Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Funcionárias da biblioteca do TJMG se voluntariam em Apac

Trabalho envolve catalogação de livros e oferta de oficina


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As fucionárias da biblioteca revelam que, para os recuperandos, a encadernação pode, futuramente, ser fonte de renda

O amor pelos livros, a empatia pelo outro, o encantamento pelo trabalho realizado pelas Associações de Proteção aos Condenados (Apacs), a vontade de doar tempo a alguma causa relevante... Um pouco de tudo isso explica o surgimento de um trabalho de voluntariado na unidade da associação em Santa Luzia: oficinas de encadernação para recuperandos e trabalho de catalogação do acervo da biblioteca do espaço. 

 

Servidora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais há 22 anos – 10 deles na biblioteca da Casa, na capital –, Rosa Angélica Araújo Sá, uma das voluntárias na iniciativa, conta que sempre admirou o trabalho das Apacs. “Eu já era apaixonada pela metodologia; sempre assistia a palestras sobre o tema e, quando cursava Direito, visitei a Apac de Nova Lima. Depois de assistir a uma seminário sobre bibliotecas prisionais, nasceu em mim a ideia de fazer ali algo envolvendo o meu trabalho”, conta.

 

Rosa uniu-se a uma servidora aposentada do TJMG, Lígia Bruzzi Nicacio, bibliotecária como ela, e decidiu iniciar o trabalho de catalogação do acervo da biblioteca da Apac de Santa Luzia. Os livros estavam dispostos no local, sem nenhum critério, depositados em uma sala. "Os recuperandos tentavam manter o material limpo da maneira como podiam, mas havia muito poeira e não era possível começarmos a catalogar. Percebemos que os recuperandos precisavam, primeiro, aprender técnicas de higienização de livros”, conta.

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A servidora Rosa Araújo Sá (à esquerda) e a terceirizada Marlene Lemos Silva (à direita) durante uma das oficinas 

Duas funcionárias terceirizadas da biblioteca do TJMG, Marlene D´Arc Lemos Silva e Fabiana Francisca de Souza, foram então convidadas a ensinar as técnicas aos recuperandos. Especializadas em higienização e recuperação de livros, ambas, após o primeiro contato com a Apac de Santa Luzia, sentiram-se impelidas a se juntar ao projeto. Quando terminaram de ensinar aos recuperandos como higienizar as obras, decidiram iniciar ali oficinas de encadernação.

 

Até o momento, duas turmas – um total de 16 presos do regime fechado – puderam participar da iniciativa, e outras oficinas ainda serão ministradas. Para a compra do material necessário para a catalogação e as oficinas – etiquetas para lombadas dos livros, carimbo e itens para encadernação –, as voluntárias contaram com a ajuda financeira do Núcleo de Assistência ao Servidor Solidário (NASS) do TJMG.

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Orgulhosos do resultado do trabalho na oficina, os recuperandos já pensam em presentear familiares com os objetos confeccionados

“Para mim, essa experiência tem sido muito gratificante. É muito bom poder repassar o que aprendi e com isso fazer a diferença na vida dessas pessoas. Percebemos o esforço deles para mudar de vida, e a encadernação pode ser fonte de renda para eles. Na oficina, eles estão percebendo que com as mãos podem fazer algo belo. Eles ficam empolgados e pensam logo em presentear os filhos, a esposa”, conta Marlene.

 

A funcionária da biblioteca do TJMG afirma não saber os motivos que levaram cada um daqueles recuperandos à condenação, mas observa que muitos passaram por várias cadeias e vivenciaram situações extremamente difíceis. “Eles contam que eram tratados ‘como lixo’. Por isso, com toda a dignidade com que agora são tratados na Apac, e vendo a gente ali, ao lado deles, ensinando alguma coisa, sentem-se valorizados.”

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A técnica da encadernação permite aos recuperandos realizar algo belo com as mãos e a iniciativa é considerada terapêutica

Para a servidora Rosa, a experiência também tem sido transformadora e por isso ela acredita que qualquer um que conheça de perto uma Apac, que se veja frente a frente com os recuperandos, será tocado pela iniciativa. Algo que pode contribuir para minimizar o preconceito com as pessoas privadas de liberdade.

 

Humanização da pena

 

As Apacs são unidades que buscam humanizar o cumprimento das penas privativas de liberdade, na tentativa de recuperação do ser humano que cometeu um crime. A disciplina no local é rígida: todos devem trabalhar e estudar. Mas ali não há armas ou agentes penitenciários e os recuperandos têm a chave da própria cela. Doze pilares sustentam as Apacs, entre eles a participação da comunidade, o trabalho, a assistência jurídica, a valorização humana e a família.

 

Saiba mais sobre as Apacs nas reportagens especiais, publicadas no Portal TJMG, aqui, aqui e aqui.

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Duas oficinas de encadernação já foram realizadas, capacitando 16 recuperandos do regime fechado

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