A juíza Lúcia de Fátima Magalhães Albuquerque Silva, da Comarca de Ouro Preto, idealizou um projeto para que os presos da comarca pudessem trabalhar e assim abater tempo da pena – a cada três dias trabalhados, diminui-se um dia no cumprimento da pena. O projeto Franciscos, em que presos confeccionam terços de São Francisco, é desenvolvido em parceria com a Pastoral Carcerária da cidade.
Os terços de São Francisco, réplicas do modelo usado na veste do religioso italiano considerado santo pela Igreja Católica, são montados pelos presos manualmente sem o uso de ferramentas, que não é permitido dentro das celas. “Há muito tempo ficava imaginando qual atividade poderia ser realizada por presos do regime fechado no Presídio de Ouro Preto. O foco não é somente fazer terços, trata-se de um trabalho em local sombrio que precisa de luz, de alento, e essas pessoas precisam acreditar em algo. Por isso, a participação da pastoral vem a ser imprescindível”, disse a magistrada.
“Quando a juíza plantou a semente, joguei a água porque sabia que ia dar frutos.” É com esse entusiasmo que o diretor do Presídio de Ouro Preto, Gelcimar de Oliveira Neves, fala do projeto Franciscos. Já são quase 60, dos 240 detentos, envolvidos com a produção dos terços. Segundo ele, é importante os presos terem algum tipo de incentivo para melhorar o comportamento e as relações dentro do presídio, o que contribui para o crescimento pessoal de cada um.
A servidora aposentada Aurea, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), é tesoureira do Programa de Liberdade e Assistência ao Encarcerado (Prolae), que deu início ao projeto junto com a Pastoral Carcerária. Ela foi até a cidade de São Paulo para comprar os materiais usados na produção dos terços, o que foi possível graças a uma doação recebida. Ela explicou que o dinheiro da venda dos terços será revertido para comprar mais materiais, já que o objetivo é envolver todos os presos do regime fechado. “É emocionante ver a alegria nos olhos dos presos. Os que aprenderam com as pessoas da pastoral são multiplicadores do ofício”, conta Áurea.
Os detentos recebem os kits para a produção dos terços, com 59 contas, uma cruz de madeira, um entremeio com a imagem de são Francisco e o barbante já cortado no tamanho exato.
A Paróquia do Pilar está vendendo os terços a R$ 10, e o responsável pela Igreja de São Franciso, Cônego Luiz Carneiro, já autorizou a venda na sua igreja.
“O projeto Franciscos é lindo porque, além de os detentos aprenderem a confeccionar os terços, eles estão mais próximos da oração! Eu creio na força da oração; ninguém é obrigado a fazer, mas cada terço construído representa evangelização”, disse a criadora e entusiasta do projeto, a juíza Lúcia.
Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto
Um dos monumentos católicos mais visitados de Ouro Preto, a Igreja de São Francisco de Assis foi construída em estilo barroco, com elementos do rococó. Aleijadinho foi o artista responsável pelo trabalho da fachada e da decoração em relevo e talha dourada, tendo trabalhado com a colaboração de outros artistas. O teto da nave, o dourado do altar-mor e a pintura de outros painéis são obras do Mestre Ataíde, o maior nome da pintura colonial brasileira. Pela sua relevância artística, a Igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Assessoria de Comunicação Institucional – Ascom
Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG
(31) 3306-3920
imprensa@tjmg.jus.br
facebook.com/TJMGoficial/
twitter.com/tjmgoficial
flickr.com/tjmg_oficial