 4º Prêmio Nacional de Educação e Direitos Humanos, apoiado pelo Ministério da Educação. A esse primeiro reconhecimento se somaram outros – foram 13, no total. Entre eles, o 8º Prêmio Professores do Brasil, o 10º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero e o 1º Prêmio Ibero-Americano.

Desde 2017, a partir de um acordo de cooperação internacional entre o governo de Brasília, a Organização de Estados Ibero-americanos-OEI e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o Mulheres Inspiradoras é um programa educacional no Distrito Federal, como parte de políticas públicas de promoção de uma agenda educacional antissexista e antirracista, e está presente em cerca de 40 escolas de educação básica no  DF e em escolas públicas municipais de Campo Grande (MS). 

O programa atua em duas frentes: formação de professores e professoras e distribuição de obras literárias de autoria feminina e negra para as escolas onde esses docentes atuam. “O programa tem um forte compromisso com a garantia do direito à aprendizagem e com a promoção dos letramentos crítico, literário e racial”, observa a educadora. 

Além das premiações, a professora Gina Vieira acumula outros ganhos, que para ela têm um significado todo especial, uma vez que amplificam o seu papel como educadora. Entre os vários impactos que a iniciativa gerou, está o potencial de fortalecer laços familiares e de ampliar o horizonte de perspectiva das meninas.

Em uma de suas inúmeras entrevistas, a professora compartilhou dois relatos nesse sentido. Um dos testemunhos foi o de uma mãe, grata ao projeto porque o filho, ao entrevistá-la para a iniciativa, declarou que se sentia inspirado por ela, que era para ele uma fonte de inspiração. O outro, o de uma aluna, que, depois de conhecer a trajetória de tantas mulheres incríveis, disse que também deseja ter uma grande história.

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