Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

TJMG e Feneis comemoram dia Nacional dos Surdos

Blitz informativa e palestra marcaram a data no TJMG


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O Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG, e a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – Feneis, realizaram, na tarde de hoje, um evento em comemoração ao Dia Nacional do Surdo.

 

O evento, de caráter comemorativo e informativo, está inserido no Setembro Azul, que é o mês mundialmente dedicado à conscientização sobre a cultura e identidade surda, e foi realizado no auditório da unidade Raja Gabáglia, onde estão lotados 27 dos 81 prestadores de serviço da Feneis no TJMG.

 

Estiveram presentes no evento o diretor do foro da comarca de Belo Horizonte, juiz de direito Christyano Lucas Generoso; o diretor voluntário da Feneis, Marcos Antônio de Souza Junior; as representantes da Coordenação de Controle e Prestação de Serviços Gerais do TJMG, Isabel Giovanini e Cristina Duque; o gerente de controle de bens e serviços do Fórum Lafayette, Israel Tomaz Ferreira, e a coordenadora intérprete da Feneis, Fernanda Moreira de Almeida.

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Juiz diretor do Foro Christyano Generoso: buscar igualar oportunidades para que todos tenham uma vida plena

 

Na abertura do evento, o diretor do foro, Christyano Generoso, falou da satisfação em participar da comemoração conjunta com a Feneis, destacando que a participação do TJMG é um reconhecimento pelos bons serviços prestados ao Judiciário e, mais ainda, aos jurisdicionados. Ele observou que os surdos prestam um serviço com excelência e presteza, e têm contribuído muito para o trabalho diário das secretarias.
 

Observou, porém, que ainda há um desafio a superar: a visibilidade dos deficientes enquanto cidadãos com os mesmos direitos, o que muitos vezes não acontece. Ele espera que, a cada ano que se comemore o dia dos surdos e a participação deles no Judiciário, seja possível comemorar também mais vitórias e conquista de oportunidades, que devem ser iguais para todos em uma democracia.


O diretor voluntário, Marco Antônio de Souza Júnior, auxiliado pelo intérprete de LibrasThiago Macedo, comemorou a parceria com o TJMG e a conquista constante de direitos, por meio de legislações que considera excelentes, mas advertiu que o País ainda precisa progredir muito na aplicação efetiva dessas legislações, citando, por exemplo, o pequeno alcance da lei de inclusão, que ainda não garante a acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva a todos os bens culturais, como cinema e teatro; ou mesmo a falta de profissionais e servidores capacitados a utilizarem a Língua Brasileira de Sinais.

 

O grande número de elogios registrado nos relatórios de fiscalização foi lembrado pela representante da Coordenação de Controle da Prestação de Serviços Gerais do TJMG, Isabel Giovanini. Ela informou que há atualmente 89 prestadores de serviços com deficiência auditiva da Feneis prestando serviço na capital (52 servidores) e em Uberlândia (27 servidores), e que eles representam um diferencial dentre os servidores terceirizados, razão pela qual deseja que seja cada vez mais efetiva a inclusão deles e contínua a melhoria do desenvolvimento dos surdos, não só no aspecto profissional, mas também em outros.


 

A escrivã Silvia Maria Mota Cunha Dias, gerente da 6ª Vara de Fazenda Estadual, lembra que sua equipe é composta de deficientes desde que a primeira turma deles começou a prestar serviço no fórum. Ela já teve outros dois profissionais antes na secretaria e observa que a interação com esses servidores e o nível de aproveitamento estão diretamente ligados ao grau de deficiência e ao nível de adaptação pessoal de cada um deles. Em geral, porém, eles são muito concentrados e prestam excelente serviço, lamentando que eles não possam operar o sistema PJe.

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Lucas Del Papa Roque não sentiu dificuldades em se adaptar às funções exercidas no TJMG

Lucas Del Papa Roque, atual servidor na 6ª Vara de Fazenda, explica que sua deficiência é parcial, apenas do ouvido direito, consequência de uma cirurgia que fez na cabeça há 13 anos. Ele é empregado pela Feneis desde os 19 anos e já trabalhou na polícia civil. Quando veio para o Tribunal de Justiça, lembra que foi bem recebido, e a adaptação foi tranquila, elogiando a infraestrutura que a instituição oferece.

