Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Conferência virtual discute violência psicológica contra a mulher

De acordo com especialistas, a saída está na transformação da cultura vigente


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A superintendente da Comsiv, desembargadora Ana Paula Caixeta, abriu os debates do webinário

A professora e médica Elza Melo e a psicóloga Regina Pimentel participaram, na manhã desta quarta-feira (25/11), de uma conferência virtual sobre violência psicológica contra a mulher, promovida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), por meio da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comsiv).  

De acordo com a superintendente da Comsiv, desembargadora Ana Paula Caixeta, que abriu o evento, a violência psicológica, apesar de ser uma modalidade prevista na Lei Maria da Penha, é um tipo de violência muito peculiar, pois é de difícil identificação, até mesmo para quem a sofre. Para a magistrada, divulgar o trabalho das convidadas é o mesmo que plantar sementes que irão multiplicar-se em iniciativas de combate à violência contra a mulher.

A primeira conferencista do debate, intermediado pelo juiz Marcelo de Paula, titular do 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, foi a médica Elza Melo. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é também a coordenadora e idealizadora do projeto “Para Elas, Por Elas, Por Eles, Por Nós”, que atende mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

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O juiz Marcelo de Paula, do 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, foi o mediador da conferência

Antes de entrar no tema do webinário, porém, Elza Melo disse que gostaria de começar sua exposição falando sobre João Alberto: homem, negro, morto recentemente por seguranças de um supermercado. “A violência não começou ali, naquela cena de terror a que todos assistimos pela TV. Ela começou bem antes, quando perdemos nossas interações e abrimos espaço para o individualismo possessivo, e quando trocamos a solidariedade pela competição desenfreada”, ressaltou. 

Interação 

Durante toda a sua fala, a médica defendeu a importância da interação e do respeito entre as pessoas para o combate a qualquer tipo de violência. E é essa interação a base do projeto criado e desenvolvido por ela, que assiste mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, por meio de rodas de conversa, atendimento médico e realização de diversas oficinas. “A convivência e a troca de experiências entre as vítimas de violência são fundamentais para o fortalecimento e o resgate da autoestima dessas mulheres”, observou.

De acordo com Elza Melo, as mulheres chegam ao projeto muito fragilizadas pelas agressões sofridas, em muitos casos, durante anos. Ela disse que o tipo mais frequente de violência é a psicológica, que consiste em toda forma de comunicação que ofende, desvaloriza, desqualifica ou difama a mulher.  

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De acordo com a médica Elza Melo, a violência psicológia exerce um efeito devastador na saúde das mulheres

“Além disso, a violência psicológica está presente também no controle de comportamento, e é muito difícil de aferir e medir. Pior ainda, é naturalizada e banalizada pela sociedade”, enfatizou a médica. Segundo ela, essa forma de violência pode ter um efeito devastador na saúde das mulheres, causando apatia, tristeza, baixa autoestima, estresse, depressão e adoecimento crônico.

Dialogar

Por sua vez, Regina Pimentel, psicóloga do programa Dialogar da Polícia Civil de Minas Gerais, aposta no diálogo e na educação de homens e mulheres como forma de combate à violência contra a mulher. Ela explica que o programa começou em 2011, com o atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica. Mas foi em 2013 que o projeto ganhou o formato atual e passou a desenvolver um trabalho com homens agressores, encaminhados pelos juizados especiais e pela Vara de Execuções Penais. Além das pessoas encaminhadas, o Dialogar recebe também homens e mulheres, de forma voluntária.

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A psicóloga Regina Pimentel ressaltou que é baixíssimo o índice de reincidência de quem passou pelo programa Dialogar, da Polícia Civil

O trabalho consiste em oficinas de reflexão e responsabilização. Nas rodas de conversa, não são utilizados os termos “vítima” e “agressor”, e sim as palavras “homem”, “mulher” e “participante”. “Lá, o homem é acolhido e ouvido sem julgamentos”, disse a psicóloga. Para ela, é muito importante que o homem possa desabafar e refletir sobre os conflitos vividos e sobre o comportamento que o levou até aquela situação.

Ao final dos debates, a superintendente adjunta da Comsiv, desembargadora Paula Cunha, disse que o webinário foi pensado para marcar o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, 25 de novembro, como uma estratégia para aumentar a conscientização e buscar novas políticas na incansável luta contra esse mal.   

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Para a desembargadora Paula Cunha, a violência contra a mulher é uma violação aos direitos humanos e um problema de saúde pública

A magistrada frisou a importância de um debate generalizado na sociedade, para que as pessoas aprendam mais sobre o tema e se posicionem mais. “A violência contra a mulher atinge a todos, é uma violação aos direitos humanos e deve ser tratada como um problema de saúde pública”, concluiu a desembargadora.

 

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