
“Todos aqueles que se doam, mesmo que um pouco de si pelo bem, estão semeando flores, cada gesto uma semente, cada semente uma flor. Se todos nós os imitássemos, faríamos da terra em que vivemos, em tão pouco tempo, um grande jardim”, disse a irmã Dulce, a primeira santa do Brasil, em uma de suas célebres frases sobre o potencial de transformação da solidariedade.
É sob a inspiração dessas palavras que a desembargadora Maria Luíza de Marilac faz um chamamento para que as pessoas participem da companha para arrecadação de produtos de higiene pessoal e alimentos não perecíveis para a população em situação de rua, realizada pelo Núcleo de Voluntariado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que a magistrada preside.
“Convido a todos e a todas para se deixarem contaminar por essas sábias palavras da irmã Dulce. Venham fazer parte das redes humanitárias que estão preparadas para apoiar vocês no desenvolvimento de ações solidárias. São mais de 18 mil pessoas em situação de rua, em Minas Gerais. Se cada um mobilizar e fizer um pouco que seja, podemos melhorar esse cenário e tornar o sofrimento menor”, disse a desembargadora.
Vulnerabilidade extrema
Segundo a presidente do Núcleo de Voluntariado é uma mobilização que pretende aplacar um pouco do sofrimento pelo qual passam as pessoas em situação de vulnerabilidade extrema, e que acabam sendo atingidas de maneira mais cruel pela pandemia de Covid-19, como é o caso das pessoas em situação de rua.
“O Núcleo de Voluntariado do TJMG entende que a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito à dignidade da pessoa humana. Mas a solidariedade tem de ser palpável, precisa se expressar de forma concreta. Mais do que se compadecer dos nossos irmãos necessitados, acreditamos em uma demonstração de solidariedade emergencial ativa”, esclarece.
Nesse sentido, o Núcleo de Voluntariado tem realizado periodicamente campanhas para arrecadação de itens diversos. No inverno, ocorrem as iniciativas para a coleta de cobertores para doação, por exemplo. Assim, ainda no início da pandemia, juntamente com a Arquidiocese de Belo Horizonte, o Colégio Santo Antônio e outros parceiros, o Núcleo participou da campanha de arrecadação emergencial de alimentos e produtos de primeira necessidade para as pessoas em situação de rua.
“Desde o ano passado, e de forma intensa, participamos dos diálogos que propiciaram a manutenção, durante a pandemia, do projeto Canto da Rua Emergencial, realizado na Serraria Souza Pinto. O asfalto da cidade é duro e cruel, não aconchega o corpo nem alivia as tensões da fome. E neste cenário de crise sanitária provocado pela Covid-19, a vulnerabilidade dos moradores de rua, que já era muito grande, tornou-se insustentável. Daí, a iniciativa do Núcleo de voluntariado do TJMG de lançar mais essa campanha”, explica.
É necessário, disse a desembargadora, “colocar em prática as palavras do Papa Francisco: ‘Encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados a permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade’”. Apesar das dificuldades provocadas pelo necessário distanciamento social, que impacta no expediente forense, os magistrados e servidores, de acordo com a desembargadora, estão se mobilizando e realizando as entregas das doações nos prédios do TJMG.

Espaço de comunhão
Para a desembargadora Maria Luíza de Marilac, quando instituições como o TJMG abraçam causas como esta, em um momento de crise como o atual, os impactos são relevantes. “Muitas vezes, a sociedade passa a conhecer ou se aproximar das instituições por meio das ações do voluntariado. O que é maravilhoso porque, seja qual for o ramo de atuação, toda atividade prestada para o outro é para servir”, pontua.
Na avaliação da presidente do Núcleo de Voluntariado, ao mobilizar uma campanha solidária, a instituição, privada ou pública, contribui para que todos se apropriem do cenário social do qual fazem parte. “O que ocorre fora do mundo do trabalho, ocorre com cada um de nós. O funcionário ou o servidor são pessoas que compõem a sociedade”, pontua.
Um movimento dessa natureza, dentro do ambiente do trabalho, tem o condão de produzir impactos tanto individuais quanto coletivos, na visão da magistrada. “São ações que enlaçam as pessoas, permitindo o estreitamento das relações. A interação entre servidores e magistrados da capital com servidores e magistrados do interior é facilitada. E isso é especialmente importante nestes tempos que trouxeram o distanciamento e o isolamento social, que tanto ferem a nossa alma”, afirma.
Para aqueles que recebem as ações do voluntariado, as repercussões são profundamente relevantes. “É como se esses indivíduos fossem retirados da invisibilidade; eles se sentem vistos, reconhecidos como pessoas. E porque não dizer, sentem-se amados! Por meio do voluntariado nas instituições, criamos um espaço de comunhão que nos fortalece. É o que todos precisamos para sobrevivermos às nossas dores físicas, emocionais e espirituais”, destaca.
Gesto de solidariedade
Em uma primeira fase, as doações recebidas pelo TJMG por meio desta campanha de arrecadação de produtos de higiene pessoal e alimentos não perecíveis serão entregues ao projeto Canto da Rua Emergencial, para distribuição a entidades filantrópicas e grupos de voluntariados, já cadastrados, que atuam junto à população de rua. A entrega pelo TJMG será realizada na próxima sexta-feira (26/3).
Mas a desembargadora lembra que, em meio à pandemia, os esforços para levar um pouco de alento a quem se encontra, neste momento, em situação especialmente fragilizada, têm mobilizado outros setores do Tribunal de Justiça de Minas. A magistrada conta que, por intermédio do coordenador executivo do programa Novos Rumos do TJMG, juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, o Núcleo de Voluntariado recebeu um total de 12 mil máscaras de proteção.
Dos itens doados, oito mil foram confeccionados por recuperandos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Patrocínio/MG e quatro mil foram produzidos por recuperandos do sistema prisional comum da mesma comarca. As máscaras foram entregues a dezenas de entidades da capital, para repasse à população vulnerável de Belo Horizonte.
“Esse gesto de solidariedade, vindo do trabalho dos recuperandos é maravilhoso, pois evidencia que, mesmo encarcerados, eles podem contribuir neste momento de crise sanitária sem precedentes”, ressaltou a desembargadora.
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