Uma inédita parceria entre o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a multinacional Novo Nordisk permitirá que exames para detecção do novo coronavis sejam ampliados em todo o Estado de Minas Gerais.
Os exames ainda não estão sendo realizados por falta dos principais insumos, mas até julho o laboratório de diagnósticos da Unimontes estará produzindo, em média, 350 resultados por semana.
O Tribunal de Justiça se destacou na parceria com a doação de R$ 162 mil, provenientes de verbas de penas pecuniárias, recurso que já está sendo utilizado para compra de insumos e modernização do laboratório.
Liberação de verba
O diretor da Comarca de Montes Claros, cidade do Norte de Minas, a 420 km de Belo Horizonte, juiz Evandro Cangussu, conta que, em uma conversa informal, seu irmão, que é professor da Unimontes, relatou que o laboratório de diagnósticos da universidade poderia ser muito útil no enfrentamento da pandemia da covid-19.
Faltava ao laboratório uma certificação por parte da Fundação Ezequiel Dias (Funed) para que os profissionais do Norte de Minas entrassem diretamente na guerra contra o vírus. As tratativas aconteceram em tempo recorde, com o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Nelson Missias de Morais, sendo acionado e se prontificando em doar a verba oriunda de penas pecuniárias.
“Rapidamente o valor foi liberado e permitiu que o laboratório iniciasse a modernização e se habilitasse a realizar os exames”, lembra o magistrado. Os primeiros contatos foram feitos em meados de abril.
Mas a ajuda do TJMG ainda não era suficiente para a solução do problema. O próximo passo foi receber da empresa Novo Nordisk, maior produtora de insulina da América Latina e instalada em Montes Claros, um equipamento que custa mais de R$ 300 mil e permite a extração automatizada do ácido nucleico das células suspeitas de contaminação.
Agilidade e segurança
De acordo com o pró-reitor de Pós-Graduação e professor do Departamento de Bioquímica e Diagnósticos da Unimontes, André Luiz Sena Guimarães, o recebimento do equipamento representou a superação da primeira etapa do processo de diagnósticos da Covid-19, além de garantir agilidade e segurança na realização dos exames.
“Este primeiro processo pode ser feito manualmente, mas além dos riscos de contaminação, leva três vezes mais tempo, atrasando os resultados”, detalha o pró-reitor que tem mais de 20 anos de experiência em biologia molecular e diagnóstico.
A segunda etapa consiste na purificação do ácido e em seguida na transformação em DNA, o que é feito com a ajuda de um equipamento que se chama RT-PCR. De acordo com o professor André Luiz, a universidade já possui alguns destes equipamentos, mas recebeu outro da Novo Nordisk para acelerar a produção de resultados.
A última etapa, segundo o pró-reitor, é o resultado, positivo ou negativo, de acordo com as curvas de amplificação determinadas pelo equipamento.“Inicialmente queríamos apenas ajudar o Estado. Agora, com o agravamento da pandemia, seremos o próprio Estado na luta contra a Covid-19”, ressalta o professor.
O laboratório da Unimontes já foi certificado pela Funed e agora aguarda a entrega da primeira remessa de insumos, principalmente reagentes, já adquiridos com parte da verba do TJMG.
“A entrega está atrasada porque o mundo inteiro procura pelos mesmos produtos, mas imaginamos que no máximo até meados de julho já estaremos realizando os exames”, prevê o professor.
Ele calcula que o laboratório terá capacidade de produzir em média 350 resultados por semana e atenderá prioritariamente a região do Norte de Minas, onde aos poucos a covid-19 se propaga.
Dez profissionais
Enquanto os insumos não chegam, os profissionais da Unimontes estão fazendo várias simulações de exames, para que estejam totalmente adaptados para produção dos exames reais.
Segundo o professor, atualmente o projeto conta com 10 profissionais – 5 professores e 5 alunos da pós-gradução. “´É bom lembrar que a modernização do laboratório nos traz muita segurança, mas ainda assim é um processo com riscos de contaminação. Nossos alunos são pobres e são considerados 'ouro' dentro de suas famílias. Portanto é fundamental que trabalhem em total segurança”, alerta o professor.
Além dos reagentes, a verba do Tribunal de Justiça está sendo utilizada para compra de ponteiras, pipetas, balanças, cabines de segurança biológica, medidores de PH e outros apetrechos químicos.
“Foi um dinheiro abençoado que chegou em boa hora e está sendo muito bem utilizado para ajudar a salvar vidas”, completa o professor em tom eufórico e ao mesmo tempo emocionado com o projeto.
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