 

Campanha de conscientização e interação entre surdos e ouvintes


Antes do encerramento do evento, a coordenadora intérprete, Fernanda Almeida, exibiu dois vídeos lançados neste mês, com o objetivo de conscientizar a sociedade quanto aos preconceitos e a necessidade de inclusão das pessoas com deficiência, em especial, os surdos.

Veja os vídeos de conscientização do Setembro Azul:


A servidora concursada, Valéria Toledo Couto Carvalho, esteve presente ao evento e se emocionou muito com os vídeos. Ela conta que a mãe também tem perda auditiva, e que a surdez acomete a todos seus irmãos e outros parentes. Há anos ela vem perdendo a audição e hoje precisa usar aparelho para amplificar acima dos 30% dos sons  que ouve à sua volta. O problema, segundo ela, é que o aparelho capta e amplifica também todos os ruídos, sem separar distâncias ou espacialidade.

 

Por conta da baixa audição ou do excesso de ruídos quando o aparelho está ligado, já passou por situações de estresse e constrangimento, que lhe causaram depressão, de que agora está tratando.

 

Ela lembra antes de prestar concurso para o TJ, ficou um tempo longe do mercado formal de trabalho, devido a situações assim, como  em um dos lugares onde trabalhou. Algumas vezes foi repreendida por ter pedido a algum interlocutor que repetisse algo que não ouviu, ou por ter entendido mal uma palavra, felizmente, situações assim nunca ocorreram no TJMG.

 

Como ela ouve parcialmente e consegue se comunicar bem,  sua deficiência não é muito perceptivel pelas pessoas, mas ela se incomoda ao ver como é o tratamento aos outros surdos, por vezes até isolados, como um grupo a parte da sociedade. O pior dos inconvenientes é a falta de empatia das pessoas. Nesses momentos, segundo ela, chega a refletir que “talvez, os deficientes não são os surdos, mas os ouvintes”.

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Servidora efetiva, Valéria Toledo se emocionou ao ver citados em video preconceitos sofridos pelos surdos

 

A coordenadora Fernanda Almeida, que é CODA - Child of deaf adults (sigla internacional que identifica os filhos ouvintes de pai e mãe surdos), lembra que foi alfabetizada primeiro em Libras, linguagem por meio da qual teve contato com os pais, e que só aos três anos teve contato com a linguagem oral.

Essa convivência com os pais e com a comunidade dos surdos, desde sempre, a tornou sensível às questões que envolvem esses deficientes e vem direcionando sua formação acadêmica. Formada em Libras e agora cursando fonoaudiologia, ela destaca que esse contato estreito com a comunidade dos surdos e a formação específica no curso de Libras, que dura em média 3 anos, a habilitaram, de maneira especial, para a interação dos surdos com os gerentes das secretarias. Muitos dos terceirizados da Feneis, ela revela, já a conheciam desde quando ela era bebê.

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Fernanda Moreira, filha de pais surdos, direcionou sua formação para a comunicação dos surdos.

 

Fernanda Moreira e mais duas coordenadoras intérpretes atuam nos dois prédios da capital e em Uberlândia, para transmitir as informações entre surdos e servidores e facilitar a compreensão das tarefas, além de atuar no controle de ponto e demais comunicações administrativas com esses profissionais.

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Uma das 3 intérpretes da Feneis no TJMG, Fernanda Moreira defende que a Libras seja ensinada nas instituições públicas

 

Embora ela ainda busque aperfeiçoar sua capacidade de intermediar o contato entre surdos e ouvintes, sobretudo no TJMG, ela sonha com o dia em que não seja mais necessário um intérprete nas instituições. Para isso, a capacitação de servidores para utilização da Libras poderia ser oferecida por instituições como o TJMG, como formação complementar para gerentes, servidores efetivos e terceirizados.

 

 

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