Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Presos de Rio Pomba expandem a fabricação de máscaras

As peças produzidas por eles já estão sendo utilizadas em outras comarcas


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Atualmente, oito detentos trabalham na confecção das máscaras faciais (Foto: Divulgação/TJMG)

Detentos do presídio de Rio Pomba aumentaram a produção de máscaras de proteção contra a covid-19, e a confecção, que começou de maneira experimental, já chega a 1,5 mil unidades por mês. Além de serem enviadas para Belo Horizonte, as máscaras, que começaram a ser produzidas há cerca de um ano, estão sendo utilizadas em ações do Judiciário em outras comarcas do interior do estado.

Diversas parcerias possibilitaram a realização desse trabalho, que vem crescendo mês a mês. A maioria dos insumos para a fabricação das máscaras são fornecidos pelo Governo do Estado de Minas Gerais, que, por sua vez, fica com grande parte da produção, para ser utilizada em hospitais e outras instituições públicas. No fim de março, por exemplo, foram entregues para a Secretaria Estadual de Saúde 30 mil unidades.

Grande incentivadora da iniciativa, a juíza da Vara Única da Comarca de Rio Pomba, Luciana de Oliveira Torres, destaca também as parcerias que estão sendo estabelecidas com outras comarcas do interior de Minas, como Porteirinha e Itambacuri, que acabaram de receber máscaras confeccionadas pelos detentos. “Quando vejo que o trabalho dos presos está ajudando não só Rio Pomba mas também outras comarcas, eu sinto esperança em dias melhores”, disse.

Ação solidária

A Comarca de Porteirinha recebeu 5 mil máscaras e, em contrapartida, doou tecidos para o projeto. Já a Comarca de Itambacuri foi beneficiada com 4.280 máscaras e participou com a doação de 1,6 mil metros de elástico. As máscaras serão utilizadas em uma ação solidária da qual o fórum irá participar.

De acordo com o diretor do foro de Itambacuri, juiz André Luiz Alves, será realizada, em parceria com outras instituições locais, uma campanha de doação de 2 mil cestas básicas para a população carente da região. Junto aos alimentos, serão ofertadas também as máscaras de proteção facial.

 

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A confecção das máscaras é intercalada com a fabricação dos próprios uniformes utilizados pelos presos (Foto: Divulgação/TJMG)

 

“Nossa comarca faz parte do Vale do Mucuri, uma região onde há muita pobreza. A intenção é chegar com alimento e proteção às famílias que realmente precisam desse auxílio”, pontuou o magistrado.

A juíza Luciana de Oliveira ressalta ainda a contribuição positiva do trabalho para os próprios detentos e para a sociedade. “Além de ser uma forma de os presos repararem em parte os seus erros, as atividades contribuem também para a sua ressocialização e os preparam para um futuro retorno ao convívio social”, argumentou.

Segundo o diretor do presídio de Rio Pomba, Rodrigo Sestalo Alves, oito detentos do regime fechado trabalham atualmente na confecção das máscaras. O serviço, que consome oito horas diárias, é intercalado com a produção dos próprios uniformes usados pelos internos do estabelecimento prisional e de vários outros do estado. “Esse esforço é recompensado pelo benefício da remissão da pena. A cada três dias trabalhados, os presos têm direito à redução de um dia no restante da condenação a ser cumprida”, afirmou.

Rodrigo Sestalo explica que as máscaras confeccionadas no presídio também são utilizadas para a proteção dos 142 detentos, assim como pelos 34 policiais que fazem a segurança do estabelecimento, sem descuidar, é claro, das outras medidas de prevenção ao novo coronavírus.