“(...) A terra parece que evapora tumultos; a água exala motins; o ouro toca desaforos; destilam liberdades os ares; vomitam insolências as nuvens; influem desordem os astros; o clima é tumba da paz e berço da rebelião.”

Essa frase tem autoria discutida, mas há consenso de que teria sido proferida por ocasião da chamada Revolta de Vila Rica, que teve como palco Ouro Preto, em 1720. Outros levantes haviam ocorrido antes por estas plagas e outros ocorreriam naqueles tempos, fazendo com que Minas fosse irremediavelmente associada, desde suas origens, ao imaginário de abrigar uma gente insubmissa, dada a conspirações. 

Mas seria em 1789 que a conjuração emblemática para a história de Minas Gerais eclodiria: a Inconfidência Mineira, que disseminou por estas terras, de maneira irremediável, o desejo implacável por liberdade e justiça. Entre os insurgentes, o nome de um deles fixou-se na história como mártir: o do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. 

Como uma forma de exaltar os ideais defendidos pelos revoltosos e nos fazer rememorar aqueles acontecimentos e seus grandes personagens, o 21 de abril, data em que, em 1792, Tiradentes foi enforcado, tornou-se feriado carregado de simbolismo para os mineiros e as mineiras. 

Assim, aproveitamos o ensejo deste dia cívico para também rendermos homenagem aos inconfidentes que protagonizaram, de acordo com a historiadora Heloísa Starling, “o primeiro movimento anticolonial da América portuguesa de fôlego no campo das ideias”. E bradamos, uma vez mais, aqui, o lema da bandeira de Minas, herança também dos revoltosos: “Libertas quae sera tamem”.

Desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho
Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais