Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Campanha de adoção: conheça a história de Beatriz

Os pais adotivos elogiaram a atuação da Vara da Infância e da Juventude de BH por sua sensibilidade


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“Sempre tivemos o desejo de ter filhos.” Assim o professor Mauro Abreu começa a contar a história da adoção da filha Beatriz. “Como não foi possível pelos meios naturais, procuramos a Vara Cível da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, em janeiro de 2012”, continua. “Conhecemos a Bia no dia 23 de outubro. Foram pouco mais de nove meses desde a entrada da documentação na Justiça”, lembra a professora Maria Auxiliadora Martins, mãe da menina.

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Bia adora ganhar beijos simultâneos

Eles contam que se informaram pelo Portal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) sobre a documentação necessária, se inscreveram e foram agendados para o curso de orientação para pessoas interessadas em adotar, ministrado pelos profissionais da Vara da Infância e da Juventude. Em abril o casal participou do curso, uma etapa obrigatória no processo de adoção, e posteriormente passou por várias entrevistas com psicólogos e assistentes sociais. As entrevistas são realizadas com os interessados, com cada um separadamente se trata de mais de uma pessoa e os profissionais ainda visitam a casa dos pretendentes para fundamentar o estudo psicossocial, documento que torna um adulto apto a adotar uma criança. O casal foi habilitado no início de setembro e, optando por um perfil mais aberto – criança de até três anos, de qualquer raça, de ambos os sexos e sem doença preexistente que pudesse incapacitá-la –, a espera foi de pouco mais de um mês.

 

Família de primeira viagem

 

“Um dia eu estava no trabalho e meu celular tocou. Era a Letícia Souza, psicóloga do TJ que tinha feito a nossa avaliação. Ela disse que havia identificado uma criança parecida com o perfil que queríamos, com um pouco mais de idade. A Beatriz tinha quatro anos e quatro meses. A técnica pediu para a gente pensar com calma e depois ligar para ela”, disse Mauro.

 

O casal foi conhecer Beatriz, que estava abrigada havia um ano. Eles lembram que o abrigo não era um lugar agradável do ponto de vista humano e que foram trancados numa sala com a menina, que, na prática, se viu obrigada a conviver com os futuros pais. “Beatriz ficava supernervosa e não aceitava sair do abrigo conosco. Foi uma época muito difícil”, lembra o pai.

 

Ao contrário da percepção que tiveram do atendimento no abrigo, o casal só tem elogios para a equipe da Vara Cível da Infância e da Juventude de Belo Horizonte. Eles contam que tiveram todo o apoio das profissionais e receberam as orientações necessárias para lidar com a fase de adaptação, mesmo após a ida de Beatriz para casa.

 

Desafios

 

A mãe lembra que Bia era muito arredia e ficava insegura de sair do abrigo na companhia dos futuros pais, mesmo depois de vários contatos. Ela se negava a passear com eles, que deixavam a instituição frustrados. Um dia, eles enfim receberam um telefonema das cuidadoras dizendo que a menina queria vê-los novamente. Auxiliadora foi firme, disse a ela que conversaria pelo telefone, mas não voltaria lá naquele dia. Depois disso, Beatriz consentiu em sair com o casal porque o pai teve a ideia de levar junto a cachorrinha do avô ao abrigo. Nesse dia, a pequena foi para o parque perto de onde o casal morava e só aceitou entrar na casa porque estava com muita vontade de ir ao banheiro, mas foi logo avisando que não iria dormir lá. A mãe conta que ela entrou bem curiosa na casa, exigiu que a porta ficasse aberta, observou atentamente todos os ambientes e se recusou a comer, apesar da mesa preparada especialmente para ela.

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Brincar no parque com os pais é a diversão predileta de Bia

No final de novembro, Bia já aceitava passar os finais de semana na casa dos futuros pais e manifestava vontade de ficar com eles. Assim, nas férias de dezembro, os pais receberam autorização judicial para Bia ir morar na sua futura casa, o chamado estágio de convivência. Em janeiro de 2013, foi expedida a guarda provisória e, dois meses depois, Bia fez sua primeira viagem internacional acompanhando os pais em um congresso nos Estados Unidos. Passados quase dois anos da chegada de Bia na família, eles foram morar por oito meses nos Estados Unidos, onde os pais fizeram cursos para as suas carreiras de professores e pesquisadores na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

Apoio

 

Durante todo o processo de adaptação, o casal foi orientado pela psicóloga da vara cível, que, pela sua experiência, já previa a reação da criança e orientava os pais sobre como lidar com as dificuldades. Segundo Auxiliadora, Letícia avisou-lhes que, muito provavelmente, ao chegar ao seu novo lar, Bia iria passar por uma fase de regressão e teria atitudes de uma criança mais nova. A mãe lembra que não deu outra: Beatriz queria mamadeira e pediu para comprar um carrinho de bebê. “Eu preciso nascer”, dizia a pequena. Então, Bia entrava debaixo da blusa da mãe, o pai gentilmente fazia o parto e ela era acolhida nos braços deles.

 

Quando a menina pergunta “Mamãe, você me ama?”, Auxiliadora responde que a ama muito, que faria tudo de novo e que, se tivesse de viver mil vidas, ela seria sua mãe em todas elas. Com Mauro, Bia repete a paixão tão comum das filhas pelos seus pais, tem até o sonho de se casar com ele. Ele mostra à menina as fotos do casamento e diz: “Eu já me casei com sua mãe, sou seu pai”.

 

Auxiliadora  afirma que são muitos os desafios e que cuida para que a relação com a filha seja repleta de amor e acolhimento. Contra a influência de experiências negativas que ela vivenciou quando pequenina, a mãe sustenta que os braços são para afagar; diante de uma dificuldade para aceitar um não, pede-lhe que vá para o quarto se acalmar e volte depois para elas conversarem calmamente. Como em todo processo educativo, nem tudo são flores, e os pais estão dispostos a aparar os espinhos. Bia tem personalidade forte, já visitou vários países com os pais, vai bem na escola e é muito paparicada pelos avós por ser a única neta.

 

O casal se sente tão feliz e realizado com Beatriz que já começou um novo processo de adoção. Novamente no mês de janeiro, de 2017, eles deram entrada na documentação para adotar um bebê. Bia, agora com nove anos, está sonhando com a chegada do irmão.

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A família vai aumentar em breve

Dia Nacional da Adoção: 25 de maio

Esta data tem por objetivo promover debates sobre um dos princípios mais importantes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): o direito da convivência familiar e comunitária com dignidade.

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