Em clima de entusiasmo e ansiedade, as recuperandas da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Belo Horizonte participaram, nesta quarta-feira (20/1), de mais uma oficina de contação de histórias do projeto “Caminhos e Contos: a ressocialização pela palavra”. As oficinas passaram a ocorrer de forma virtual, em função da necessidade de distanciamento, por causa da pandemia de covid-19.
Parceria da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e do programa Novos Rumos, a iniciativa tem caráter cultural e educacional, mas também possibilita que as participantes vivenciem momentos de descontração, reflitam sobre suas escolhas, divirtam-se e se emocionem. A formação é voltada para 40 recuperandas. São duas turmas, com aulas semanais, às quartas e quintas-feiras.
A desembargadora Mariangela Meyer, que representou o 2º vice-presidente do TJMG e superintendente da Ejef, desembargador Tiago Pinto, disse que as oficinas de contação de histórias são mais uma oportunidade de formação e crescimento para as apaquianas. Segundo ela, a modalidade virtual é eficiente e vem ganhando espaço, especialmente em um momento em que é necessário distanciamento, em função da crise sanitária.
“A partir de hoje, se inicia uma sistemática de aprendizagem nova para muitas recuperandas. A inovação tecnológica permite que mesmo espacialmente afastadas as pessoas se coloquem juntas e interajam. Assim, as apaquianas mineiras participarão dessas oficinas, que têm como objetivo a reintegração social e a promoção do indivíduo por meio da palavra”, afirmou.
A desembargadora Mariangela Meyer expressou sua confiança no potencial transformador da experiência. Ressaltou as qualidades da instrutora, contadora de histórias, Rosana de Mont’Alverne Neto, destacando sua competência, sensibilidade, atenção ao lúdico e o amor pela literatura.
“Nós nos esforçamos para não deixar a pandemia impedir esse trabalho tão bonito. Nosso mundo está, principalmente agora, carente de conforto, carinho, aconchego. Não podemos nos abraçar, nos tocar. Serão ferramentas valiosas. Aproveitem bastante, desejo-lhes sucesso”, ressaltou a desembargadora.
A pesquisadora, contadora de histórias e servidora aposentada do TJMG Rosana de Mont’Alverne Neto provocou as reeducandas com a pergunta: “O que é necessário para contar bem uma história?”. Salientou que se trata de uma verdadeira arte, que requer habilidades.
“É preciso ter imaginação, exercitar a memória, ser um bom observador da realidade e saber usar bem a voz, projetando-a”, explicou. Em seguida, ela narrou história envolvendo um rei e um homem pobre, suas respectivas esposas e a mágica trazida pelo colorido das narrativas da jornada diária e da trajetória familiar a um cotidiano de pobreza e simplicidade.
A contadora de histórias disse que as imagens são importantes para ajudar a impressionar a audiência, construir uma sequência, articular as partes e guiar o contador. Por isso, são fundamentais os detalhes, mesmo que isso exija improvisação e jogo de cintura, porque a história depende do contexto de contação.
Mont’Alverne também orientou as participantes a estruturar a história, com organização, divisão de cenas, enriquecimento de repertório pessoal e apropriando-se cada vez mais do conto para que ele ganhe a cara do contador. “A boa história comove e diverte, chega ao coração das pessoas”, disse.
Caminhos e contos
Apesar da restrição de contato, a participação empolgada do grupo mostrou que as oficinas conseguiram fisgar as recuperandas. Elas comentaram a história, riram e demonstraram motivação. Atentas às dicas e técnicas, fizeram anotações e perguntas.
As recuperandas ficaram com a incumbência de preparar textos, a partir dos ensinamentos. Elas fizeram um exercício de recontar as histórias pela primeira vez. Essas narrativas serão aperfeiçoadas ao longo da oficina.
Acompanharam a atividade a diretora-executiva de desenvolvimento de pessoas da Ejef, Thelma Regina Cardoso; o assessor da 2ª Vice-Presidência, Washington Luiz da Silva; a psicóloga Marília Miranda de Almeida, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento de Competências Humano-Sociais (Nudhs); e a servidora Valéria Vianna, além de equipes de apoio técnico.
Especialista em Arte e Educação pela PUC Minas e mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rosana de Mont’Alverne Neto é contadora de histórias desde 1995, escritora, tradutora e editora de literatura infantil e juvenil e do Instituto Cultural Aletria.
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