Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Fórum Lafayette abre Semana da Poesia

Comemorando 12 anos de estrada, o evento traz atração musical e lançamento de livro


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“Que venham as flores, de todas as formas e cores”, exortou o poema da Vânia, lá da Comarca de Santa Rita do Sapucaí, um dos 110 expostos no Espaço Cultural do Fórum Lafayette. Nesta terça-feira, 17 de setembro, durante a abertura da Semana da Poesia, vários outros escritos também ganharam voz, em quadros nas paredes, percorrendo os mais diversos assuntos.

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Os servidores poetas trouxeram familiares e amigos para o evento

São os poemas de 110 colaboradores do Judiciário mineiro que, durante todos os dias do ano, estão cercados de regras, prazos, métodos, tudo dentro do rigor da lei. Mas eles, por algum momento, se permitiram clamar pela beleza ou pela dor, pela gratidão ou pelo protesto, ou mesmo pela miscelânea de tudo ao mesmo tempo.

Segundo o juiz diretor do foro, Christyano Lucas Generoso, metade dos textos foram produzidos por servidores de comarcas do interior, “o que comprova a importância do projeto”.

Ele parabenizou os servidores poetas, que deixaram aflorar o talento e passaram-no para a caneta. “Ao ler atentamente os versos, o leitor pode comprovar a criatividade e a subjetividade presente em cada poesia”, diz.

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O diretor do foro, juiz Christyano Lucas Generoso, deu boas-vindas ao público e parabenizou os poetas pela criatividade

O magistrado conta que um grande número de poemas na edição deste ano fala sobre o desastre ambiental de Brumadinho. “Impossível não se emocionar.” 

Um deles foi o da servidora Denise Costa, da Vara Cível da Infância e da Juventude de Belo Horizonte. Seu poema, “Nada de Novo”, fala sobre as perdas de “Brumadinhos e Marianas”, e se estende sobre Marielles, Chicos Mendes, Marighellas e Amarildos.

“Essas pessoas, assim como Brumadinho e Mariana, sofreram com o descaso”, diz. “A história tem valor, mas não tem preço. São pessoas que representavam a preocupação com o coletivo. Foram além da esfera individual e morreram porque o que prevalece é o lucro.”

A servidora Idelma Borges Costa veio de Araxá para participar do lançamento do livro e receber pessoalmente a publicação. Ela começou a escrever na 9ª Semana da Poesia, em 2016.

Desde então não quis parar mais e já participou de todos as edições do evento até hoje. Além disso, foi se aventurar em outros concursos de poesia pelo País, entrando em várias publicações de coletâneas.

No poema “Novos Tempos”, ela fala da evolução da tecnologia e de seu embate com o ser humano. Segundo a servidora, está em andamento o projeto de lançar cinco livros infantis, cada um com um tema diferente, passando por família, reciclagem, amizade, essência da humanidade e preservação do meio ambiente.

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 "Essa poesia é minha vida. Eu vivi isso", disse, emocionada, a servidora Aheila de Oliveira

Outra surpresa do evento foi a homenagem à copeira Cora Regina, feita por Ronaldo Santos, da Vara Cível da Infância e da Juventude. Famosa por sua alegria, seus sucos e chás, acabou virando tema: “Cora Coralina/ faz um chá bem gostoso/ mate com morango/ pra baixar minha adrenalina”.

Atrações

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A escritora Sidneia Simões lançou o livro de cartões postais poéticos "Desarmadilha" durante o evento

A jornalista, atriz, professora e servidora aposentada Sidneia Simões voltou ao TJMG para lançar seu livro Desarmadilha e rever os amigos. Trata-se, segundo ela, de um cartão-postal poético, em que alguns poemas estão duplicados, para que possam ser destacados da publicação e distribuídos pelo leitor. Segundo ela, a ideia de publicar cartões-postais teve a intenção de agregar pessoas em torno da poesia e criar correntes de afetos entre as pessoas.

“A arte de um modo geral toca as pessoas diretamente e trabalha a sensibilidade. Nesse momento em que vivemos, precisamos emocionar o outro, criar espaços coletivos para reflexão, dividir ideais de uma vida mais humanitária e compartilhada. A arte é válvula de escape, que acaba por criar pontos de intercessão entre as pessoas”, diz.

Para Sidneia, a Semana da Poesia é importante para proporcionar o compartilhamento de dores e alegrias, o que é muito saudável. “Todos precisam respirar”, afirma.

Encerramento

Para terminar o evento com alegria, o cantor e compositor Ricardo Nazar, juntamente com os músicos Renato Saldanha e Beto Lopes, trouxe voz e violão ao Fórum Lafayette. O público se emocionou, acompanhou o ritmo com palmas e cantou junto clássicos de Chico Buarque, Milton Nascimento, Vinícius de Moraes e Toquinho, entre outros.

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O cantor e compositor Ricardo Nazar cantou clássicos de Chico Buarque e Milton Nascimento e emocionou a plateia

O cantor agradeceu a oportunidade de entrar na casa da Justiça e afirmou: “É uma honra poder celebrar aqui a música e a poesia. Um lugar tão cheio de gente, de histórias, de conflitos e resoluções. Muito prazeroso saber que aqui também é lugar de poesia, e que já está na 12ª edição. Pude ler alguns poemas nas paredes, é perceptível que deixaram seus sentimentos aflorarem”.

Para o cantor, são muito importantes eventos como esse, porque no mundo de hoje, a arte é essencial. O dia em que todos tiverem um pouco mais de poesia no coração, haverá menos conflitos, menos divergências e mais harmonia social, aposta.

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