Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Estágio supervisionado no TJMG conta com participação de idosos

Homens e mulheres com mais de 60 anos buscam novos conhecimentos e colaboram para a prestação jurisdicional


- Atualizado em Número de Visualizações:
Not---Estagiarios-idosos-do-TJMG4.jpg
Egler, que atua na Comarca de Juatuba, é o estagiário mais idoso, hoje, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (Crédito: Divulgação/TJMG)

A experiência de vida, aliada aos aprendizados em sala de aula, é um diferencial para estagiários que já passaram dos 60 anos. Em busca de novos conhecimentos e vivências, idosos ingressam no quadro de estagiários do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e contribuem para o andamento da rotina das comarcas.

Aos 74 anos, Egler Onofre Moreira é o mais idoso entre os 6.208 estagiários do Tribunal. Prestes a obter o diploma em Direito no fim deste ano, ele atua no fórum da recém-criada Comarca de Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O desejo do estudante é trabalhar na área de Direito de Família.

“Quando estive em Portugal e na África trabalhei com pessoas carentes que precisavam de uma reestruturação familiar. Por este motivo quero ser um advogado especializado em Direito de Família”, afirmou. “Como meu estágio ocorre no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da Comarca de Juatuba, também quero me especializar na mediação e na conciliação, que representam a Justiça do futuro”, acrescentou.

No TJMG, os estagiários atuam sob a tutela da Coordenação, Seleção e Acompanhamento de Estágios (Coest), que por sua vez está vinculada à Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef). O juiz auxiliar da Ejef e da 2ª vice-presidência Carlos Márcio de Souza Macedo considera o programa de estágio do Tribunal, tanto o de graduação quanto o de pós-graduação, de grande valia para todos os envolvidos com o Judiciário mineiro.

“O estágio é muito mais do que apenas o cumprimento de conteúdo curricular para o aluno, pois traz consigo toda uma expectativa de formação do discente para atuação em sua área, como direito, ciências contábeis, psicologia, serviço social, arquivologia, biblioteconomia, história, letras, conservação e restauro, entre outros”, salientou o magistrado.

Segundo ele, quando o discente inicia o estágio no TJMG, passa a receber ensinamentos práticos ligados à sua área de formação. “Em contrapartida, contribui com os coordenadores ao qual está vinculado e com todos os operadores do direito em geral, trazendo para a prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Essa via de mão dupla enriquece a prestação jurisdicional como um todo”, disse Carlos Márcio de Souza Macedo.

A grande maioria dos estagiários cursa Direito e é formada por jovens com até 30 anos, que sonham em atuar como advogados, defensores públicos, promotores de justiça ou magistrados. Do total das vagas, 4.933 são ocupadas por estudantes de graduação e 1.275 por estudantes de pós-graduação.

Not---Estagiarios-idosos-do-TJMG.jpg
O juiz Carlos Márcio de Souza Macedo considera de grande importância a atuação de estagiários com mais idade (Crédito: Divulgação/TJMG)

Experiência de vida

Com relação aos estagiários idosos, o juiz Carlos Márcio Macedo  acredita que eles têm muito a contribuir com o Judiciário. "A teoria que estão adquirindo na academia, aliada à experiência de vida, proporciona uma melhor troca de experiências e conhecimento com o coordenador, permitindo um aprendizado mais efetivo”, acrescentou o juiz Carlos Márcio de Souza Macedo.

 

E esse é o objetivo de Egler Moreira ao sair de casa cedo e seguir para o Fórum de Juatuba. "Trabalho com muita felicidade", afirmou o aposentado.

Not---Estagiarios-idosos-do-TJMG3.jpg
Egler se apaixonou pelo Direito quando atuou como sindicalista nos corredores do Ministério do Trabalho (Crédito: Divulgação/TJMG)

Estagiário assíduo

A supervisora do Cejusc de Juatuba, Aline Pereira de Jesus, afirma que “além de ter uma ótima relação com todos no fórum, inclusive com a diretora do foro, a juíza Simone Pedroso, ele é prestativo, proativo e tem uma grande facilidade em absorver novidades da profissão”. “Por mais que ele esteja aqui para aprender, somos nós que aprendemos com ele todos os dias por causa da sua grande experiência profissional e o principal: experiência de vida”, acrescentou.

