Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Comarca de João Monlevade lança projeto de constelação sistêmica

Técnica desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger será utilizada no Cejusc em processos da Infância e Juventude


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A Comarca de João Monlevade formalizou, no início deste mês, por meio de uma cerimônia com a participação de diversas autoridades e profissionais da área da assistência social, o início do funcionamento do projeto Laços de Família. A iniciativa vai utilizar o método da constelação sistêmica e familiar como mais uma ferramenta para auxiliar na solução dos conflitos. A cerimônia, que incluiu a confecção de um protocolo de intenções entre as autoridades, também teve como objetivo divulgar a iniciativa e já prever o fluxo para o encaminhamento dos casos. 

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O projeto, lançado no início deste mês, tem vários parceiros, que elaboraram um protocolo de intenções com diretrizes para o atendimento (Foto: Divulgação/TJMG)

O projeto Laços de Família vai atender situações envolvendo crianças e adolescentes, tanto os que estão em situação de risco e vulnerabilidade emocional quanto os de apuração de ato infracional oriundos do juízo da Infância e da Juventude. O projeto será desenvolvido no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc).

Pacificação

O diretor do foro, coordenador do Cejusc e titular da 1ª Vara Cível e da Infância e Juventude de João Monlevade, juiz Estevão José Damazo, afirma que, diante da complexidade dos casos que tramitam nas varas da infância e juventude, nem sempre as decisões judiciais se mostram suficientes para a resolução dos conflitos e para a pacificação familiar e social. “É importante que, de forma ampla, o Poder Judiciário, junto à rede de atendimento e proteção às crianças e adolescentes, às instituições públicas e privadas, adotem novas formas de parceria e ferramentas”, explica o juiz.

Para o magistrado, a metodologia desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger, a chamada constelação sistêmica e familiar, é um instrumento hábil a auxiliar a superação de situações de violação de direitos fundamentais de crianças e adolescentes. “Por meio dessa metodologia, é possível conscientizar as partes sobre os problemas vivenciados, de forma que seja possível alcançar o restabelecimento dos laços familiares. Esse método psicoterapêutico é capaz de auxiliar na busca do equilíbrio pelas famílias, de modo que cada membro tenha consciência de seu papel e possa passar a exercê-lo em harmonia com os demais conviventes”, detalha o magistrado.

Competência

O juiz explica que, inicialmente, foi escolhida a competência da infância cível e infracional, tendo em vista a prioridade absoluta prevista na Constituição em relação a esse público. “No futuro, podemos expandir para outras competências, como família e violência doméstica”, adianta.

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O evento realizado no fórum também foi uma oportunidade para divulgar detalhes do projeto para autoridades e a comunidade (Foto: Divulgação/TJMG)

O primeiro passo do projeto Laços de Família inclui a análise dos casos pela equipe de assistência social judicial. “A assistente social indica quais casos estão dentro do perfil e os encaminha para o juiz, que remete para a marcação da sessão de constelação no Cejusc. Normalmente, as sessões acontecem às segundas-feiras, que é o dia em que a consteladora voluntária Ronise Araújo Alves tem disponibilidade para atuar”, explica a assistente do Cejusc de João Monlevade, Lavínia Giannini Pereira dos Santos.

Em geral, antes do encaminhamento, a assistente social já conversa com as partes, porque a participação na sessão de constelação sistêmica e familiar não é obrigatória. As partes conhecem o funcionamento da metodologia e são convidadas a participar.

Rede

As sessões de constelação sistêmica e familiar já vêm sendo realizadas há cerca de dois meses no Cejusc de João Monlevade. Na semana passada, foi realizada a cerimônia de oficialização. O evento foi presidido pelo juiz Estevão José Damazo, com participação do juiz Wellington Reis Braz, da 2ª Vara Cível e de Família, Sucessões e Ausências da Comarca de João Monlevade, além de representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Prefeitura Municipal, Câmara Municipal, Fundação Municipal Crê-Ser e Ordem dos Advogados do Brasil – 75ª Subseção.

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O projeto vai atender casos de crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade emocional ou que tenham cometido ato infracional (Foto: Divulgação/TJMG)

O objetivo com a assinatura do protocolo de intenções pelas autoridades é a integração do sistema de Justiça com a rede socioassistencial, abrangendo Poder Judiciário e parceiros, de forma a fortalecer a rede de proteção já existente e definir o fluxo de trabalho.

Independentemente da participação na sessão de constelação sistêmica e familiar, a família e as crianças e adolescentes continuarão sendo acompanhados pela rede de proteção, com os encaminhamentos que se fizerem necessários. A meta é que o projeto Laços de Família seja revisto anualmente. Uma comissão foi especialmente constituída para cuidar do desenvolvimento do projeto na comarca. Ela é integrada por diversos profissionais do Judiciário local.

Regulamentação

A 3ª Vice-Presidência do TJMG regulamentou, no fim de março deste ano, o uso das constelações sistêmicas na solução de conflitos judiciais. Uma portaria elaborada com apoio do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Resolução de Conflitos (Nupemec) foi publicada com instruções para a utilização dessa ferramenta nos casos de conciliação e mediação. A regulamentação norteia a aplicação das constelações nos Cejuscs do Estado e também nas iniciativas que envolvam a justiça restaurativa.

A constelação sistêmica é uma técnica desenvolvida pelo terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger (1925-2019). O método permite identificar o que está por trás do conflito, identificando as causas do impasse e trazendo para o consciente as dinâmicas ocultas individuais e/ou familiares que levaram à demanda judicial. A prática favorece a solução dos conflitos quando são percebidas questões que extrapolam o âmbito jurídico.

O método vem sendo cada vez mais difundido e utilizado para a resolução de conflitos judiciais e foi trazido para o Judiciário brasileiro pelo juiz do Tribunal de Justiça da Bahia Sami Storch, criador do termo “direito sistêmico”, nome que passou a ser utilizado para designar a aplicação das constelações familiares pelos operadores do Direito e no Judiciário.

Assessoria de Comunicação Institucional – Ascom
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