O projeto Rua do Respeito realizou sua primeira ação em 2016. Noventa pessoas em situação de rua acompanharam ontem, 10 de fevereiro, o jogo entre Atlético e Caldense no setor VIP Minas do Estádio Independência. Os participantes do passeio vivem no Abrigo Municipal Tia Branca, parceira do projeto.
Por volta de 21h, eles chegavam animados e era difícil distinguir se sorriam mais com os olhos ou com a boca. Alguns com os olhos marejados, outros castigados pelo tempo e uns que, apesar dos sorrisos incompletos que trazem consigo, puderam dar o sorriso mais completo de suas vidas. A logística da ação incluiu transporte e lanche durante o intervalo.
Para Lázaro Germano, que dos seus 38 anos passou os últimos cinco no abrigo Tia Branca, a ida ao estádio foi muito boa para acabar com o ócio encontrado no albergue. “É bom, é um lazer pra gente, que acaba não tendo muita opção lá”, completou.
Já Marcelino da Silva, de 46 anos, chegou em abril à instituição. Na sua primeira vez em um estádio de futebol, Marcelino destacou a emoção de ver o time para o qual torce e disse que o futebol representa muito para os amparados. Ele ainda pediu que ações como essa se repitam constantemente.
O juiz Sérgio Caldas Fernandes, auxiliar da Corregedoria e titular da 23ª Vara Cível de Belo Horizonte, um dos representantes do TJMG no desenvolvimento das atividades relacionadas ao projeto, comentou que a ação tem o poder de despertar a vontade daqueles em situação de rua de se desenvolverem como pessoas e como cidadãos. “Daí a necessidade de atos como este, pois a autoestima da pessoa em situação de rua aumentará a perspectiva de que ela pode voltar ou, pela primeira vez, entrar naquela sociedade que o rejeita”, enfatizou.
Vanessa Rezende, técnica de referência do abrigo Tia Branca, frisou a importância da visita realizada ontem para dar visibilidade a esse público. “O projeto Rua do Respeito nos ajuda muito para reinserir, e muitas vezes até inserir pela primeira vez, essas pessoas na sociedade”, disse.
O Atlético se manifestou por meio de seu diretor jurídico, Lásaro Cunha. Ele destacou a importância dos órgãos públicos na execução de ações que ajudem essa comunidade a ter o mínimo de participação coletiva. O diretor disse ainda que a sociedade deve se lembrar mais daqueles que têm ou tiveram algum tipo de trajetória de rua.
O projeto
O projeto “Rua do Respeito: todos temos direito a ter direitos” é resultado de um termo de cooperação técnica assinado, em maio de 2015, pelo TJMG, MPMG e Servas. Desde então, as três entidades têm mobilizado, articulado e integrado esforços em prol da população que vive nas ruas, viabilizando ações voltadas para a promoção do exercício da cidadania dessa comunidade.
Entre as medidas da iniciativa, estão aquelas voltadas para a profissionalização, o acesso à Justiça, a proteção dos direitos, a reconstrução da vida e a inclusão social. Além das ações voltadas para as pessoas em situação de rua, o projeto visa sensibilizar a sociedade para os direitos desse público.
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