"Aqui, deparamo-nos com instantâneos de uma floresta, uma duna de aspecto onírico e de céus ora azuis, ora cor de jade, ora cor de vinho. Galhos secos, névoas, evocações de desenhos rupestres e árvores frondosas, cujas copas se entrecomunicam numa paisagem de infinitos tons de verdes, em meio aos quais sobressaem folhas ocres, amarelas e roxas".
Com esse trecho do discurso do presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior, o ex-presidente do TJMG e atual superintendente de Projetos Artísticos e Culturais, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho, realizou, na terça-feira (15/4), a abertura da exposição "Entre o real e o imaginário", do fotógrafo Daniel Mansur, na Galeria de Arte da Corte mineira.
A mostra, que pode ser visitada gratuitamente até o dia 19/8, das 9h às 18h, de segunda a sexta, no hall do Edifício-Sede, é a primeira póstuma do artista belo-horizontino, que faleceu em fevereiro de 2025, aos 61 anos.
O público é convidado a mergulhar nas paisagens de Mansur: reais ou nascidas de devaneios, são espaços de silêncio, territórios afetivos onde o tempo desacelera, e a existência se torna leve.
"Entre o real e o imaginário"
A viúva de Daniel Mansur e curadora da exposição, Luana Caldeira, relatou, emocionada, que a preparação da mostra foi um exercício de resgate do olhar do fotógrafo e da importância da arte em sua trajetória.
"O Daniel já havia sido convidado no ano passado e aceitou o convite para estar aqui, este ano, na Galeria de Arte. Infelizmente, partiu antes desse momento tão especial. Para nós, é muito importante estar aqui dando continuidade à presença dele, do olhar dele na fotografia. Escolher cada obra foi um trabalho de resgatar o que a fotografia era para ele e o que representa para nós também", declarou.
Segundo ela, o artista mineiro sempre teve uma conexão profunda com a natureza, com um olhar contemplativo e voltado à captura do mistério presente nas paisagens.
"Essas paisagens imaginárias são um trabalho extremamente autoral do Daniel, que começou durante a pandemia. Ele começou a 'pintar' usando movimento de câmera e exposição longa, para criar paisagens imaginárias dentro de casa, com uma parede, uma cortina ou um fecho de luz que entrava pela janela. Então, tem muita poesia, imaginação e criatividade, mas muita técnica também, para conseguir esses resultados", apontou.
Uma das filhas do artista, Bárbara Cal, contou como foi participar do processo de montagem da exposição póstuma:
"Passamos um pouco pelo nosso luto e pensamos assim: 'Vamos olhar para as obras dele'. Então, foi bom, porque foi uma forma de sair desse lugar de luto. Foi lindo poder ver as obras expostas aqui. É emocionante chegar ali, ver o rostinho dele, porque ainda está muito recente. Isso nos deu uma força para sair do luto dentro de casa e ressignificar as coisas", disse.
Para a filha caçula do fotógrafo, Bianca Mansur, organizar a mostra ofereceu uma oportunidade de reconexão com o legado do pai.
"Daniel era pura arte. Nesse processo de montagem da mostra, percebi que também passei a conhecer ainda mais sobre as obras dele. As fotografias, embora retratem elementos reais, trazem muito do imaginário. Ele conseguia enxergar beleza e poesia em situações cotidianas. Por exemplo, via uma cortina iluminada por um feixe de luz e já imaginava ali uma imagem perfeita. Ver essa exposição montada é muito emocionante. É a concretização de um sonho dele e nosso, como família".
Trajetória
Daniel Mansur (1963–2025), nascido em Belo Horizonte, formou-se em Publicidade pela PUC Minas, em 1987. Com olhar apurado e poético, dedicou-se à fotografia autoral e à documentação da natureza e do patrimônio cultural brasileiro.
Colaborou com instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Instituto Inhotim, o Museu do Ouro e o Museu de Artes e Ofícios. Ao longo da carreira, destacou-se pela contribuição à memória visual brasileira e participou de exposições no país e no exterior, como em Lisboa, Portugal, e em Miami, EUA.
Reconhecido como narrador visual sensível e comprometido com a memória cultural e ambiental, Daniel também colaborou com publicações sobre artistas como Lorenzato, Nuno Ramos e Fernando Luchesi, ampliando o alcance de suas obras. Ele consolidou sua trajetória como artista capaz de traduzir o invisível em imagem e eternizar o efêmero com profundidade e beleza.
Acesse o catálogo da mostra e outras imagens da abertura no Flickr oficial do TJMG.
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