“Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias... Tanta gente — dá susto se saber — e nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo chuva e negócios bons...”
Em poucas linhas, o fabuloso escritor mineiro João Guimarães Rosa, em sua magistral obra “Grande Sertão: Veredas”, condensa essa procura incessante que move as nossas existências. Estamos sempre em busca de algo, com o olhar voltado ao horizonte, seguindo uma ordem ininterrupta de urgências.
Nesse contexto, as religiões surgem, para muitos de nós, como o lugar de refúgio, onde encontramos esperança, amparo e aceitação para nossa condição de permanente incompletude. Para os que professam o cristianismo, a Páscoa apresenta-se como a data principal do ano, com sua ideia de ressurreição e sua mensagem de esperança.
Trata-se, portanto, de um período do calendário cristão que pode oferecer a todos nós - para além das crenças individuais - oportunidade privilegiada de conexão com o transcendente, bem como um momento propício para a reflexão sobre a importância de permitir que se produza em nós a renovação necessária para nossa evolução.
Feliz Páscoa!
Desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho
Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais