Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Desembargador Judimar Biber deixa TJMG

Com 26 anos de magistratura, ele recebeu homenagens em última sessão


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Colegas do Poder Judiciário e a família do desembargador Judimar Biber vieram homenageá-lo em sua última sessão

A última sessão do desembargador Judimar Biber, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), nesta quinta-feira (21/12), depois de mais de meio século a serviço do Poder Judiciário, reuniu colegas, familiares, a equipe do gabinete, servidores e admiradores do magistrado.

Estavam presentes filhos, a esposa, a mãe, o irmão e outros familiares do desembargador, que recebeu diversas homenagens dos presentes. Compareceram dezenas de magistrados, entre eles o 1º vice-presidente, Afrânio Vilela, que representou o presidente; a 2ª vice-presidente, desembargadora Áurea Brasil, e a 3ª vice-presidente, desembargadora Mariangela Meyer.

O desembargador Alberto Diniz, presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), destacou no colega “o trabalho profícuo que fará falta”, e lastimou a precocidade da aposentadoria de Judimar Biber.

“Em nome da Amagis, agradeço por sua dedicação ao longo de todos esses anos. Essa retirada não deveria acontecer, quando há tanto ainda para contribuir, mas é preciso respeitar a sua opção de se recolher à família e a outros afazeres. Se por um lado ficamos tristes por perder sua companhia, nós nos alegramos porque sabemos que o veremos na associação e que essa decisão é fruto de amadurecimento e reflexão”, disse.

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O 1° vice-presidente do TJMG, desembargador Afrânio Vilela, salientou o compromisso do colega com a Justiça e lhe desejou bom aproveitamento do "ócio criativo"

O desembargador Afrânio Vilela descreveu o desembargador Judimar como “exemplo ético, de conduta moral ilibada e alto compromisso com as coisas da Justiça”. Para o superintendente judiciário, a data não era alegre, mas inaugurava a fase em que a alma sensível e a consciência tranquila permitiriam ao colega usufruir do merecido descanso, e materializava uma “deliberação pensada”.

O 1° vice-presidente salientou o senso de dever do desembargador, que procurou deixar em ordem o acervo sob sua responsabilidade, às vésperas da aposentadoria. “Com a certeza do dever cumprido, aproveite agora o ócio criativo e os momentos com os que lhe querem bem. Não se esqueça de que este Tribunal é a sua casa”, concluiu.

Sinceridade e honestidade

Outras manifestações se seguiram. O desembargador Jair Varão, companheiro de câmara do homenageado, pediu a palavra e recitou um poema, de acordo com o qual os juízes “são um bicho meio cigano: chegam, saem e logo se vão”. Ele acrescentou que saudar o amigo era uma das mais árduas tarefas que recebeu em 30 anos de magistratura.

Afirmando que, na consulta a vários colegas, sobressaiu a estima de que Judimar Biber era alvo, ele mencionou o “pai amoroso, irmão orgulhoso e marido apaixonado”, o homem parceiro e leal, de coração destemido e humano, à altura da trajetória de seu pai, Gudesteu Biber, que presidiu o TJMG de 2001 a 2003.

“Temperamental e sensível, de gentileza sutil, marcado por isenção e desapego, focado na razão, honesto e destemido, mostrou-se sempre independente e altivo, no esforço contínuo para servir. Que venham novos portos, meu amigo”, concluiu.

Também houve participação do Ministério Público de Minas Gerais. Estavam presentes os procuradores Gisela Potério Santos Saldanha, Ricardo Emanuel de Souza Mazzoni e Antônio Sérgio Rocha de Paula, que destacaram que se tratava de um ciclo que se fechava e outro que se abria, e que o desembargador lhes ensinou muito.

“Desde o início dos anos 1990, conheço sua cultura jurídica e sua fidelidade na distribuição da Justiça. Como pessoa, testemunho que se conduzia de forma enérgica, mas também com simpatia. Desejo-lhe saúde, paz e sucesso”, disse Ricardo Emanuel.

O procurador Antônio Sérgio ressaltou como característica peculiar a capacidade de analisar, na sequência das sustentações orais, de forma técnica e precisa, as questões apresentadas, atualizando seus votos com a apreciação desses argumentos. “Foi um aprendizado e uma honra conviver com o senhor.”

Legado de amizade

A desembargadora Áurea Brasil recordou vários episódios de sua história com o homenageado, colega de concurso a quem ela delineou como “um magistrado completo e um trator para trabalhar”, por quem alimenta carinho e respeito.

“Num retrospecto, ressalto que sempre o tive por uma referência, e desde o nosso contato desenvolvemos forte empatia. Tenho admiração por seu caráter leal e verdadeiro, é uma pessoa em quem se pode confiar”, frisou.

Segundo a 2ª vice-presidente, o desembargador Judimar Biber sai reconhecido por todos os pares. “Vossa Excelência sai como um gigante. Deixará saudades, um nome imaculado, trabalho sólido para várias gerações e um legado”, concluiu.

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Os desembargadores Renato Dresch e Áurea Brasil lembraram momentos com Judimar Biber; Áurea Brasil disse que ele sai "como um gigante"

Mauro Bomfim, em nome da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB/MG), afirmou, citando Roberto Campos, que mais vale ser bem falado na saída que bem recebido na entrada. Desejando felicidades ao magistrado, ele disse que, por trás da aparência de julgador impenetrável, o desembargador Judimar era contundente nos acórdãos e muito capaz.

A 3ª vice-presidente, Mariangela Meyer, disse que, embora não tenha sido muito próxima na convivência com o magistrado, sempre o admirou e respeitou. “Fica um legado maravilhoso. Agora começa uma nova etapa, mas o senhor fez história”, pontuou.

O desembargador Renato Dresch frisou a personalidade forte e a sinceridade do colega, ajuntando que ele soube “fazer a própria hora”. Já o desembargador Fernando Lins lembrou os anos em que travou contato com Judimar, ainda na Faculdade de Direito, a atuação em comarcas vizinhas e a acolhida que recebeu na casa do amigo.

“Entre a Justiça e o Direito, ele sempre optou pela Justiça”, ponderou o desembargador Furtado de Mendonça, declarando sua tristeza por ver alguém tão querido deixar o TJMG, mas enfatizando sua coragem, sua inteligência e seu comportamento exemplar.

A desembargadora Ana Paula Caixeta interrompeu as férias para comparecer à sessão. “Vejo esse momento não como uma despedida, mas como uma homenagem e uma oportunidade de agradecimento. Desejo que sua vida continue iluminada.”

“A sentença é a poesia do magistrado. A partir de hoje, o senhor vai fazer poesia em outras searas e paragens, mas não vai deixar nunca de encontrá-la, pois essa é a essência da vida”, pontuou o desembargador Raimundo Messias Júnior.

Hora de parar

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Aplaudido pelos colegas, o desembargador Judimar Biber agradeceu as homenagens

O homenageado agradeceu todas as boas palavras, aplausos e elogios, atribuindo-as, em tom bem-humorado, à amizade e à generosidade dos presentes, que, sem exceção, fizeram diferença em sua vida.

O desembargador explicou que, após o segundo infarto e uma temporada para observação devido ao risco de mais um, começou a refletir na aposentadoria, pois a atividade jurisdicional é cansativa, estressante e exigente, avolumando-se à medida que avança a carreira de magistrado.

“Peço desculpas pelos momentos em que me faltou a paciência e a temperança. Acredito que posso ter magoado algumas pessoas, com meus modos de sertanejo, mas procurei oferecer sempre um julgamento célere e justo. Toda justiça humana é falha e imperfeita. É a justiça possível, que sofre as limitações de sua época e de nossa ignorância”, refletiu.

Currículo

Nascido em Curvelo, em 13 de junho de 1963, Judimar Martins Biber Sampaio bacharelou-se pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), em 1988. Antes de começar a carreira judicante, trabalhou no Banco Mercantil do Brasil, na Gerência de Processamento de Dados, desenvolvendo sistemas e gerenciando contratos. Atuou, posteriormente, como servidor do extinto Tribunal de Alçada de Minas Gerais.

Ingressou na magistratura em 1993, tendo passado pelas comarcas de Itamogi, Porteirinha, Ituiutaba e Belo Horizonte. De janeiro de 1997 e até maio de 1998 exerceu a função de professor de Direito Constitucional na Universidade de Ituiutaba. Na capital, titularizou-se na 6ª Vara de Fazenda Pública Municipal em fevereiro de 2001.

Em dezembro de 2006, foi promovido a desembargador do TJMG. Foi agraciado com a Medalha da Inconfidência em 2016.

 

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