Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Joel Dutra fala sobre comportamentos e gestão de pessoas

Estudioso defende que dialogar sobre o futuro aumenta potencialidades e ajuda no desenvolvimento de equipes


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Certamente podemos dizer que a viagem do homem à Lua nasceu de um sonho. Frases de alguns astronautas dão conta de que essa conquista também o foi. Como o sonho pode estar presente nas organizações públicas e de que forma pode ajudar no desenvolvimento de equipes foi um dos enfoques dado pelo professor Joel Dutra para explicar o processo gestão de pessoas em sua palestra “Modelo de Gestão por Competências”, em 5 de dezembro para gestores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

 


Para tanto, o docente da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo confrontou os conceitos de feedback e feedforward. Segundo ele, ambos têm foco no diálogo, ferramenta essencial no desenvolvimento de profissionais e equipes. Mas, enquanto feedback significa dar um retorno mencionando situações passadas, o feedforward tem como pilar o futuro, ou seja, consiste em dar orientações profissionais visando aumentar as potencialidades do indivíduo em seu local de trabalho.

 


“No feedforward, o gestor assume postura de orientador. Ele reflete sobre os desafios das pessoas e suas relações com a organização e ajuda o colaborador nessa reflexão”, comentou. Segundo ele, o sonho é capaz de resgatar as pessoas desmotivadas, que foram cerceadas em seu desenvolvimento, e ajudá-las a se reerguer e encontrar outro sentido com a organização. “O olhar para o futuro tem essa mágica, poder sonhar”, comentou.

 


Desafio


“O que nos mobiliza é o desafio.” Essa foi uma ideia que o pesquisador delineou na reflexão. Para atuar como gestor, lembrou que há necessidade de competência e citou uma das definições do adjetivo derivado dessa palavra: “A pessoa competente não é a que tem capacidade, mas a que mobiliza a sua capacidade para atender a uma demanda do contexto”. Ele complementa: “a pessoa se desenvolve à medida que vai enfrentando mais complexidades; à medida que enfrenta mais complexidades tem que perceber o contexto de uma forma mais intensa; e, ao perceber o contexto, melhora a sua contribuição”. Para ele, as pessoas buscam por mais complexidade em sua vida, esse é um processo natural. Ao mesmo tempo, quanto mais alguém amplia sua visão de contexto, mais pode enfrentar situações complexas. Segundo ele, quando a pessoa é desafiada, sai da zona de conforto e busca compreender melhor o contexto.

 


De acordo com o 2º vice-presidente e superintendente da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef), desembargador Wagner Wilson, essa é uma das propostas do ciclo de palestras, baseado no modelo gestão por competências do TJMG. “As palestras integram um conjunto de autoconhecimento, se preparar para interagir com colegas de trabalho. Tudo com o objetivo de melhorar a atuação dos gestores, magistrados e servidores. No momento em que ele se conhece melhor, entrega uma prestação jurisdicional com mais efetividade”, afirmou.

 


O palestrante reforça que cada vez mais é necessário pensar em qual contribuição se quer obter. “Mesmo que uma pessoa tenha capacidade e vontade de contribuir, se ela não compreende a demanda, vai dar resposta incompleta ou incorreta. É importante que, além de cumprir metas, ela entenda o impacto do trabalho dela no trabalho do outro, o que se chama de visão sistêmica”.
 

 

Conquistas e outros desafios


Para o palestrante, quando a pessoa amplia a percepção de contexto, ela não só a amplia no ambiente de trabalho, ela amplia todas as percepções na sua vida. “Então, ao se tornar melhor profissional, ela se torna melhor pessoa, melhor cidadã. E esse é o ponto de convergência entre a organização e as pessoas”, defende.

 


Para a juíza auxiliar da 2ª Vice-Presidência, Lisandre Borges Fiqueira, a tarefa de gerir pessoas não é fácil. “As pessoas deixam de ser gestoras de si mesmas e passam a ser gestoras de outras pessoas, como os coordenadores. Outras passam a ser gestoras de gestores, como os gerentes e diretores. O gestor é aquele que precisa ver do que a equipe precisa.”

 


A juíza convocada para o Tribunal Lílian Maciel concorda. “A palestra nos auxilia para verificarmos como é importante a figura do líder, a formação dele como gestor e como este pode envolver o grupo, buscando melhores resultados da equipe”. Ela fala da necessidade de visão de gestão em todos os sentidos no trabalho. “Nós, juízes – eu tenho 20 anos de magistratura – não temos essa formação. Vamos tentando adquirir isso ao longo do tempo e é muito interessante termos essa formação na área administrativa porque o juiz não é um juiz que só julga. É um juiz gestor e, portanto, tem que ter a devida formação nesse sentido.”

 


Apoio e dores do gestor


O palestrante abordou ainda assuntos como avaliação, que permite ao gestor tomar decisões sobre as pessoas e ajudá-las em sua trajetória profissional; as etapas pelas quais os indivíduos passam ao se tornar gestores, e como essa mudança é difícil, pois carrega uma transição de identidade. "Uma série de coisas que você fazia bem antes podem não ser exigidas nessa nova carreira, o que pode provocar sensação de incompetência", explicou. Além de ser uma situação nova, entrar na área administrativa pressupõe ser expropriado daquilo que se gosta de fazer. “Você vai gerenciar pessoas que fazem aquilo que você adora fazer”, definiu.

 


Relação com trabalho e gerações


Dutra fez, ainda, uma retrospectiva do comportamento das pessoas em relação às organizações. Antes de 2009, as pessoas diziam querer trabalhar em uma empresa onde se aprende e onde se desenvolve. Hoje, declaram desejar estar onde se sentem satisfeitas. Citando as gerações falou sobre cada uma delas, baby boomers, geração x, geração y e geração z ou millenium, fazendo relações entre elas, e mencionou ainda o ciclo de carreiras e perspectivas.


Aplicação no trabalho


Para o assessor de tecnologia, Antônio Francisco Morais Rolla, a palestra foi enriquecedora. Segundo ele, foi possível perceber como a delegação de funções ajuda no desenvolvimento das pessoas, como é importante analisar o preparo destas frente aos desafios, para garantir a competência, e de que forma a ação leva a equipe ao desenvolvimento pessoal do seu conhecimento.

 


O superintendente da Ejef, desembargador Wagner Wilson, diz que a palestra é direcionada aos gestores, mas beneficia quem está na ponta do trabalho do Judiciário. “Sai ganhando o nosso público, que é o jurisdicionado, o cidadão.” Parafraseando o astronauta Neil Armstrong, pode-se dizer que este é um pequeno passo para o homem, um grande salto para o jurisdicionado.

 


Próxima palestra


A próxima palestra ocorrerá em 13 de fevereiro de 2017, com o professor Carlos Henrique Borlido Haddad. O tema será “Administração Judicial Aplicada”.

 

Assessoria de Comunicação Institucional - Ascom
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