Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Especialistas e servidores dão dicas sobre trabalho remoto

Equipe do TJMG teve que se adaptar rapidamente à nova rotina


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Organização do tempo é essencial para conseguir conciliar todas as tarefas  e descansar

Há exatos dois meses o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu o trabalho presencial, em todos os setores possíveis, como uma medida preventiva de disseminação do novo coronavírus. Desde então, milhares de servidores e funcionários estão trabalhando de casa.

A despeito desse cuidado da instituição, muitos passaram a lidar com a sobreposição das atividades laborais a uma variedade de tarefas: domésticas, escolares, cuidados com os filhos, entre outras. Com isso, sobressaem-se o cansaço e as dores. Mas especialistas e servidores que já atuavam em casa dão conselhos para minimizar essas sensações.

Organizar o tempo, estabelecer rotinas e procurar trabalhar em ambiente o mais ergonômico possível são as principais dicas.  

Nova rotina

“A rotina não é a mesma, mas essa nova situação nos impõe a necessidade de estabelecer ‘novas rotinas’, para que a gente consiga gerenciar o tempo de maneira que possamos trabalhar, realizar as atividades domésticas, mas também dormir, descansar, nos alimentar nos horários devidos, interagir com as pessoas com quem convivemos e, virtualmente, com aquelas que estão distantes”, comenta a psicóloga judicial Fernanda Simplício.

 

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A psicóloga Fernanda Simplício destaca que é  necessário conversar e dividir as tarefas comuns 

Segundo Fernanda, as pessoas têm se queixado de uma sobrecarga de trabalho dentro de casa, uma dificuldade de gerenciamento do tempo e, com isso, uma insatisfação muito grande. "A sobrecarga incide, sobretudo, nas mulheres", ressalta.

O fato é comprovado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa Outras Formas de Trabalho, de 2018, já apontava que, antes da pandemia, as mulheres gastavam aproximadamente o dobro de horas semanais que os homens em atividades domésticas ou com a família. Com o isolamento, a tendência é que esses números se distanciem ainda mais, com peso maior sobre as mulheres, conforme a percepção da psicóloga.

“A mulher sobrepõe tarefas ligadas ao trabalho, ao serviço doméstico, aos filhos, acrescentando aí o auxílio nas tarefas escolares. Nesse sentido, é necessário exercer o diálogo, a boa comunicação com a pessoa com quem você divide a casa, a sua vida, de modo a dividir também de maneira mais equitativa essas obrigações”, alerta.

É inegável, portanto, essa nova rotina dentro de casa. A revisora da Assessoria de Comunicação (Ascom) do TJMG, Patricia Limongi, que há mais de um ano exerce o teletrabalho, contou como era sua rotina antes da covid-19 e como tem se dividido entre todas as tarefas, mesmo continuando a trabalhar de casa.

“No período anterior à pandemia de covid-19, minha rotina seguiu sem contratempos e pude aproveitar os diversos benefícios do home office. Consegui aumentar minha produtividade, pelo fato de trabalhar sozinha, em um ambiente silencioso e sem interrupções; notei uma redução do estresse, e os episódios de enxaqueca acabaram; continuei amamentando minha filha, o que acredito que não seria possível se eu precisasse gastar tempo e energia com o deslocamento casa-escritório-creche”, relata.

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A revisora Patricia Limongi, que já trabalhava em casa, conta como sua rotina ficou alterada 

“Atualmente, preciso me dividir entre o trabalho, os cuidados com minha filha e as tarefas domésticas, porque as escolas fecharam e a diarista não pode vir. Nessa situação, é natural que a produtividade sofra uma queda”, avalia.

O relato de Patricia vai ao encontro da ressalva feita pelo instrutor dos cursos de teletrabalho, Thiago Hyodo, servidor da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), sobre a diferença entre estes dois conceitos: o teletrabalho e o trabalho remoto atualmente desenvolvido de casa.

Para ele, é fundamental não confundir institutos. Ele enfatizou que o teletrabalho foi regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e instituído pelo TJMG, tendo como um dos principais objetivos a melhoria da qualidade de vida dos funcionários.

“O teletrabalho, conforme modelo implantado no Poder Judiciário desde 2016, é ferramenta de gestão de pessoas, voltada à melhoria das condições dos teletrabalhadores para a geração de resultados institucionais, em uma relação em que todos saem ganhando. Para isso, deve ser realizado de acordo com modelo e princípios definidos. Não se assemelha ao que estamos vivenciando hoje: o trabalho em casa imposto por uma situação excepcional de emergência em saúde pública. O objetivo principal é a manutenção dos serviços prestados à sociedade”, explica.

Produtividade

O teletrabalho foi elaborado também com foco na produtividade, mas permitindo autonomia para as pessoas organizarem a própria rotina. Talvez seja essa confusão de institutos mencionada por Thiago que tenha feito com que alguns servidores se cobrem, hoje, por produzir tanto quanto ou até mais do que produziriam se estivessem no trabalho presencial, conforme observado pela psicóloga.

“É como se ele tivesse que fazer as compensações do tempo de deslocamento, do tempo para se arrumar, e colocar toda essa energia na produção”, avalia. Mas, segundo ela, o trabalho remoto exige pausas para que o funcionário suporte essa rotina por um período mais prolongado. “É totalmente compreensível que essas horas diárias sejam intervaladas”, afirma.

