Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Live debate fator hereditário na redução do câncer

Médica geneticista falou sobre o tema em ação educacional da Ejef


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A atividade foi realizada nesta quinta-feira (26/5); a mesa virtual contou com a participação de magistrados do TJMG (Crédito: Cecília Pederzoli)

A Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef) realizou, nesta quinta-feira (26/5), mais uma edição do Ciclo Mulheres que Inspiram Pessoas e que Superam os Desafios da Atualidade. O tema discutido foi “O fator hereditário como aliado para redução de risco de câncer. Um ponto de vista do trabalho do médico geneticista e do impacto das pesquisas atuais para evolução da assistência às famílias”. A live foi transmitida ao vivo pelo YouTube.

A exposição ficou a cargo da médica geneticista Anisse Marques Chami Ferraz, que é assessora científica no Instituto Grupo Hermes Pardini AS, da capital mineira. A juíza Dênia Francisca Corgosinho Taborda, do Centro Judiciário de Solução de Conflitos de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da Comarca de Belo Horizonte, atuou como mediadora. Os trabalhos foram abertos pela desembargadora Heloísa Combat.

A ação educacional teve como público-alvo magistrados, assessores, assistentes de gabinete, servidores, estagiários e colaboradores do TJMG e público externo. A expectativa é que a capacitação contribua para que os participantes sejam capazes de reconhecer, por meio de relatos e reflexões, o papel da mulher no enfrentamento dos desafios da atualidade, ao conciliar carreira e vida pessoal em um contexto de ética social e sustentabilidade nas dimensões econômica, social e antropológico-cultural.

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A live foi aberta pela desembargadora Heloísa Combat, que apresentou a palestrante e foi a mediadora dos trabalhos (Crédito: Cecília Pederzoli)

Abordagem multidisciplinar

A médica Anisse Ferraz falou de sua experiência profissional, tendo em vista seus estudos acadêmicos e a prática clínica. “O tema da palestra parece muito especializado, mas gostaria de torná-lo acessível ao público de forma geral, para que tenhamos esse tipo de conhecimento e possamos trazê-lo para nossa vida e nossa saúde, de uma forma preventiva, considerando o câncer como uma doença muito prevalente na população em geral”, disse.

A palestrante explicou inicialmente sobre a atuação do médico geneticista. “É pequeno o grupo de médicos nessa especialidade: são apenas 332 especialistas, no nosso país, e 63% deles são mulheres. A área de atuação envolve os estudos, a abordagem clínica e a assistência aos pacientes com doenças em um contexto hereditário — como más-formações genéticas, erros inatos do metabolismo, oncogenética e neurogenética”, afirmou.

De acordo com a médica, na prática clínica, a oncogenética é uma avaliação de risco para câncer hereditário. Trata-se de uma prática multidisciplinar que visa a reconhecer qual tipo de câncer teria um padrão hereditário, pois esses pacientes têm risco diferente do risco populacional. Se há uma estimativa para câncer de mama, por exemplo, indicando que, de cada 100 mulheres, de 10 a 12 teriam a doença, quando se trata de uma mulher com fator hereditário, o risco é maior para desenvolver esse câncer ao longo da vida.

“Essa mulher com maior risco poderia sair do rastreamento populacional e seguir uma abordagem para reduzir esse risco, que envolve discussões sobre estilo de vida, rastreamento de tumores, tratamentos específicos, discussões sobre cirurgia profilática, questões reprodutivas e estudos sobre o risco de recorrência desse fator hereditário no âmbito da família. A abordagem é ampla e complexa, dentro de uma avaliação multidisciplinar”, pontuou.

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A médica geneticista Anisse Marques Chami Ferraz foi a palestrante desta edição do Ciclo Mulheres que Inspiram Pessoas (Crédito: Cecília Pederzoli)

Alta prevalência

Segundo a palestrante, o aconselhamento genético faz parte dessa abordagem e é um ponto-chave na prática do médico geneticista, que se baseia em um processo de comunicação que lida com problemas humanos associados à ocorrência ou ao risco de recorrência de uma doença genética. Envolve ainda a tentativa de pessoas treinadas para a avaliar esse processo, a fim de ajudar o indivíduo ou a família, dentro do contexto de uma doença.

