"Os estereótipos femininos ao longo da história: continuidades, rupturas e novos desafios" foi o tema da palestra proferida nesta quinta-feira (16/12) pela socióloga Isabelle Anchieta de Melo, no último evento deste ano do ciclo de lives “Mulheres que inspiram pessoas e que superam os desafios da atualidade”, da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef).
Compuseram a mesa de honra o vice-corregedor-geral de Justiça de Minas, desembargador Edison Feital Leite; a fundadora da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv) do TJMG, desembargadora aposentada Heloísa Combat; a juíza Bárbara Lívio, da Comarca de Teófilo Otoni e presidente do Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid), mediadora da live; e a diretora de Desenvolvimento de Pessoas da Ejef, Thelma Cardoso.
A palestrante Isabelle Anchieta de Melo é socióloga, jornalista, mestre em Comunicação Social, doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo e autora da trilogia Imagens da Mulher no Ocidente Moderno, publicada pela Edusp.
“O estereótipo ganha em exatidão e perde em profundidade, porque simplifica e reduz nossa complexidade e obscurece nossas qualidades ao exaltar um mínimo de características”, explicou a palestrante, que estudou a imagem da mulher no Ocidente moderno. Analisando xilogravuras, pinturas, esculturas, fotografias e imagens em movimento, ao longo de oito anos, ela fez pesquisa de campo em nove países, passando dos arquivos de bibliotecas da Alemanha, Suíça e museus da Europa aos estúdios de Hollywood.
Estereótipos criados para as mulheres
Na palestra de hoje, a socióloga apresentou o resultado dessa pesquisa, mostrando imagens que ilustram estereótipos criados para as mulheres desde o final da Idade Média, no século XIII, até a contemporaneidade. Isabelle Anchieta de Melo discorreu sobre os estereótipos da mulher simbolizada como bruxa, santa e prostituta até chegar às estrelas de Hollywood, que subverteram muitos dos atributos considerados femininos até o início do século XX.
As bruxas foram queimadas na fogueira porque subverteram os padrões da época. A representação de tais mulheres voando em vassouras aponta a inversão doméstica da função da vassoura, levando-as para outro lugar, que pode ser visto como o da liberdade ou da rebeldia, explicou a socióloga.
Na sequência, ela falou da Maria bíblica, o antídoto da bruxa, a santa, simbolizando a virgindade e a maternidade idealizada; da Maria Madalena, retratando uma prostituta na história bíblica, mas arrependida; e, por fim, citou estrelas de filmes de Hollywood que representaram na ficção e na realidade a transgressão feminina, contribuindo para a popularização do poder da mulher.
Entre as 19 estrelas estudadas por Isabelle, ela citou Mary Pickford, a primeira mulher a dirigir um filme nos estúdios de Los Angeles, e Greta Garbo, que escolhe o galã das produções de que participa e ainda debocha dele, além de determinar quem seria o diretor e o roteirista. Ela mencionou ainda Marlene Dietrich, que não só se veste de homem na telona como também beija uma mulher, em 1930, e finalizou citando Jane Fonda, que pegou em armas no filme Barbarella, de 1969, contribuindo para a revolução sexual, já em curso naquela ocasião.
“Conquistamos nosso autogoverno, mas ainda precisamos ampliar as possibilidades do que é ser mulher para desestabilizar os estereótipos. Não podemos falar da mulher no singular, mulher é sempre no plural”, concluiu a socióloga.
Veja a live na íntegra.
Diretoria Executiva de Comunicação – Dircom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG
(31) 3306-3920
imprensa@tjmg.jus.br
instagram.com/TJMGoficial/
facebook.com/TJMGoficial/
twitter.com/tjmgoficial
flickr.com/tjmg_oficial