Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Cineclube TJ inova com sessão virtual

Foro Íntimo, filme de estreia da modalidade em casa, mobilizou internautas


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Em novo formato, Cineclube inaugura fase em casa com filme rodado no Fórum de Belo Horizonte

Nunca foi tão pertinente exibir uma obra que fala de confinamento e da separação entre público e privado como agora, após meses de restrições à livre movimentação em decorrência do risco de contágio pelo novo coronavírus. Eis uma razão — que aliás não é a única — para confirmar o cuidado com que foi preparada a primeira edição do Cineclube TJ em casa, com transmissão do filme pelo YouTube, nesta quinta-feira (24/9).

Em menor escala, o cidadão comum experimentou, em uma crise sanitária inédita no século XXI, o que os encarcerados padecem dia após dia. E Foro Íntimo (2017), do cineasta Ricardo Mehedff, fala de algo semelhante (embora vivenciado por quem em geral aplica a pena), num ambiente familiar a muitos belo-horizontinos: o Fórum Lafayette, no Barro Preto, na capital mineira.

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O desembargador Matheus Chaves Jardim, coordenador do Cineclube TJ, falou sobre a adequação das atividades ao momento

O desembargador Matheus Chaves Jardim, coordenador do projeto, recepcionou o público. “A fim de garantir a segurança de seus frequentadores, o Cineclube TJ se adequou aos novos tempos de isolamento social e foi criado o Cineclube TJ em casa, que exibirá filmes nacionais da melhor qualidade, mantendo o formato interativo.” 

Sem a fruição coletiva e o deslocamento espacial como preparativos para o contato com o filme, muito se perde. Por isso, o TJMG se preocupou em trazer uma boa dose de calor humano para a experiência. Após a exibição, o diretor participou de um bate-papo com espectadores, em um chat aberto. A conversa foi mediada pela jornalista e produtora Maristela Bretas, criadora do blog Cinema no Escurinho, parceiro do Cineclube TJ em Casa.

Debate

Na conversa com a audiência, surgiram questões técnicas, como o equipamento utilizado, opções estéticas, atividades pregressas de Mehedff, a linguagem e os recursos utilizados para construir a obra, referências cinematográficas, o recrutamento do elenco, laboratórios dos atores e a articulação com o diretor do foro de Belo Horizonte à época, juiz Cássio Azevedo Fontenelle, para propor o projeto, pronta e entusiasticamente acolhido.

Quando do lançamento do filme, o então juiz diretor do foro de Belo Horizonte, Marcelo Fioravante, organizou uma pré-estreia no Salão do 1º Tribunal do Júri, para toda a comunidade do TJMG. 

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Diretor respondeu a perguntas e conversou com os internautas

O realizador explicou que pensou o filme, desde o princípio, em preto e branco, como forma de conferir a ele um clima noir, próprio ao suspense que se cria na narrativa, e também uma dose de atemporalidade. Ele conta que, ao longo do processo, se deu conta de que a situação de ameaça pairava sobre muitos magistrados brasileiros, com os quais ele colheu informações e cujas vidas ele pesquisou na elaboração da trama.

Mehedff diz que tentou fazer com que a edificação (inicialmente, apenas um cenário) fosse ganhando contornos de personagem, porque interage com o protagonista instaurando uma sensação de claustrofobia, solidão, monotonia e opressão. O cineasta contou também que, na ocasião da filmagem, toda a equipe do Judiciário estadual mineiro foi receptiva, generosa e fundamental para o sucesso da proposta.

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A jornalista Maristela Bretas apresentou o realizador e mediou o debate

De acordo com o diretor, o filme permitiu que ele percorresse o mundo, apresentando-o em diversos contextos, falando sobre o nosso sistema jurídico e recebendo o reconhecimento das plateias. Ele se disse surpreso com a atualidade da discussão sobre a reação de seres humanos a pressões, isolamentos, riscos e tédio, que, durante a pandemia, afetam, igualmente, as pessoas do ponto de vista psicológico.

Ficha técnica

Rodada em preto e branco durante os 16 dias de recesso forense, na passagem de 2015 para 2016, a obra, estrelada por Gustavo Werneck, conta a história de um juiz que, sob escolta policial, passa a esconder-se, em seu próprio gabinete, para escapar a ameaças de criminosos, réus de processos sob sua responsabilidade.

Produção da VFilmes, em coprodução da Hungry Man, o filme já participou de festivais em países como Estados Unidos, Argentina, Índia, Portugal, Suécia e Irã. No 25º Indie Fest Film Awards, foi escolhido como melhor longa internacional de ficção, uma das dez premiações com que foi agraciado.

Frame do filme Foro Íntimo
Rodado em tempo recorde, o filme teve pré-estreia em 2017, no Salão do 1º Tribunal do Júri

A obra conta com direção de fotografia de Dudu Miranda, que assinou, entre outros, Tim Maia (2014), Tainá 3 (2012), O bem-amado (2010), Lixo Extraordinário (2010) e Olhar Estrangeiro (2006). A trilha sonora ficou a cargo de Artur e Alexandre Andrés.

O diretor Ricardo Mehedff, que também atua como montador, roteirista e produtor, é pós-graduado em Cinema pela George Washington University. Seus filmes foram selecionados para mais de 100 festivais, incluindo alguns dos principais eventos mundiais. Além de Foro Íntimo, o primeiro longa, tem quatro curtas-metragens: Um (2008), Capital Circulante (2004), Noite Aberta (2003) e Um Branco Súbito (2002).

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Obra cinematográfica explora as linhas angulosas do Fórum de BH, projetado pelo engenheiro e arquiteto Raphael Hardy Filho (imagem sem autor e data)

Cineclube TJ

O Cineclube TJ apresenta, mensalmente, grandes obras do cinema, seguidas de comentários com especialistas. O objetivo da iniciativa é integrar servidores, magistrados e o público externo do Tribunal mineiro, estimular reflexões sobre temas universais e incentivar a apreciação da sétima arte. As sessões normalmente acontecem na última quinta-feira de cada mês.

Promovendo cultura, informação e entretenimento, o programa foi criado em 2003 e já exibiu cerca de 100 obras. O Cineclube TJ foi interrompido em 2010, com a morte de seu idealizador, sendo retomado em 2014, quando foi rebatizado Cineclube Desembargador Sérgio Braga, em homenagem ao iniciador da empreitada.

 

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