As pausas são necessárias também para a realização de alongamentos, principalmente se a pessoa não tem um escritório adequado ao trabalho em casa. É o que explica a terapeuta ocupacional Maria Inês Albuquerque, que atua na área de ergonomia da Coordenação de Saúde no Trabalho do TJMG. “Se você precisa trabalhar na mesa da sala de jantar, por exemplo, procure realizar mais pausas, levantar-se, alongar-se. Se necessário, utilize almofadas para melhorar o apoio da coluna lombar”.

 

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A servidora Maria Inês aborda os principais pontos sobre ergonomia

Postura e mobiliário

Outra dica importante que ela dá é sobre postura e mobiliário. “Não é recomendável ficar deitado na cama usando o notebook ou assentado no sofá com o equipamento sobre as pernas. É importante experimentar as cadeiras disponíveis para descobrir a que oferece maior conforto. Banquinhos não são recomendáveis”, orienta.

Já para aqueles que possuem uma cadeira regulável, a postura correta, de acordo com ela, é aquela em que a pessoa esteja com os ombros relaxados, cotovelos em 90º e antebraços apoiados sobre a mesa. A altura do encosto deve ficar no ponto em que haja um bom apoio na região lombar. “O encosto deve ser ajustado de tal forma que fique com inclinação de 90º a 105º em relação ao assento. É importante você estar bem assentado e com o quadril bem encaixado na cadeira”, avisa.

Em relação à inclinação do encosto, o corpo não pode ficar nem projetado, nem escorregando na cadeira.

Iluminação

Mesa e monitor devem estar posicionados de modo a evitar reflexos e incidência direta de luminosidade nos olhos. Se houver dois monitores, eles devem estar centralizados e em ângulo aberto. “Ajuste a altura do monitor de modo que o terço superior da tela esteja na altura dos olhos. Você pode utilizar livros sob o monitor para elevá-lo”, sugere.

Segundo ela, é importante, ainda, haver espaço para mobilidade das pernas sob a mesa e, se estas não se apoiarem no chão, uma caixa pode servir de apoio para os pés.

 

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Atividades físicas

Mas nem só apoiados devem ficar os pés. A psicóloga destaca a prática de atividades físicas como aliada à saúde mental e mostra como é possível se exercitar mesmo em confinamento. “Substituir elevador por escada ou fazer pequenas caminhadas dentro do próprio condomínio, se possível. Nas redes sociais, é possível encontrar educadores dando instruções muito simples, para quem não tem uma rotina de exercícios, mas pode começar a fazer pequenos treinos, de respiração”, exemplifica.

Fernanda e Maria Inês não se esqueceram de mencionar a boa alimentação, com horário para as refeições, a ingestão de água e a manutenção de um sono regular como outras formas de manter a disposição.

Horário de trabalho

Outra orientação dada por Maria Inês é informar a família que estará em horário de trabalho para evitar interrupções e perda de concentração. É o que Elisa Mitsue, servidora da primeira turma do teletrabalho, também aconselha. “Eu tenho dificuldade de me concentrar com barulho, conversas, telefone. Trabalhar sozinha, por meio do teletrabalho, resolveu esse problema. Por isso, sugiro que, atualmente, as pessoas também reservem um período do dia exclusivamente para o trabalho, sem interrupções.”

Segundo ela, da mesma forma deve haver um limite para mensagens de WhatsApp e questões relacionadas ao trabalho. “Não é porque você está em casa que estará disponível 24 horas por dia”. Ao que Fernanda Simplício acrescenta: “É preciso que sobre tempo para que a pessoa possa cuidar de si mesma. Isso é importante também. Não é porque a pessoa está dentro de casa que tem que ficar o tempo todo em atividade, sobretudo a atividade laboral. Pode ter sim tempo de relaxamento, deve ter”, sinaliza.

Controle do tempo

 A psicóloga lembra que no trabalho presencial era o ponto que controlava o tempo. Agora, “somos nós mesmos os senhores para orquestrar as horas do nosso dia”, afirma. “Se não houver, ainda que minimamente, a organização do tempo, o privado irá se misturar com as urgências do trabalho e vice-versa, o que pode causar estresse, ansiedade, insatisfação e até mesmo conflitos na esfera doméstica.”

De servidor para servidor

Nessa linha, a revisora Patricia dá suas dicas, calcada na experiência de quem passou por todos os meios de trabalho disponíveis na instituição. “Para os colegas que precisaram se adaptar rapidamente ao trabalho remoto, minhas sugestões são: estabelecer uma rotina de trabalho e segui-la todos os dias; escolher o local da casa onde se sente melhor para trabalhar, que não é necessariamente o escritório, mas seguir as recomendações da ergonomia”.

Ela aconselha, ainda, fazer um relatório diário das tarefas executadas, manter contato frequente com os colegas e, especialmente no atual momento, cuidar da saúde mental. “O isolamento irá passar. Devemos criar estratégias para preservar nosso bem-estar físico, mental e social”, defende a psicóloga Fernanda Simplício.

Assessoria de Comunicação Institucional – Ascom
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