Not---Estagiarios-idosos-do-TJMG7.jpg
A coordenadora do Cejusc de Juatuba garante que aprende muito no dia a dia com a experiência de Egler (Crédito: Divulgação/TJMG)

Novo caminho

Aos 67 anos, a pedagoga Maria Antônia Magalhães de Oliveira, outra integrante da lista dos estagiários idosos do TJMG, nem sonha em se aposentar.  Ao contrário de uma vida pacata, curtindo o lar, viagens, filhos e netos, ela prefere se envolver de corpo e alma no Cejusc da Comarca de Cataguases, na Zona da Mata.

Maria Antônia se formou em pedagogia na década de 1980 e se aperfeiçoou profissionalmente com uma pós-graduação em psicopedagogia. Mas sempre sonhou em ser advogada. Após uma vida profissional estabilizada, atuando em várias áreas da educação, seguiu em busca do sonho e, em 2020, matriculou-se em um curso de Direito, com o incentivo dos dois filhos e dos netos.

A larga experiência no segmento educacional se encaixou nos projetos do diretor do foro de Cataguases, juiz João Duarte Neto, idealizador do “Projeto Paz nas Escolas”, que tem o objetivo de conscientizar adultos e crianças sobre a importância do Poder Judiciário, por meio de palestras ministradas no fórum da comarca. “O juiz depositou confiança em mim e, atualmente, eu o ajudo a viabilizar o projeto na cidade”, celebrou Maria Antônia.

Not---Estagiarios-idosos-do-TJMG6.jpg
Ao lado de Rúbia, a estagiária Maria Antônia, aos 67 anos, especializada em educação, tem prazer em trabalhar com crianças  (Crédito: Divulgação/TJMG)

Além do Projeto Paz nas Escolas, a estagiária também atua no Cejusc, onde se apaixonou pela conciliação e mediação. “Quero me tornar advogada, mas, sobretudo, aprender mais e mais. A conciliação e a mediação têm um lugar especial nesta minha vontade de buscar novos conhecimentos”, afirmou.

A coordenadora do Cejusc de Cataguases, Rúbia Mara Receputi, é uma das maiores admiradoras e incentivadoras de Maria Antônia. “Ela chegou na hora certa para nos ajudar com o Projeto Paz nas Escolas. Eu sempre brinco que, quando crescer, quero ser igual a ela”, disse.

Força e disposição

O diretor do foro de Cataguases, juiz João Duarte Neto, disse que Maria Antônia tem atuação imprescindível no Cejusc. “Ela trouxe uma melhoria no índice de acordos relacionados com a mediação e conciliação. Além das técnicas, a pessoa deve ter sensibilidade social para sentar a uma mesa de conciliação”, ressaltou.

“Maria Antônia tem muita força, disposição e consegue motivar a todos, além de ter uma jornada tripla, pois também é mãe, avó, dona de casa e estudante de Direito. E conciliar tudo isso não é nada fácil”, acrescentou o magistrado.

O juiz João Duarte Neto aponta também o apoio de Maria Antônia aos projetos sociais da comarca, emprestando seus conhecimentos ligados à área da educação. “Todos os projetos sociais da comarca, principalmente os que envolvem crianças e adolescentes, ela abraçou e conseguiu contaminar, no bom sentido, todo o restante da equipe”.

Not---Estagiarios-idosos-do-TJMG1.jpg
Efigênia acumula vários cursos superiores aos 65 anos e atua na comarca de Passos, na área de serviço social (Crédito: Divulgação/TJMG)

Serviço social

A paixão por estudar e buscar mais conhecimentos move a vida de Efigênia Muzetti. Aos 65 anos, ela é formada em ciências sociais, filosofia, educação física e serviço social. E é nesta área que ela atua como estagiária do Judiciário mineiro na Comarca de Passos, no Sul de Minas, em razão de uma pós-graduação.

Em 2000, Efigênia trabalhou na corte mineira, como assistente social nas comarcas de Machado e Monte Santo de Minas. “Gosto de trabalhar no fórum, onde sou muito respeitada. Também gosto de entender mais e mais sobre a justiça, uma causa muito nobre”, disse.

Segundo a coordenadora do Serviço Social da Comarca de Passos, Elaine Goulart, Efigênia iniciou o estágio em agosto do ano passado, sendo a primeira estagiária contratada para o setor. “Ela é muito eficiente, principalmente por causa da larga experiência que possui na área”, afirmou.

Diretoria Executiva de Comunicação – Dircom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG
(31) 3306-3920
imprensa@tjmg.jus.br
instagram.com/TJMGoficial/
facebook.com/TJMGoficial/
twitter.com/tjmgoficial
flickr.com/tjmg_oficial