Uma das três pessoas acusadas de participar da morte da estudante universitária Larissa Gonçalves de Souza, na cidade de Extrema, Sul de Minas, em outubro de 2015, foi condenada na última terça-feira, 22 de maio, a 14 anos de reclusão, em regime inicial fechado. O julgamento aconteceu no Tribunal do Júri de Cambuí, sob a Presidência da juíza Patrícia Vialli Nicolini, da 1ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da comarca.
O julgamento da técnica de enfermagem Rosiane Rosa da Silva, acusada de participar do sequestro e da morte da estudante, aconteceria em 5 de dezembro de 2017, mas foi desmembrado, em função de atestado médico apresentado pelo advogado da ré, no primeiro dia do julgamento. Naquela data, dois outros acusados pelo crime foram condenados, cada um, a 17 anos e três meses de detenção.
No júri desta semana, o Conselho de Sentença, composto por quatro homens e três mulheres, considerou a técnica de enfermagem culpada por homicídio com duas qualificadoras – motivo fútil e emboscada. A juíza Patrícia Nicolini fixou a pena base em 12 anos de prisão, acrescentando dois anos, em função da circunstância agravante da emboscada. Assim, a pena final foi fixada em 14 anos de reclusão. Não foi concedido à ré o direito de recorrer em liberdade.
Ao dosar a pena, a magistrada destacou, entre outros aspectos, a culpabilidade acentuada da ré, “em virtude de ter excedido os limites dos desígnios inerentes ao crime, tendo em vista que anuiu participar da morte de uma pessoa a qual não conhecia, fazendo-o para atender os propósitos nefastos de um amigo que tinha intenções reprováveis em face da vítima”, e as consequências graves, já que “a vítima teve a vida ceifada” precocemente, cursava Biomedicina na época dos fatos e teve sua carreira interrompida, “o que causou aos familiares um sofrimento imensurável”.
A denúncia
A pedido da defesa, o TJMG transferiu, de Extrema para Cambuí, a sessão de julgamento de todos os três acusados, a fim de garantir a segurança e evitar o clima de comoção na cidade onde o crime ocorreu.
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), a estudante foi assassinada em 23 de outubro de 2015, aos 21 anos, no Bairro Ponte Nova, em Extrema. A jovem teria sido sequestrada na rodoviária da cidade pelos três réus – José Roberto dos Santos Freire, Valdeir Bispo dos Santos e Rosiane Rosa da Silva –, tendo sido, em seguida levada para a casa do comerciante, onde foi morta.
Ainda segundo a denúncia do MP, o corpo foi posteriormente envolto em uma sacola plástica e levado a uma área de mata da cidade, onde foi jogado em uma ribanceira. A vítima foi encontrada amarrada pelos punhos e tornozelos e teve a cabeça envolta em fita adesiva. A morte teria ocorrido por asfixia, mas a jovem apresentava fraturas no punho, no osso hioide e no maxilar, provocadas por golpes de peso de academia.
Narra ainda a denúncia que o comerciante planejou a morte de Larissa por ter interesse no namorado dela; o outro acusado, por sua vez, foi motivado a assassinar a jovem para receber R$ 1.000; e a técnica de enfermagem, apenas porque o comerciante pediu a ajuda dela no crime.
Condenação de outros réus
O júri dos dois outros acusados aconteceu em 5 de dezembro de 2017. Cada um recebeu a pena de 17 anos e três meses de detenção, em regime inicialmente fechado. O comerciante José Roberto dos Santos Freire e o garoto de programa Valdeir Bispo dos Santos foram condenados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver.
Durante o júri dos dois réus, os jurados reconheceram a tese de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e utilização de meio cruel. Valdeir ainda respondeu pelo crime de estupro de vulnerável, mas o Conselho de Sentença o inocentou dessa acusação. O comerciante José Roberto foi acusado de planejar o homicídio motivado por inveja e ciúme pelo namoro da vítima com um modelo da cidade.
Confira aqui matéria sobre o júri dos dois outros acusados.
Acompanhe a movimentação processual, com a íntegra da sentença.
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