O corregedor-geral de Justiça, desembargador Estevão Lucchesi, inaugurou, nesta terça-feira (12/8), a obra "Sabedoria do Rei Salomão", doada pelo artista mineiro e servidor aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Roberto Rodrigues de Souza. As três telas unidas, um conjunto conhecido, em arte, como tríptico, ficarão expostas no saguão de entrada da Corregedoria-Geral de Justiça, na rua Goiás, 253, no Centro da capital.
Roberto Rodrigues é servidor aposentado da Comarca de Uberaba, no Triângulo Mineiro, e doou os painéis. As peças fazem uma releitura de outra obra exposta no salão do júri do antigo Fórum de Uberaba. A pintura de três metros, em acrílico sobre painel, destaca em cores vivas uma passagem bíblica envolvendo o rei Salomão e duas mães disputando a guarda de um filho.
Além do corregedor-geral de Justiça e do artista, o evento de lançamento contou com a presença do juiz diretor do foro de Uberaba, Fabiano Garcia Veronez, do juiz diretor do foro de Belo Horizonte, Sérgio Henrique Cordeiro Caldas Fernandes, de juízes auxiliares da Corregedoria, de servidores e colaboradores.
O corregedor Estevão Lucchesi agradeceu pelo presente e ressaltou que a obra vai enriquecer o espaço nobre da Corregedoria-Geral de Justiça. "Mais que uma representação religiosa ou histórica, o painel traduz, com força simbólica, os desafios diários da Justiça: distinguir a verdade por entre as aparências, equilibrar a razão e compaixão e decidir com sabedoria, sempre em favor da vida, da dignidade e do bem comum", concluiu.
Na obra, o artista Roberto Rodrigues resgata o trecho do 1º Livro dos Reis, capítulo 3, versículos 16 a 28, no qual duas mães brigam pela posse e guarda de uma mesma criança. Para solucionar o impasse, o rei Salomão propõe que a criança seja partida ao meio para que cada mãe receba uma metade. Uma delas concorda. A outra, aos prantos, intercede pela vida do menino, dizendo preferir que ele seja entregue inteiro à concorrente. Salomão, então, profere o julgamento, afirmando que a verdadeira mãe é aquela que abriu mão da criança, por não querer ver o filho morto e dividido em duas partes.
O juiz diretor do foro de Uberaba, Fabiano Garcia Veronez, destacou o talento do artista Roberto Rodrigues e sua contribuição ao TJMG, demonstrada especialmente em 2019, quando da criação do Museu do Judiciário na comarca no Triângulo Mineiro. Uberaba foi o primeiro espaço no interior a contar com um acervo especial de peças e raridades sobre a história do Judiciário no estado. O magistrado também elogiou a obra doada.
"O painel é uma maravilha e fico muito feliz de saber que essa obra vai ficar imortalizada na parede da Corregedoria-Geral de Justiça pelas mãos de um cidadão de Uberaba", ressaltou.
Obra e artista
Emocionado, o artista salientou que, especialmente por ser servidor aposentado do TJ, considera uma honra e "um sonho realizado a Corregedoria ter aceito a obra para ficar exposta na sua sede em Belo Horizonte".
O artista mineiro Roberto Rodrigues foi servidor da Comarca de Uberaba desde os 14 anos de idade e é autodidata na pintura, tendo começado a produzir seus quadros sozinho durante a pandemia de Covid-19 no Brasil, por volta de 2020. Ele chegou a pintar 50 telas em menos de 12 meses e, nos últimos cinco anos, produziu mais de 100 pinturas e realizou cerca de 30 exposições.
O rei Salomão, retratado nas pinturas doadas para a Corregedoria, foi um monarca de Israel, filho do rei Davi, conhecido por sua sabedoria e por construir o primeiro Templo de Jerusalém. Na obra tríptica, o artista Roberto Rodrigues faz uma releitura de uma pintura feita na parede, da década de 1970, no então Fórum da Comarca de Uberaba pelo falecido artista plástico da região, Ovídio Fernandes.
Entre as muitas telas pintadas por Roberto Rodrigues, destaca-se um painel criado em 2021, com 40 imagens sobre a violência e a luta das mulheres brasileiras. A obra "Devaneio" ficou exposta na sala de arte do Fórum Melo Viana, em Uberaba, e retratou personalidades como a artista plástica mexicana Frida Kahlo e a socióloga e política brasileira Marielle Franco.
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