O artista plástico Leo Piló, referência mineira em reaproveitamento de materiais para criação de objetos e arte a serviço da preservação da natureza, é o convidado da Galeria de Arte do Espaço Cultural Fórum Lafayette para o mês de junho. A exposição “Sustentabilidade em Ação” traz peças produzidas tendo como princípio os três “erres” – redução, reciclagem e reutilização –, princípio que o artista adotou e defende para criar objetos e revisar hábitos com sustentabilidade.
A exposição Sustentabilidade em Ação motivou uma edição especial do projeto “Toque Especial” do Espaço Cultural Fórum Lafayette, que busca proporcionar aos deficientes visuais a oportunidade de fruição das artes plásticas expostas na Galeria de Arte, por meio do toque, sob a orientação dos artistas.
A abertura será no dia 6 de junho, às 14 h, e contará com uma palestra do artista especialmente preparada para o “Toque Especial” com a presença dos servidores do TJMG, deficientes visuais. No dia 7, também às 14h, é a vez dos alunos do Instituto São Rafael, mas a comunidade pode participar de ambas as palestras.
Piló afirma que ficou entusiasmado com a possibilidade de despertar, “também nesse público com sensibilidade e percepção tão específicos”, a curiosidade de reconhecer os materiais utilizados. O artista espera também estimular o desejo dos espectadores de conhecer seu processo criativo, o conceito das obras e, a partir desses elementos, fazer sua própria interpretação das obras.
A exposição “Sustentabilidade em Ação” integra a programação do Plano de Logística Sustentável (PLS) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para a Semana Mundial do Meio Ambiente. O PLS tem por finalidade transformar a responsabilidade socioambiental em práticas cotidianas de sustentabilidade na instituição. Essa é mais uma das atividades propostas para a sensibilização de magistrados, servidores e também do público que frequenta a instituição.
Uma visita ao ateliê: arte a partir do lixo
Miúdo, camuflado em meio aos resíduos recolhidos pelas ruas da capital, o impetuoso Leo Piló dobra com agilidade um retângulo de acetato transparente que vai compor um crachá, desenvolvido por ele para ser usado pelos participantes de uma feira de literatura. Ao fundo do galpão, instalado em quase todo o quintal de uma antiga casa no Bairro Prado, enormes corações de papelão, coloridos em vários tons, estão em fase de acabamento e vão ressignificar o espaço da Praça Duque de Caxias para um festival que vai celebrar e promover a qualidade da gentileza.
Com a naturalidade daquele que “aprendeu a valorizar o tempo”, o criador conta sobre as inúmeras e variadas encomendas que recebe mensalmente, as quais ele administra com a tranquilidade adquirida pela experiência de quem começou sua carreira na indústria da moda, alimentando as linhas de produção de grandes grifes das décadas de 1980 e 1990.
Assim a arte se transformou em profissão para ele, o irmão e um primo, também artistas plásticos, por meio de contratos com empresas brasileiras, como Company, Fiorucci, Zoomp, Boys and, Girls, e estrangeiras. O grupo comprou uma casa antiga no Prado, na capital, onde até hoje está o ateliê de trabalho de Leo Piló, e montou uma fábrica.
Foram quase 15 anos trabalhando para a indústria. Depois de “perder” os parentes artistas para o mercado internacional e sentir que a autonomia da criação começava a ser ameaçada pela imposição da lógica de mercado, a inquietação inerente levou o artista à sua primeira reviravolta.
Ele conseguiu a aprovação de um projeto através da Lei de Incentivo à Cultura para a exposição “Lixo Arte”, no Palácio das Artes, em 2000, que tinha como objetivo criar, com materiais recicláveis, móveis e objetos para mobiliar uma casa.
Aí Piló teve seu primeiro contato com a Associação dos Catadores de Papel e Material Reaproveitável (Asmare). A associação recebeu mesas, estantes e cadeiras produzidas por ele, como contrapartida do projeto. A afinidade do trabalho do escultor com as atividades da entidade deu início a uma parceria, inicialmente para mobiliar o bar Reciclo, idealizado pela entidade naquele ano.
O que seria uma curta temporada durou mais de dez anos, com uma rica troca de experiências entre a entidade e o artista, que alega ter recebido, nos anos em que esteve diretamente ligado à entidade, “régua e compasso”. Desde então, a busca de caminhos para reaproveitar o que foi descartado e recriar realidades novas a partir do usado foi se ampliando e não parou mais.
Serviço
Sustentabilidade em Ação – Exposição integrante do projeto Toque Especial
Abertura: 6 de junho, às 14h
Período: 7 de junho a 26 de julho
Galeria de Arte do Espaço Cultural Fórum Lafayette
Avenida Augusto de Lima, 1.549 - Barro Preto, BH
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h (dias úteis)
Assessoria de Comunicação Institucional – Ascom
TJMG – Unidade Fórum Lafayette
(31) 3330-2123