Pessoas com deficiência visual, de várias partes de Belo Horizonte, estiveram hoje, 30 de maio, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), para uma sessão de cinema organizada especialmente para elas. Em cartaz, o filme “O Palhaço”, primeira obra a ser exibida na nova fase do Cineclube TJ, que, a partir de agora, terá sessões com o uso da audiodescrição. A sessão, aberta ao público, atraiu também inúmeros espectadores, muitos deles sem qualquer deficiência, curiosos para conhecer o recurso que facilita o entendimento para quem não pode ver.
O escurinho da sala até não fez diferença para o público-alvo do Cineclube TJ Especial, mas o mesmo não pode ser dito em relação ao narrador, que descreveu cenas sem diálogo e informações que só poderiam ser compreendidas visualmente. Com a audiodescrição, a plateia ouviu os créditos da obra, o nome dos atores principais em cena e detalhes do que acontecia no filme nas partes em que só havia o fundo musical ou o silêncio. Para quem não pode ver, os detalhes descritos foram fundamentais para compreender a história.
Boas-vindas
As boas-vindas à sessão de cinema especial foram dadas pelo coordenador do Cineclube TJ, juiz Magid Nauef Láuar, que descreveu os esforços do TJMG para dar um tratamento igualitário a todos. “Esse é um momento histórico, em que o Tribunal busca também cumprir uma função social”, afirmou. Para o magistrado, é muito importante que o TJ ofereça, de maneira idêntica, oportunidades de cultura e lazer. Assim, segundo ele, o Judiciário mineiro vai além das exigências legais de inclusão social, para promover o exercício da igualdade.
O magistrado também transmitiu aos espectadores a mensagem do presidente do TJMG, desembargador Herbert Carneiro, um apoiador fundamental da iniciativa: “Essa á primeira exibição, de muitas que virão. Queremos alcançar o público tanto dos quadros de servidores do Judiciário, quanto da sociedade em geral. É preciso reconhecer o caráter relevante e inovador de ampliar a acessibilidade do Cineclube TJ às pessoas com deficiência visual”.
Para quem tem deficiência visual, a sessão foi muito bem-vinda. “Já estive no cinema, mas foi horrível. Meu filho ou minha esposa precisam ficar ao meu lado, descrevendo o que está acontecendo. Nunca tinha assistido a um filme com audiodescrição”, contou o servidor do TJMG Adoniran Alves Andrade, com deficiência visual quase total. Ao lado dele estavam o filho Juan Andrade, de 14 anos, e a esposa Juliana Maria Pereira Andrade. “Em geral, ele não gosta de ir ao cinema, porque é difícil entender o que está se passando na tela. Eu tento descrever para ele, mas muitas vezes me perco”, revela Juliana.
Diversão
A assistente social Elisângela Lima, com deficiência visual total, ficou sabendo da sessão de cinema pela divulgação feita aos participantes do Movimento Unificado dos Deficientes Visuais. “A iniciativa é válida e precisa ser ampliada. A gente deveria ter a opção de ir ao cinema quando quisesse. Ao criar uma sessão com audiodescrição, o Tribunal mostra que está preocupado com esse público”, opiniou. A psicóloga Tatiana Carvalho também ficou sabendo do filme pela divulgação recebida por e-mail e por grupos de Whatsapp. “Eu adoro cinema. Se pudesse, iria toda semana. Mas, com a deficiência, só posso ir quando há alguém que possa ir para descrever o que está acontecendo”, disse. Mas a companhia, segundo ela, que tem deficiência visual total, não significa que a diversão será garantida, já que muitas pessoas ao escutarem outra pessoa narrando o filme começam a reclamar do barulho. “É um constrangimento.”
Para Rafael Breno dos Santos Pereira, procurar o cinema para ver um filme sem audiodescrição não faz muito sentido, porque é difícil compreender todas as partes da história. “Uma pessoa pode até descrever a cena, mas nem sempre isso é legal, porque ela pode passar suas opiniões e impressões particulares. Com a audiodescrição, não há esse risco. Por isso, a iniciativa é tão bacana”, afirmou o técnico administrativo, que também tem deficiência visual total.
Lidiane Barros, funcionária do Tribunal, sem deficiência visual, se interessou pelo filme e decidiu assistir à sessão mesmo sem precisar da audiodescrição para compreender a obra. “Eu queria ver como era um filme com esse recurso. Acho que a iniciativa é muito boa por promover a inclusão.”
O ouvidor do TJMG, desembargador Moacyr Lobato, também esteve na sessão especial para apoiar a iniciativa e para acompanhar as pessoas com deficiência visual que trabalham sob sua supervisão.
Obra
A obra “O Palhaço”, que inaugurou o Cineclube TJ Especial, foi coescrita e estrelada por Selton Mello. O filme brasileiro, de 2011, retrata a crise existencial vivenciada por um palhaço, que decide encontrar seu próprio caminho. A partir de agora, novas sessões especiais serão realizadas e passam a integrar o Cineclube TJ que, mensalmente, há mais de dez anos, já promove exibições comentadas e abertas ao público em geral. Por enquanto, o TJ ainda estuda qual será a periodicidade das sessões extras.
Para viabilizar o Cineclube com audiodescrição, o TJMG fez uma parceria com a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, que dispõe de um acervo de obras cinematográficas com audiodescrição. Esse recurso não interfere na obra e pode ser empregado não apenas no cinema, mas também em peças de teatro, espetáculos de dança, óperas e manifestações artísticas em geral.
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