Era 5 de julho deste ano quando Kamila Kellen entrou no carro por aplicativo do motorista venezuelano Oscar Behomar, em Belo Horizonte. Ela saía das aulas na Orquestra Jovem do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, onde é violoncelista e monitora, carregando o violoncelo a tiracolo. A presença do instrumento acabou desencadeando uma conversa entre Kamila e Oscar sobre o amor da filha mais velha do motorista, Emily Mendonza, de 17 anos, pela música.
O motorista contou que ele havia se mudado com a família para o Brasil há cerca de três anos, em busca de um futuro melhor para os dois filhos, ante às dificuldades econômicas e políticas na Venezuela. Em seu país de origem, Emily integrava a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, da cidade de Barquisimeto, capital do estado venezuelano de Lara, localizada a cerca de 270 km de Caracas.
A conversa foi um divisor de águas para Emily. Por meio dela, a venezuelana conheceu a Orquestra Jovem do Judiciário mineiro, passou a integrar o grupo, resgatou sua conexão com música e se tornou monitora do projeto do TJMG, contribuindo hoje para a formação musical de outros adolescentes.

“Durante o percurso, Oscar me disse que os dois filhos dele tocavam instrumentos desde crianças, e que o sonho de Emily era voltar a ter aulas de violino, mas as dificuldades financeiras não estavam permitindo isso. Eu fiquei muito sensibilizada com a história e falei para ele sobre o projeto da Orquestra Jovem, para que ele inscrevesse a filha na seleção, a fim de integrar o grupo. Deixei também o meu número de celular”, recorda-se Kamila.
Oscar também se lembra com detalhes da conversa. “A Kamila foi muito receptiva. Ela entrou no carro na Avenida Afonso Pena, na altura do Conservatório de Música. Eu sempre observava o edifício e comentava com minha esposa que ainda daria um jeito de a Emily retomar seus estudos com o violino”, afirma.
Emily também tem boas lembranças daquele dia. “Cheguei cedo da escola e encontrei meu pai emocionado. Ele me contou sobre o encontro com a Kamila e me passou o contato dela. Trocamos mensagens, conversamos, ela me explicou sobre a Orquestra Jovem do TJMG e eu mandei vídeos de minhas apresentações na Venezuela”, diz. Quando surgiu o momento de seleção para a orquestra, a venezuelana fez a inscrição e foi selecionada, iniciando as atividades no grupo em agosto último.
Instrumento de transformação
Desde então, a vida no Brasil ganhou outros contornos para ela. “Minha família é muito musical, e a música sempre fez parte da minha vida. Quando chegamos aqui, minha prioridade era me readaptar a um novo país, a uma nova cultura. Fiquei dois anos sem tocar violino, porque não tinha o instrumento”, lembra. Foi por meio de contatos em uma igreja, mais recentemente, que Emily conseguiu um instrumento para tocar em missas. Mas a aspiração de integrar novamente uma orquestra parecia distante.

Depois do encontro inusitado que culminou com a entrada dela na Orquestra Jovem do TJMG, o sonho foi concretizado. “Está sendo fantástico. Eu me vejo todos os dias sendo feliz, tocando violino”, afirma. E a música já abriu oportunidades futuras para ela. Hoje, ela é também adolescente trabalhadora da Associação Profissionalizante do Menor (Assprom) no TJMG.
Assim como Kamila por meio da Assprom, Emily vem atuando como monitora na Superintendência da Orquestra Jovem e do Coral Infantojuvenil do Tribunal mineiro.
“No dia em que a Emily participou da seleção para a orquestra, ela tocou de maneira belíssima, e eu fico muito feliz de ter feito essa ponte. A partir da entrada dela no projeto, surgiu o emprego, e assim ela está podendo ajudar no sustento da família. A música é isso: instrumento de transformação; ela muda vidas”, resume Kamila.
Diretoria de Comunicação Institucional – Dircom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG
(31) 3306-3920
imprensa@tjmg.jus.br
instagram.com/TJMGoficial/
facebook.com/TJMGoficial/
twitter.com/tjmgoficial
flickr.com/tjmg_oficial