
O viajante que chega ao distrito de Milho Verde, pertencente ao Serro (MG), depara-se com um extenso gramado que se estende por toda a área central do vilarejo, até os pés da Capela de Nossa Senhora do Rosário. Não muito longe dali, em um terreno elevado, está a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, em cuja capela, por volta do ano 1734, foi batizada Francisca da Silva de Oliveira, popularmente conhecida como Chica da Silva.
Nascida no então Arraial de Milho Verde, na Vila do Príncipe do Serro Frio, Francisca da Silva Oliveira nasceu na condição de escravizada e morreu, em 1796, como uma mulher pertencente à elite da época. Considerada uma das mais icônicas personagens do período colonial brasileiro, ela é tema do documentário "Chica da Silva – a Descoberta do Testamento", produzido da TV TJ Minas, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), exibido no dia 19/9 para população do Serro, na praça em frente à Igreja do Carmo.
A exibição foi prestigiada pelo corregedor-geral de Justiça de Minas Gerais, desembargador Estevão Lucchesi de Carvalho, representando o presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior; pela vice-corregedora-geral de Justiça de Minas Gerais, desembargadora Kárin Liliane de Lima Emmerich e Mendonça; pelos desembargadores do TJMG Armando Freire e Márcio Idalmo Santos Miranda, naturais do Serro; pelo diretor do Foro da Comarca do Serro, juiz Guilherme Pimenta; pelas juízas auxiliares da Corregedoria Marcela Oliveira Decat de Moura e Simone Saraiva de Abreu Abras; pelo prefeito do Serro, Epaminondas Pires; pela primeira-dama da cidade, Adriana Macedo; pelos tabeliões da Comarca, João Bosco de Moura e Silva e Francisco Neto; pela esposa do desembargador Armando Freire, Laene Freire, entre outros convidados.

Personagem histórica
A história de Francisca da Silva Oliveira permaneceu mergulhada no esquecimento durante décadas, até que, por circunstâncias diversas, sua trajetória foi destacada e se tornou a lendária Chica da Silva – retratada no cinema e na televisão de forma diversa da mulher setecentista que realmente foi.
O resgate de sua história ganhou força com a localização do testamento, que está sendo restaurado para integrar o acervo de acesso público do Museu da Memória do Judiciário Mineiro (Mejud) do TJMG. Para divulgar o documento, o Tribunal mineiro produziu o documentário, exibido em Diamantina (MG) no dia 11/9.
Escrito em 12 de novembro de 1770, no Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição de Monte Alegre de Macaúbas, em Santa Luzia, região Central de Minas, o documento, de quatro folhas de papel feito em tramas de linho e algodão, foi lavrado e cerrado com cinco pontos de linha vermelha e pingos de lacre, sendo reaberto quase 26 anos depois, com a morte dela, em 15 de fevereiro de 1796, Arraial do Tejuco (atual Diamantina).

Reparação
A partir do testamento, a produção audiovisual da TV TJ Minas traz informações históricas que ajudam a entender a verdadeira Chica da Silva, em um esforço de reparação histórica. Entrevistas com historiadores, depoimentos de descendentes e documentos, como a carta de alforria, além de imagens de algumas das cidades mineiras por onde passou, compõem o documentário.
A exibição no Serro conduziu o público em uma viagem pelas Minas Gerais do século XVIII, com apresentação da Orquestra Jovem do TJMG, que executou músicas de diferentes períodos históricos. Eles foram conduzidos pela diretora artística e regente, Luciene Villani.
No repertório, José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, nascido no Serro e um dos mais destacados compositores de música sacra dos anos 1700; o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart; e a compositora, pianista e regente carioca Chiquinha Gonzaga. Também foi executado o clássico do folclore mineiro "Peixe Vivo".

Personagens do documentário
Entre as diversas pessoas da comunidade que prestigiaram a exibição, estava o tabelião João Bosco de Moura e Silva, um dos entrevistados para o documentário. Foi ele que localizou o testamento, no Fórum da Comarca do Serro, com a ajuda da professora Maria Eremita de Souza.
Tempos depois, o tabelião entregou o documento à juíza auxiliar da Comarca de Belo Horizonte Lívia Borba, que, na época, era titular na Comarca do Serro. De imediato, ela remeteu o testamento à Mejud, para ser restaurado, preservado e disponibilizado para a coletividade.
O corregedor-geral de Justiça, desembargador Estevão Lucchesi, ressaltou que "A Descoberta do Testamento" resgata, com base em documentos históricos, "a verdadeira trajetória de uma das figuras mais emblemáticas da história de Minas e do Brasil".
"É também um chamado a lançar nova luz sobre a memória de uma personagem cuja vida foi marcada pela luta e pela conquista de espaço em um contexto social profundamente desigual. Este documentário representa mais que um resgate histórico: ele reafirma o compromisso do Poder Judiciário mineiro com a preservação da memória, a valorização da cultura e a difusão do conhecimento."

"Achei o documentário muito bom, porque representa algo importante para a cidade. Como mencionei nele, foi a dona Maria Eremita quem me pediu para procurar o testamento. Eu já tinha ouvido falar dele, mas nunca havia pesquisado. Quando ela me informou a data do falecimento da Chica da Silva, iniciei uma busca rigorosa no cartório e consegui encontrar o documento A letra era quase impossível de ler, mas no fim deu tudo certo."
Outro entrevistado do documentário e um dos mais antigos moradores de região de Milho Verde, Ivo Silvério da Rocha também prestigiou a exibição na praça em frente à Igreja do Carmo, no Serro. Conhecido como Mestre Ivo, ele preserva a memória oral dos escravizados que viveram na região.

"Fiquei muito feliz em ver o filme valorizando nossas tradições dos grupos folclóricos. Sou chefe do grupo de catopês há 47 anos e, como integrante, já tenho 66 anos de dança. Sempre falei que Chica da Silva era de Milho Verde e, agora, o documentário comprovou isso e que existem descendentes dela no Quilombo Baú. Hoje, para mim, é uma grande felicidade ver essa confirmação."
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