Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Jurados analisam, de forma inédita, uso de prática restaurativa

Plano de ação, elaborado com a concordância da ré e da vítima, pode substituir condenação por tentativa de homicídio


- Atualizado em Número de Visualizações:

O 2º Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte terá, nesta sexta-feira (14/11), uma iniciativa inédita em casos de júri popular no Brasil: será apresentado aos jurados um plano de ação de Justiça Restaurativa (JR) entre ré e vítima para a resolução do conflito.

Not Forum Lafayette - Rua Mato Grosso.JPG
Caso de tentativa de homicídio será julgado no 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte (Crédito: TJMG / Divulgação)

Trata-se do julgamento de um caso de tentativa de homicídio envolvendo um casal de Belo Horizonte. Conforme denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o casal consumia bebida alcoólica quando a esposa, em uma aparente crise de ciúmes, agrediu o companheiro com uma garrafada no pescoço. Ela chegou a ser presa e denunciada pelo crime.

No entanto, na fase de instrução processual, o juízo e o MPMG identificaram a possibilidade de participação das partes em um Círculo de Construção de Paz, da Justiça Restaurativa, e ofereceu a construção de um plano de ação para solucionar o conflito, o que foi aceito por vítima e ré.

Caso o Conselho de Sentença aceite a proposta, a mulher acusada de tentativa de homicídio receberá sentença de absolvição.

O juiz sumariante do 2º Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte, Roberto Oliveira Araújo Silva, que participou da elaboração do plano e é o autor do projeto, que conta com o apoio da 3ª Vice-Presidência do TJMG, explica como se dará o procedimento:

“O casal, que não apresentava histórico de violência e tinha convivência pacífica, se desentendeu por ciúmes. Identificamos a possibilidade de aplicar a Justiça Restaurativa e eles concordaram em participar da formulação de um plano de ação que será apresentado aos jurados. A vítima esteve presente com a autora em todos os atos processuais, dando apoio para que ela se reerguesse, e não gostaria que a esposa fosse processada.”

A decisão sobre o plano caberá ao Conselho de Sentença a ser definido no início da sessão de julgamento.

“Realizamos os Círculos de JR com o casal e o plano de ação será levado ao Conselho de Sentença. É uma metodologia que precisa da participação da sociedade, e os jurados, como juízes naturais e representantes da sociedade no Júri, precisam dar o veredito sobre o plano de ação. Caso seja aceito, será homologada a sentença absolutória. Em caso negativo, o processo segue o rito comum”, afirmou o magistrado.

A sessão do júri, nesta sexta-feira, será presidida pela juíza Maria Beatriz Fonseca da Costa Biasutti Silva. 

O que é Justiça Restaurativa

A Justiça Restaurativa é um processo colaborativo voltado à resolução de conflito em relações prejudicadas por situações de violência.

Com metodologias específicas, são valorizadas práticas de autonomia e diálogo, criando oportunidades para que os envolvidos (inclusive familiares e a comunidade) possam conversar e entender a causa do conflito, a fim de restaurar a harmonia e o equilíbrio.

A ética restaurativa é de inclusão e de responsabilidade social, promovendo o conceito de responsabilidade ativa.

O processo restaurativo é realizado quando as partes envolvidas manifestam sua concordância em participar e pode ser aplicado tanto no âmbito criminal, em Varas Criminais, Juizados Especiais ou Centros Judiciários, quanto no contexto socioeducativo.

A Política Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário está disposta na Resolução nº 225/2016, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e instituída em Minas Gerais pela Resolução nº 971/2021, do TJMG.

Diretoria Executiva de Comunicação – Dircom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG
(31) 3306-3920
imprensa@tjmg.jus.br
instagram.com/TJMGoficial/
facebook.com/TJMGoficial/
twitter.com/tjmgoficial
flickr.com/tjmg_oficial
tiktok.com/@tjmgoficial