“E por que o câncer? Porque essa é uma doença muito comum na população como um todo”, afirmou. A médica mostrou então um cenário atual do câncer, no mundo, e indicou quais os tipos mais comuns: mama, pulmão, colorretal e próstata. “A prevalência deles, na população em geral, é realmente muito expressiva. E, se nós considerarmos a população feminina, o câncer de mama representa quase um quarto de todos dos tipos que atingem as mulheres”, disse.

A médica mostrou ainda dados indicando que, no que concerne à morte de mulheres na faixa etária de 30 a 70 anos, as neoplasias ou tumores têm incidência significativa, competindo com doenças do aparelho circulatório. “Por faixa etária, precisamos ter um foco voltado para situações que são preveníveis: o câncer pode ser detectado precocemente, pode haver medidas preventivas que estão direcionadas basicamente para hábitos de vida, medidas de prevenção populacionais, como vacinação, por exemplo — lembrando o HPV, que causa o câncer de colo uterino —, e rastreamento de lesões”, frisou.

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Como mediadora, atuou a juíza Dênia Francisca Corgosinho Taborda (Crédito: Cecília Pederzoli)

Medidas de prevenção

A médica listou algumas medidas de prevenção: alimentar-se bem, manter-se ativa, ficar longe do tabaco, prevenir-se contra câncer de colo uterino, ter uma atenção em relação ao próprio histórico familiar e fazer exames de rastreamento. “A Sociedade Brasileira de Mastologia e consensos mundiais recomendam, por exemplo, que a mamografia seja feita anualmente a partir dos 40 anos. Lembrando que o câncer de mama, assim como outros tipos de câncer, tem um contexto multifatorial: idade, consumo de álcool, histórico prévio de câncer, histórico reprodutivo e obesidade são fatores consagrados de risco”, enumerou.

Ela ressaltou, contudo, que existe uma parcela de casos de câncer voltada a fatores genéticos familiares, que são muitas vezes reconhecíveis: 10% de todos os casos estão associados a variantes genéticas, a mutações genéticas patogênicas em genes ou em regiões do DNA, que conferem muitas vezes um risco alto ou moderado para câncer. “No caso do câncer de mama, por exemplo, esse aumento do risco extrapola quatro vezes o risco populacional”, disse.

Entre outros pontos, a palestrante explicou sobre sistema hereditário; câncer hereditário; mostrou dados sobre o percentual de câncer hereditário; apresentou uma linha do tempo dos eventos importantes sobre descobertas e identificação de genes de predisposição em câncer de mama e ovários; explicou como é o trabalho feito pelo médico geneticista, na abordagem para pacientes com câncer de mama hereditário ou risco para essa doença; falou sobre o que é o teste genético e quem deve fazer o procedimento; discorreu sobre o que são painéis genéticos; falou de pesquisas sobre o tema, incluindo estudos no Brasil; e indicou a incidência de casos de câncer de mama no Brasil e a mortalidade por esse tipo de câncer.

Importância do autocuidado

A juíza Dênia Francisca Corgosinho Taborda disse que o tema é difícil para os leigos, mas bastante instigante. Ela agradeceu à Ejef pela oportunidade de atuar como mediadora na ação educacional, e elogiou a qualidade da palestra apresentada pela médica geneticista Anisse Marques Chami Ferraz. “O cuidado com a mulher tem de ser especial. Há questões muito específicas relativas à nossa vida, doenças relacionadas ao fato se sermos mulheres, e, no nosso dia a dia, atualmente, temos nos descuidado bastante. Cuidamos dos outros, mas estamos descuidando de nós”, disse.

A magistrada enalteceu o fato de a escola judicial ter trazido esse “cuidado” para as mulheres, alertando-as sobre a importância de elas cuidarem de si mesmas e da própria saúde. Em seguida, iniciou-se a fase de perguntas dirigidas à palestrante. No encerramento, a desembargadora Heloísa Combat também ressaltou a importância do tema, principalmente diante de um contexto em que as mulheres, muitas vezes, têm jornadas duplas e triplas de trabalho e não cuidam da própria saúde.

Mesa virtual

A mesa virtual da live foi composta pela desembargadora Heloísa Combat; pelo presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), juiz Luiz Carlos Rezende e Santos; pelas juízas Dênia Francisca Corgosinho Taborda, Aldina de Carvalho Soares, Maria Luiza Santana Assunção e Edinamar Aparecida da Silva Costa; e pela médica Anisse Ferraz.

Confira a íntegra desta ação no canal da Ejef/TJMG no YouTube.

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